7 de jun. de 2013

The Economist ironiza Mantega e diz que a medíocre economia brasileira caiu em desgraça

BRASIL - Economia
The Economist ironiza Mantega e diz que
"a medíocre economia do Brasil caiu em desgraça"
A revista britânica The Economist critica, na edição desta semana, o desempenho da economia brasileira e lembra irônica que havia pedido a demissão de Mantega no ano passado, e isso parece ter blindado o ministro, por isso agora eles, apostando na teimosia em desagradá-los de Dilma, reivindicam agora sua permanência, dizendo que Mantega é um sucesso.

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Mantega é uma piada para a publicação britanica Economist

Postado por Toinho de Passira
Fontes: The Economist, O Globo, BBC Brasil, Folha de São Paulo

A imprensa brasileira, em relação ao editorial da publicação britânica Economist, intitulado “Brazil’s mediocre economy - A fall from grace" ("A economia medíocre do Brasil - Caindo em desgraça") desta semana, concentrou-se na parte final do texto, que ironiza a atuação do Ministro Mantega, a frente do Ministério da Fazenda, e a teimosia da presidenta Dilma em mantê-lo no cargo.

Mas o editorial, é muito mais isso, traça o perfil da economia brasileira, desde os tempos que Fernando Henrique Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda até o momento em que o governo Lula se afastou das diretrizes do plano real e o país começou a ir pelo caminho tortuoso que enveredamos no momento.

Eles dizem que o segundo governo Lula, e o governo Dilma, desperdiçaram a herança recebida por Fernando Henrique:

Vejamos o trecho inicial do editorial:

"Há 20 anos, em maio de 1993, Fernando Henrique Cardoso foi nomeado ministro da Fazenda do Brasil, um trabalho aparentemente sem esperança em um país preso em hiperinflação, endividamento e uma anacrônica estatização econômica. O Plano Real, do Sr. Cardoso rapidamente domou a inflação e levou-o para a presidência. Lá, ele lançou as bases para um novo Brasil, de estabilidade e de reforma econômica liberal. Este sucesso foi reforçado por seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-líder sindical de esquerda, cujo governo viu 30 milhões de brasileiros saírem da pobreza".

"O problema é que no segundo mandato de Lula (2007-10) e, especialmente, com a sua sucessora Dilma Rousseff, a fórmula por trás do sucesso do Brasil foi lentamente abandonada. O segredo política era simples: metas de inflação por um Banco Central que opera com independência de fato, as contas públicas transparentes, uma meta fiscal rigoroso, que derrubou a dívida pública, e uma atitude muito mais aberta ao comércio exterior e ao investimento privado".

Dilma, intervenções desastradas e confusas.
Nos últimos dias, lembra The Economist, o Banco Central subiu juros para conter a inflação e Mantega afirmou que não vai mais recorrer à política fiscal para estimular a economia (por meio da redução do IPI, por exemplo).

Além disso, a revista acrescenta que o governo decidiu suspender nesta semana a barreira para o controle de capitais (nesta semana, o governo zerou o IOF para investimentos em renda fixa).

A avaliação sarcástica da Economist sobre Mantega é uma crítica às recentes mudanças de posição do ministro, face à piora do ambiente macroeconômico brasileiro.

A publicação destaca que o Brasil vive um momento difícil, com crescimento abaixo das expectativas e inflação em alta.

Além disso, a revista britânica diz que o atual governo vem descuidando dos pilares macroeconômicos construídos durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

De acordo com a publicação, desde o segundo mandato do governo Lula – e mais recente com Dilma na presidência -, "a fórmula por trás do sucesso do Brasil foi abandonada".

Ela afirma que o Brasil abdicou do controle da inflação em busca do crescimento, tomando, para isso, medidas avaliadas como erradas pela revista, como a redução dos juros, apesar de uma subida dos preços.

A revista afirma ainda que os gastos públicos aumentaram ao passo que o governo se distanciou da meta de superávit primário (a economia para pagar os juros da dívida).

Para cumpri-la, o governo vem fazendo o que analistas chamam de 'contabilidade criativa', ao estilo argentino, alterando os dados e a fórmula para fechar as contas.

A Economist também criticou a falta de independência do Banco Central e lembrou que Dilma Rousseff pressionou publicamente o Banco Central a reduzir as taxas de juros.

Lembrou também da desastrada fala da presidenta que disse, quando a inflação se aproximava do topo de sua meta (6,5%), que se preocupava mais com o crescimento que com o controle da inflação.

O resultado é que os investidores tornaram-se confusos sobre as políticas econômicas do Brasil. Esta incerteza tem contribuído para um desempenho medíocre: desde 2011, o crescimento tem sido menor e inflação maior do que na maioria dos países latino-americanos.

Felizmente, o Brasil ainda tem algumas grandes vantagens, incluindo a sua agricultura e indústrias de energia, mais ciência e inovação do que você imagina e, embora menos efervescente, o mercado interno enorme. E o que quer erros de Rousseff, eles são pequenos comparados com os de, por exemplo, da Argentina, Cristina Fernández.

No entanto, a revista britânica ressalva que nem tudo está perdido, apesar de que atualmente Rousseff possui "menor capacidade de manobra", devido à sua forma de lidar com aliados e com o Congresso.

No fim do editorial, a publicação lembra que havia pedido a demissão de Mantega no ano passado, mas, agora, ironicamente, reivindica a sua permanência.

"Em dezembro, quando nós instamos o governo brasileiro a parar de se intrometer nos mercados e deixá-los se ajustar por si, nós pedimos à presidente Dilma Rousseff para demitir Mantega", diz a revista.

"Foi amplamente noticiado no Brasil que a nossa impertinência teve como efeito tornar o ministro da Fazenda imune à demissão. Agora, nós tentamos uma nova tática. Nós instamos a presidente a mantê-lo no cargo a todo custo: ele é um tremendo sucesso".


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