6 de fev. de 2014

Boa Notícia: Henrique Pizzolato está no xilindró na Itália, mas...

BRASIL - Mensalão
Boa Notícia:
Henrique Pizzolato está no xilindró na Itália, mas...
O mensaleiro que abastecia o esquema de corrupção atráves do Banco do Brasil foi preso no interior da Itália. Considerado culpado pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro, condenado a 12 anos e 7 meses de prisão, estava foragido. A má notícia é que apesar do Ministério da Justiça afirmar que irá pedir sua extradição para o Brasil, ele, que tem dupla nacionalidade, dificilmente sera entregue a justiça brasileira. Poderá cumprir pena na Itália, ou simplesmente ficar por lá, desfrutando de boa vida, impune para sempre

Foto:

O passaporte falso apreendido com Pizzolato, em nome do seu irmão,
Celso Pizzolato, morto há 36 anos

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, Gazzetta di Modena, G1, Modena Today, ANSA, BBC Brasil, O Globo

O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil (BB) Henrique Pizzolato, 61 anos, preso na quarta-feira (5), na Itália, vai responder diante da justiça italiano, pelo uso de documentos falsos. Diversos documentos falsificados, além do passaporte, foram encontrados com Pizzolato no momento da prisão.

Pizzolato era o único foragido dos 25 condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão. Ele foi preso na manhã de quarta-feira em Maranello, na província de Modena, norte da Itália, em cumprimento a um mandado de prisão internacional, expedido pela Interpol, conhecido como difusão vermelha , a pedido das autoridades brasileiras.

Pizzolato foi preso em uma vila de casas em Pozza, bairro de Maranello, comuna a 320 km de Roma, conhecida por abrigar a fábrica de carros esportivos da Ferrari.

O foragido estava na companhia da mulher, Andrea Haas, que está sendo investigada pela Polícia Federal brasileira, suspeita de ter sido cumplice do plano de fuga do marido condenado. Ela o acompanhou em toda a fuga e comprou a passagem de avião que levou Pizzolato da Argentina a Barcelona. Ela estava com o marido nesta quarta, quando ele foi capturado na casa do sobrinho Fernando Grando, que é engenheiro da Ferrari.

Grando trabalha na empresa há nove anos e desenvolve motores para os carros da Fórmula 1. Outros parentes de Pizzolato também foram investigados pela PF durante as buscas por seu paradeiro.

Segundo deduziu Stefano Savo, comandante provincial da polícia de Modena, a decisão de se esconder na Itália foi bem planejada: o ex-diretor e a mulher tinham consigo 14 mil euros (R$ 45,4 mil), uma grande quantidade de comida e vários documentos emitidos por diferentes Estados e entidades internacionais. Entre eles diversos documentos de identidade (RG) emitidos em diferentes regiões da Itália. Ele usava um sobrenome similar ao original. Também foram achados documentos de identidade brasileiros e italianos já vencidos e um documento falsificado espanhol, feito antes de sua condenação no processo do mensalão.

Segundo a polícia local, que já monitorava Pizzolato, inicialmente ele negou ser quem era, mas depois confirmou a identidade ao perceber que havia sido reconhecido. O ex-diretor do BB foi levado para a prisão de Sant'Anna de Modena, acomodado numa cela com outros detentos.

De acordo com o chefe policial Savo, Pizzolato já tem um advogado que o representa em Modena.

PRISÃO

Os "carabinieri" (polícia italiana) seguiram a pista da localização de Pizzolato durante dois dias. Segundo as investigações, ele não trabalhava nem saía de casa.

Por volta das 11h (8h no horário de Brasília) de quarta-feira, um grupo formado por 10 policiais entrou no apartamento do ex-diretor, situado no andar térreo de um prédio no centro de Maranello.

O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil chegou a negar sua verdadeira identidade ao ser abordado pelos policiais, informou a polícia italiana de Modena, mas consciente que havia sido reconhecio e não havia como escapar admitiu ser ele mesmo. Os policiais encontraram com ele um passaporte falso, em nome de Celso Pizzolato, irmão mais velho de Henrique, morto em um acidente de carro em 1978.

Com 570 pessoas, atualmente a prisão de Sant'Anna de Modena enfrenta superlotação. Sua capacidade total é de 450 pessoas.

Considerado culpado pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro, o antigo dirigente do Banco do Brasil foi condenado pelos ministros do Supremo a 12 anos e 7 meses de prisão.


Procurado pela Interpol

FUGA PELA ARGENTINA

A Polícia Federal afirmou nesta quarta-feira (5) que Pizzolato fugiu do país pela fronteira com a Argentina dois meses antes de decretada sua prisão, em 15 de novembro de 2013.

Ele saiu de carro da cidade de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, e ingressou no território argentino provavelmente no dia 12 de setembro. Depois, percorreu 1,3 mil quilômetros até Buenos Aires, capital argentina.

As investigações da Polícia Federal demonstraram que o ex-diretor de marketing do BB embarcou para Barcelona, na Espanha, em um voo da Aerolíneas Argentinas. Da cidade espanhola, informaram os policiais federais, ele seguiu para a Itália.

Há informações que esse trecho da viagem foi feito por via terrestre e que um carro havia sido comprado na Itália, pela mulher de Pizzolato, para empreender a viagem. Foi esse veículo, localizado em Maranello que denunciou o esconderijo do foragido.

A Polícia Federal desvendou a rota da fuga porque no Aeroporto de Buenos Aires, para embarcar para o exterior, todo passageiro estrangeiro precisa tirar uma foto e deixar a digital registrada. Há dois dias, os investigadores descobriram que uma pessoa chamada Celso Pizzolato tinha ido para a Europa. Mas a digital e a foto que ficaram no arquivo eram de Henrique Pizzolato.

A Polícia Federal descobriu que Henrique Pizzolato tirou carteira de identidade, título de eleitor e CPF em nome do irmão em 2007, em Santa Catarina. Em 2008, ele usou esses documentos para tirar um passaporte brasileiro, se passando pelo irmão morto.

A DIFICIL EXTRADIÇÃO

O fato de Pizzolato possuir a cidadania italiana é o principal fator que dificulta uma eventual extradição, segundo Carlos Eduardo Siqueira Abrão, da Comissão de Direito do Refugiado, do Asilado e da Proteção Internacional da OAB-SP.

"O Brasil, por exemplo, tem uma legislação que proíbe a extradição de brasileiro nato. A Itália tem um dispositivo legal semelhante. Acho impossível que o Brasil consiga algum êxito (se pedir a extradição do condenado). A menos que seja comprovado que a nacionalidade dele é fraudulenta", afirmou Abrão.

O tratado de extradição firmado por Brasil e Itália diz que a extradição de pessoas de nacionalidade italiana é uma decisão facultativa a Roma.

Outro fator que também pode dificultar a extradição é o princípio da reciprocidade na diplomacia. Ou seja, ao decidir não extraditar em 2011 para a Itália o então prisioneiro Cesare Battisti, acusado pela Itália por quatro homicídios – em uma decisão política do Executivo –, o Brasil teria agora tratamento semelhante.


Pizzolato depondo na CPI do mensalão

OS DOSSIES DE PIZZOLATO

Henrique Pizzolato foi, muitas vezes, um petista com atuação no bastidor, apadrinhado pelos colegas que viviam sob os holofotes. A posição de coadjuvante foi mantida diante de uma fracassada campanha ao governo do Paraná em 1990, quando obteve menos de 5% dos votos. Foi diretor da Previ, bilionário fundo de previdência do Banco do Brasil, mas foi com escândalos em sua diretoria no banco e o mensalão que seu nome passou a ganhar destaque na imprensa.

Atrás das grades, depois de dois meses e meio foragido, Pizzolato, apega-se a um dossiê que, segundo amigos, poderia respingar em alguns políticos. Ninguém revela quem, mas ao que parece seria gente graudíssima, do Partido dos Trabalhadores.

O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Pizzolato por entender que ele autorizou a liberação de R$ 73 milhões da Visa Net para a DNA Propaganda, de Marcos Valério, sem garantias dos serviços contratados. Ele teria recebido cerca de R$ 300 mil em espécie. Na época, ele comprou um apartamento por aproximadamente R$ 400 mil em Copacabana.

O ex-diretor disse que jamais embolsou o dinheiro e que não chegou a abrir o pacote, entregue no mesmo dia que recebeu a um emissário do PT, onde o recurso estava. Essa operação, dizem amigos de Pizzolatto, teria ocorrido em março de 2004, quando os petistas do Rio preparavam-se para as eleições municipais. Mas o nome do emissário nunca foi revelado.

Funcionário de carreira do Banco do Brasil, Pizzolato chegou à diretoria de marketing da instituição em 2004, após ajudar na arrecadação para campanha presidencial de Lula em 2002. Era ligado ao secretário de Comunicação, o ex-ministro Luiz Gushiken, morto em setembro de 2013 e inocentado pelo Supremo.

Foi na conta de Gushiken e do ex-presidente do BB Cássio Casseb que Pizzolato pôs a culpa pela antecipação de pagamentos feitos pela Visa Net à DNA Propaganda, que teriam abastecido o esquema do mensalão. Embora a nota técnica com a autorização para a antecipação desses pagamentos tenha sua assinatura, ele alegou que consultou Casseb e Gushiken antes de assiná-la.

Em depoimento na CPI dos Correios em dezembro de 2005, Pizzolato disse que foi um “inocente útil” do PT. A verdade é que o ex-diretor nutria uma mágoa pelo partido que ajudou a fundar no Paraná. Sentia-se esquecido pelos companheiros, ofuscado por outras figuras envolvidas no escândalo, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado José Genoino. Ao fim de seu depoimento à CPI, sua mulher, Andréa Haas, irritada, ameaçou:

— O PT vai pagar o que fez com ele.

Andréa não engoliu a falta de apoio ao marido e tentou fazê-lo pedir a desfiliação. Os amigos demoveram Pizzolato da ideia. O sentimento de mágoa é potencializado ao ver que petistas mais conhecidos recebendo doações para pagar suas multas. A que foi imposta por Pizzolato foi a maior entre todos eles: R$ 1,3 milhão (ainda sem correção).

O nome de Pizzolato veio à tona no escândalo do mensalão quando, em junho de 2005, a ex-secretária Fernanda Karina Somaggio o mencionou em depoimento ao Conselho de Ética. Ela disse que o então diretor mantinha um relacionamento estreito com Valério. Desgastado com o mensalão, Pizzolato se antecipou à decisão já tomada pelo governo de substituí-lo e apresentou seu pedido de aposentadoria em julho de 2005.

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