24 de ago. de 2013

Bradley Manning, o soldado americano, condenado
por traição, diz que quer tratado como 'uma mulher'

ESTADOS UNIDOS - Espionagem
Bradley Manning, o soldado americano, condenado
por traição, diz que quer tratado como 'uma mulher'
Bradley Manning, condenado por ter vazado 700 mil documentos secretos do governo americano para o site Wikileaks, vai lutar na justiça, para ter direito de receber, por conta do contribuinte americano, um tratamento hormonal para deixá-lo o mais próximo possível de ser uma mulher. Renega inclusive o seu antigo nome, pede para ser chamado de agora em diante de Chelsea Manning. “É assim que eu me sinto desde a infância" – diz ele categórico.

Foto: Associated Press

Bradley Manning: ‘I am a female’.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, Veja , Bradley Mannig - Portal , Bradley Mannig - Flickr, Bom Dia Brasil, News Look Up

Bradley Manning, o soldado americano que vazou documentos secretos do governo dos Estados Unidos para o site Wikileaks, cria mais uma polêmica e desconforto para o governo Obama, ao declarar depois da sentença, que de agora em diante quer ser tratado como uma mulher.

Por crimes como espionagem e roubo de dados do governo, Manning, foi condenado por um tribunal militar a 35 anos de prisão, que deverá ser cumprida numa prisão militar masculina no estado americano de Kansas.

"Eu sou Chelsea" disse Manning, de 25 anos, em um comunicado entregue ao programa Today, do canal de televisão americano NBC. "Eu sou uma mulher." Ele disse que sente ser do sexo feminino desde criança, e que queria começar desde já uma terapia hormonal, e ser chamado pelo nome Chelsea.

Foto: Arquivo pessoal

No site de apoio a Manning foto dele ainda criança

A luta de Manning em relação a sua identidade formou uma parte fundamental de sua defesa durante as semanas de julgamento. Testemunhas de defesa, incluindo terapeutas que trataram Manning, disseram que ele tinha dito que queria fazer a transição para ser uma mulher, sugerindo que seus problemas de identidade afetaram sua saúde mental.

Promotores militares, por sua vez, descreveram Manning como um traidor em busca de notoriedade e pediram uma sentença de 60 anos a fim de impedir vazamentos de inteligência no futuro.

Manning, que cresceu no estado americano de Oklahoma e no País de Gales, entrou para o exército em 2007, para ajudar a pagar sua universidade e, de acordo com o testemunho de defesa apresentado a corte marcial, para livrar-se de seu desejo de se tornar uma mulher.

Fotos: Jeff Paterson
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Ativistas, em manifestações, dentro e fora dos EUA, defendem a liberdade imediata de Manning

DESILUSÃO

Treinado como um analista de inteligência, ele foi enviado ao Iraque em 2010. Lá, ele se tornou desiludido com a guerra e cada vez mais isolado de seus amigos e familiares. Em maio daquele ano, ele iniciou o que, posteriormente, tornou-se um dos maiores vazamentos de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos - centenas de milhares de telegramas diplomáticos e relatórios de batalha das guerras no Afeganistão e no Iraque.

Manning disse que esperava que os documentos pudessem mudar o mundo criando um debate sobre a política externa dos Estados Unidos e o exército. Ele se mostrou arrependido, no entanto. Em uma nota à corte marcial, disse que “os últimos três anos foram de aprendizado”. Ele disse que errou ao acreditar que poderia melhorar o mundo e que deveria ter trabalhado “dentro do sistema” para fazê-lo.

O desfecho do caso do soldado Bradley Manning, mantém o dilema enfrentado pela administração Obama ao lidar com “traidores” não motivados por dinheiro ou simpatia ideológica pelo inimigo, mas pela convicção de que deve haver livre acesso a informações no mundo.

Ele conseguiu angariar apoio de muitos ativistas no país. Do outro lado, os militares americanos se mostraram determinados em fazer de sua punição um exemplo, ante novos possíveis vazamentos.

Os americanos vivem um dilema de como lidar com as informações secretas, desde o vazamento provocado por Manning. Tiveram que abrir o leque de acesso, pois ficou claro no 11 de setembro, que a falta de comunicação entre as agências, não permitiu que se juntasse as peças e se detectasse as ações do grupo de terroristas durante os preparativos do espetacular atentado.

Abriram o leque demais, e pessoas como Manning e Edward Snowden, o ex-agente atualmente asilado na Rússia, visivelmente despreparados e na base da hierarquia do sistema, tiveram acesso a volumosos arquivos ultrassecretos, aparentemente com muita facilidade.

Foto: Arquivo

Ex supervisor de Manning (Chelsea) disse ter recebido uma foto dele de peruca e batom

SAIA JUSTA

Depois de afirmar que quer ser tratado como mulher Manning, através do advogado, requer que lhe seja ofertado na prisão, terapia hormonal para se transformar em mulher o mais depressa possível.

O advogado, que já se refere ao cliente como Chelsea, diz: “Ela só não fez a revelação antes para não tirar o foco do julgamento”.

Com o desejo de viver como mulher, Manning criou mais uma saia justa para as Forças Armadas americanas. Ele vai cumprir pena em uma prisão masculina no estado do Kansas, uma das mais violentas do país, e o exército já avisou que ele será tratado como qualquer outro detento.

Dois psiquiatras já haviam atestado que Manning tem transtorno de identidade de gênero, quando uma pessoa não se identifica com o próprio sexo. O advogado disse que vai fazer de tudo para que Bradley, ou Chelsea, receba tratamento hormonal na prisão. E vai ter inicio outra batalha jurídica e movimento dos ativistas em favor de Manning.

Por enquanto o exército respondeu que Manning terá acesso a acompanhamento psiquiátrico, como todos os outros presos, mas tratamento hormonal, não.

Foto: Associated Press

MÃOS DELICADAS - Manning chega algemado, durante o julgamento no
Tribunal de Fort Meade, Maryland, USA

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