20 de set. de 2014

Procuradoria quer condenar Renan por improbidade no caso de ex-amante

BRASIL – Corrupção
Procuradoria Federal formaliza acusação que pode condenar Renan por improbidade no caso de ex-amante
Dez anos se passaram desde que Renan teria recebido propina e falsificado documentos, para esconder a culpa, mas ainda não pode ser chamado de réu, pois não existe contra ele, formalmente, um processo judicial, o que só ocorrerá se o pedido do procurador for aceito. Renan tem motivos para acreditar que a justiça jamais será feita.

Foto: Lula Marques/Evaristo Sá/Folhapress/France Presse

O senador Renan Calheiros e a jornalista Mônica Veloso

Postado por Toinho de Passira
Fonte: Folha S.Paulo

A Procuradoria da República no Distrito Federal enviou à Justiça, no último dia 2, uma ação de improbidade administrativa contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), alegando que ele recebeu propina da construtora Mendes Júnior para pagar despesas que teve numa relação extraconjugal com Mônica Veloso, com quem tem uma filha.

De acordo com os procuradores, Renan forjou documentos para justificar que tinha recursos para pagar as despesas com a jornalista e sua filha. Ele também é acusado de ter enriquecido ilicitamente.

Na ação ainda é dito que Cláudio Gontijo, lobista da Mendes Júnior, fazia os pagamentos para Renan e que a construtora foi beneficiada por emendas parlamentares apresentadas pelo Senador.

A ação foi revelada pelo Jornal "O Estado de S.Paulo" nesta sexta-feira (19) e remonta a um caso de 2007, que levou Renan à renúncia do cargo de presidente do Senado para salvar seu mandato de senador.

Devido aos fatos Renan também é investido pelo STF através de um inquérito aberto em 2007. Pouco antes de ele tentar voltar à presidência do Senado, no ano passado, o então procurador-geral da República Roberto Gurgel chegou a apresentar denúncia contra o senador.

Ele acusava Renan pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e peculato (desvio de dinheiro público). Para justificar que tinha renda para fazer os pagamentos, Renan apresentou documentos e afirmou que tinha ganhos com a venda de gado, o problema é que o suposto comprador negou que tenha adquirido bois do senador.

Na denúncia, Gurgel disse que Renan "não possuía recursos disponíveis para custear os pagamentos feitos a Mônica Veloso no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, e que inseriu e fez inserir em documentos públicos e particulares informações diversas das que deveriam ser escritas sobre seus ganhos com atividade rural, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, sua capacidade financeira".

O STF ainda não analisou a denúncia contra Renan. Quando o fizer, e caso a aceite, ele se transformará em réu.

Procurado, Renan informou através de sua assessoria que não iria se manifestar sobre o caso. A construtora Mendes Junior, também por meio de sua assessoria, disse que desconhece a referida ação. A reportagem não conseguiu localizar Cláudio Gontijo.

Esse é um exemplo da “agilidade da justiça”, principalmente para quem tem bons, influentes e caros advogados. O senador Renan Calheiros, teria cometido os crimes há dez anos, foi descoberto há quatro. Praticamente confessou a culpabilidade ao renunciar ao cargo de Presidente do Senado Federal, para evitar ser cassado.

Petição vai, petição vem, continua presidente do Senado, sendo acusado de outros mal feitos, inclusive no escândalo do petrolhão, e não há a menor pista de quando ele possa ser condenado. Nem réu ele pode ser chamado ainda. Não é lindo?

Nenhum comentário: