25 de abr. de 2014

Argentina teria perdido US$ 6 bilhões
em exportações de carne em 4 anos

ARGENTINA - Economia
Argentina teria perdido US$ 6 bilhões
em exportações de carne em 4 anos
Por trás do desaparecimento da Argentina no ranking dos top ten de exportadores bovinos está a decisão do casal Kirchner de restringir desde 2006 as vendas de carne bovina para o exterior. Desde o início das restrições 130 frigoríficos fecharam suas portas, provocando a demissão de 206 mil pessoas, que trabalhavam. nos frigoríficos e em setores vinculados


“Boi esfolado”, óleo sobre tela do barroco holandês, Rembrandt van Rijn (1606-1669), em exposição no Museu do Louvre, Paris.

Postado por Toinho de Passira
Texto de Ariel Palacios
Fonte: Blog de Ariel Palacios - Estadão

A Argentina teria perdido US$ 6 bilhões em exportações de carne bovina nos últimos quatro anos. O anúncio foi feito pela Fundação Mediterrânea, uma das mais tradicionais instituições de estudos econômicos do país, que indicou que os motivos desta perda são a falta de um modelo exportador, a volatilidade do tipo de câmbio, além de uma política comercial externa adversa protagonizada pelo governo da presidente Cristina Kirchner.

A Fundação, em um relatório, sustentou que entre 2010 e 2013 as exportações de carne bovina Made in Argentinaforam de 130 mil toneladas em média por ano. Esse volume propiciou divisas equivalentes a US$ 1,07 bilhões por ano.

O cálculo dos economistas é que, se a Argentina não tivesse perdido diversos mercados no exterior pelas políticas de restrição às exportações do governo da presidente Cristina Kirchner, entre outros fatores, poderia ter exportado US$ 2,6 bilhões de carne bovina.

Segundo os economistas Juan Manuel Garzón e Nicolas Torre, a Argentina “perdeu o protagonismo que havia conseguido nos mercado internacionais de carne bovina e também desperdiçou o grande potencial exportador da cadeia de produção”.

Os economistas destacam que ao contrário da Argentina, o Brasil, que teve uma crise e uma desvalorização da moeda em 1999, conseguiu concatenar oito anos de crescimento das exportações de carne bovina, quase quintuplicando o volume.

FORA DO RANKING – Em 2013, pelo segundo ano consecutivo a Argentina ficou de fora do top ten do ranking dos principais exportadores mundiais de carne, produto do qual os argentinos são orgulhosos e consideram como um dos mais destacados emblemas nacionais. A Argentina, com apenas 180 mil toneladas de carne bovina exportadas, ficou no décimo-primeiro posto em exportações de carne.

Em 2009 a Argentina estava em quarto posto mundial de exportações de carne bovina, com 621 mil toneladas. Na época o México somente vendia ao exterior 51 mil toneladas. Mas, meia década mais tarde a Argentina vendeu ao exterior apenas 28,98% daquele volume. Na contra-mão, o México aumentou suas exportações, chegando ao patamar de 205 mil toneladas em 2013.

Por trás do desaparecimento da Argentina no ranking dos top ten de exportadores bovinos está a decisão do casal Kirchner de restringir desde 2006 as vendas de carne bovina para o exterior, praticamente impedindo as exportações por intermédio de um sistema de cotas e licenças internacionais.

O objetivo dessa política era redirecionar a carne para o mercado interno e provocar a queda de preços do produto, o quitute preferido no cotidiano gastronômico dos habitantes do país. Nunca antes na História econômica argentina um governo havia proibido as exportações de carne.

No entanto, as restrições para as exportações – além de provocar a perda de mercados no exterior – tiveram o efeito colateral de provocar a redução do estoque bovino argentino, que perdeu 10 milhões de cabeças. Milhares de produtores, desestimulados para continuar com essa atividade, passaram ao cultivo de soja.

Desde o início das restrições em 2006 130 frigoríficos tiveram que fechar suas portas por causa da crise no setor. Isso provocou a demissão de 16 mil trabalhadores de frigoríficos. Outras 190 mil pessoas, que trabalhavam em setores vinculados aos frigoríficos, foram atingidas indiretamente.

Um detalhe do lado direito do quadro de Rembrandt que quase sempre passa desapercebido.

INFLACIONADA - As restrições tampouco conseguiram o objetivo de diminuir o preço no mercado interno já que, segundo o Instituto de Promoção da Carne Bovina Argentina (Ipcva) entre fevereiro de 2013 e o mesmo mês deste ano os cortes de carne registraram um aumento de 33% a 51%. Os especialistas afirmam que os preços só não subiram mais porque o governo Kirchner impôs um congelamento de preços em diversas etapas desde fevereiro do ano passado.
*Alteramos titulo, acrescentamos subtítulo e legenda da publicação original

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