19 de nov. de 2013

Ilha chilena, de Míriam Leitão, para O Globo

BRASIL - Opinião
Ilha chilena
Michelle Bachelet deve voltar ao governo depois de receber 47% dos votos em primeiro turno.

Foto:Luis Hidalgo/AP

Michele Bachelet, candidata à Presidência do Chile, cumprimenta eleitores um dia após as eleições gerais chilenas, nesta segunda-feira (18), em Santiago.

Postado por Toinho de Passira
Texto de Míriam Leitão
Fonte: Blog de Miriam Leitão

Para quem vê de fora, o Chile parece uma ilha de prosperidade econômica na América Latina. O PIB cresceu 4,7% no terceiro trimestre, com média de 5,6% ao ano, entre 2010 e 2012. O rating do governo tem a mesma nota do Japão, e a taxa de investimento chegou a 25% do PIB. O desemprego é de 5,7%, e a inflação está em 1,5%, abaixo da meta. Mas os bons números não têm garantido a eleição de candidatos governistas.

No Chile, não é permitida a reeleição, mas ex-presidentes podem voltar a se candidatar após um mandato de espera. Michelle Bachelet governou entre 2006 e 2010 e seu candidato perdeu as eleições para o opositor Sebástian Piñera. Agora, Piñera não consegue emplacar sua indicada, e Bachelet deve voltar ao governo depois de receber 47% dos votos em primeiro turno.

O economista chileno Rodrigo Aravena trabalha no banco brasileiro Itaú Unibanco, no Chile. Ele explicou que, apesar dos bons números, a economia está em segundo plano nas eleições. O PIB per capita do país triplicou em cerca de dez anos e a classe média se fortaleceu muito. Agora, há novas demandas sociais, não diretamente relacionadas à área econômica.

— Bachelet representa mais esses anseios, principalmente por sua proposta para a educação gratuita, e o governo tem condições de financiar o projeto. O risco maior para a economia é a dependência das exportações de cobre e do desempenho da China — disse.

A exportação de cobre chega a 15% do PIB chileno e 60% da pauta de exportações. Se o preço do produto cair no mercado internacional, a economia vai desacelerar e o governo vai arrecadar menos. Ainda assim, a proposta de elevar os gastos com educação, que podem subir em 2 pontos percentuais do PIB, não assustou investidores porque as contas públicas do país estão em ordem. O governo teve superávit nominal em 2012 e tem o maior rating da América Latina pela Standard & Poors, AA-, ao lado de países como o Japão.

Para o Brasil, o mais importante é que o Chile continue crescendo. O país é nosso terceiro maior parceiro comercial na América Latina, atrás de Argentina e México, com US$ 7 bilhões de corrente de comércio de janeiro a outubro. *Acrescentamos subtítulo, foto e legenda à publicação original

Nenhum comentário: