27 de mar. de 2014

Ex-diretor da Petrobras, preso pela Polícia Federal,
é acusado de receber propina pelo superfaturamento
da construção da refinaria pernambucana

BRASIL - Corrupção
Ex-diretor da Petrobras, preso pela Polícia Federal,
é acusado de receber propina pelo superfaturamento
da construção da refinaria pernambucana
Em despacho, da prisão preventiva, juiz acentuou que há provas de 'relação profunda' entre ex-diretor da Petrobras e doleiro, também preso. Suspeita é de desvio de recursos de obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Os dois tinham contas conjuntas no exterior

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

AMIGOS ÍNTIMOS– Na mesma foto, o ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, a atual presidenta da Petrobras, Graça Foster, a presidenta Dilma Rousseff e o diretor, Paulo Roberto Costa ( o único preso até o momento), pondo sua assinatura no macacão da presidenta, durante visita à Plataforma P-56 (Angra dos Reis, RJ, 03/06/2011

Postado por Toinho de Passira
Fonte: O Globo

Na decisão em que determinou a prisão preventiva do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, afirmou que há documentos indicando “relação profunda” entre o executivo e o doleiro Alberto Youssef. Moro diz que foram feitos pagamentos vultosos do doleiro a Costa entre 2011 e 2012 e que eles estariam relacionados a obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cuja licitação teve participação do diretor da Petrobras.

Youssef e Costa teriam contas comuns no exterior e foram produzidos relatórios mensais da posição do ex-diretor da Petrobras com o doleiro, com pagamentos a serem feitos inclusive a terceiros. Alguns dos pagamentos, acrescentou o juiz, envolvem negócios com a Petrobras.

Costa teria recebido dinheiro por meio de duas empresas controladas pelo doleiro: MO Consultoria e Laudos Estatísticos e a GDF Investimentos. Numa planilha apreendida pela PF consta pagamento de comissões no valor de R$ 7.950.294,23. No campo cliente é indicada a sigla CNCC, que a Justiça acredita ser uma referência ao consórcio CNEC, responsável por parte das obras na refinaria Abreu e Lima, licitada pela Petrobras por cerca de R$ 8,9 bilhões.

O juiz acrescenta que Costa participou tanto da licitação quanto da execução da obra. Em depoimento à PF, Costa teria admitido que a diretoria que ocupava "atua na fiscalização dos aspectos técnicos da execução da obra".

As obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco registraram superfaturamento de R$ 69,597 milhões só na primeira fase, a de terraplanagem. A irregularidade foi constatada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que determinou, em agosto, que a Petrobras executasse garantias do consórcio Refinaria Abreu e Lima (construtoras Norberto Odebretch, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Galvão Engenharia) para reaver a quantia e encaminhou provas à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal e à Casa Civil da Presidência da República.

Youssef foi preso na Operação Lava Jato e é suspeito de ter praticado crimes de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro. Segundo a PF, ele envia e traz dinheiro do exterior para o Brasil por meios fraudulentos, usando no exterior contas em nome de off-shores.

Fernando Fernandes, advogado de Costa, afirmou que seu cliente prestou serviços de consultoria sobre mercado fututo a Youssef em 2012, depois de ter saído da Petrobras. Disse ainda que o ex-diretor da Petrobras tem como comprovar a origem do dinheiro apreendido na casa dele (US$ 181.495,00, € 10.850,00 e R$ 751.400,00, quantias em espécie).

O juiz afirma que não foram apresentados por Costa documentos, como contratos, relatórios ou recibos de pagamento, que comprovem a prestação de serviço de consultoria e justificassem também a compra, pelo doleiro, de um carro para o ex-diretor da Petrobras. Os valores também não foram tributados no ano-calendário de 2013.

Para o juiz, “a prestação de consultoria por ex-diretor da Petrobras a um doleiro é uma hipótese que soa, neste momento, como implausível”.

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