30 de jun. de 2013

Protestos podem melhorar democracias dos países emergentes, inclusive Brasil, diz a revista 'Economist'

BRASIL – na imprensa internacional
Protestos podem melhorar democracias dos países emergentes, inclusive Brasil, diz a revista 'Economist'
'Espontaneidade e a ausencia de sindicatos e agremiações politica-partidária, na organização das manifestações dá aos protestos um sentido de possibilidade', opina a revista, que também destaca que "a falta de organização também embaralha a agenda"


Capa da Economist, a história dos protestos através dos tempos

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Economist, Economist, Economist, BBC Brasil

A onda de protestos que se espalhou pelo Brasil e por diversos outros países é capa da edição mais recente da revista Economist, que concluiu que, apesar de a democracia ter ficado "mais difícil", ela pode ser melhorada por conta das manifestações.

"Quando os políticos entendem que as pessoas querem mais - e que seu voto depende de sua satisfação -, as coisas podem mudar. No Brasil, a presidente Dilma Rousseff quer um debate nacional na renovação da política. Isso não será fácil nem rápido, mas os protestos ainda podem melhorar as democracias nos países emergentes, e até mesmo na União Europeia", diz a revista, que também dedicou um editorial ao assunto e uma reportagem específica à situação brasileira

Foto: Associated Press

Nessa reportagem, a publicação opinou que o plano inicial proposto por Dilma "pareceu apressado e improvável de oferecer calma duradoura (à população)", citando sobretudo a proposta de uma Assembleia Constituinte, já descartada por conta de debates quanto a sua validade constitucional. A revista comenta que o plano da "constituinte" foi aparentemente lançado sem nenhuma consulta, nem mesmo a Michel Temer, o vice-presidente, que é um advogado constitucionalista.

Mesmo assim, a reforma política é "urgentemente necessária", ainda que os diversos partidos políticos brasileiros, "poucos dos quais tendo ideologia além do clientelismo, tenham pouco apetite para mudanças".

A revista lamenta que Dilma "não tenha dado sinais de que vá reduzir o inchaço do governo, algo que lhe permitiria financiar serviços (públicos) melhores" e opina que ainda não está claro quem vai se beneficiar politicamente dos protestos brasileiros.

"(O ex-presidente) Lula se manteve incomumente silencioso até agora, ainda que tenha ajudado sua protegida (Dilma) nos bastidores. Ele apreciaria o papel de salvador nacional. Mas muitos dos problemas citados pelos manifestantes são coisas que, como presidente, ele fez pouco para resolver", diz o texto.

A revista errou quando disse que "nove pessoas foram mortas durante uma operação policial em um Rio de Janeiro favela depois de uma marcha de protesto no dia 24 de junho". Pelo contido na reportagem, parece que as mortes estão ligadas aos protestos, quando se sabe, que a tragédia foi resultado de um confronto com traficantes durante operação do Bope no Complexo da Maré, completamente desassociada aos protestos.

Ilustração Economist

Dilma e a economia atolada no lamaçal

'CORRUPÇÃO, INEFICIÊNCIA, ARROGÂNCIA'

A Economist destaca as diferenças entre os diversos protestos ao redor do mundo - da Índia à Turquia; da Bulgária à Primavera Árabe -, mas vê em comum o fato de muitos manifestantes serem "pessoas de classe média, e não grupos organizados de lobbies, especializados em influenciar decisões políticas favoráveis a seus interesses, com uma lista de exigências".

"Os protestos não são mais organizados por sindicatos ou outros lobbies, como antes. A espontaneidade lhes dá um sentido intoxicante de possibilidade. Inevitavelmente, a falta de organização também embaralha a agenda", destaca a revista.

"Seu misto de farra e ira condena a corrupção, a ineficiência e a arrogância de quem está no poder", avalia a Economist.

Num artigo anterior, a revista classificou Dilma, como uma ex-burocrata sem nenhuma experiência anterior de cargos eletivos, brusca, impaciente, arrogante e as vezes incompetente, que não raramente dialoga com os congressistas, mesmo da sua base aliada que controla 80% do Congresso. Ressalta as surpreendentes dificuldades encontradas, por falta desse entrosamento, dela convencer os aliados congressistas a apoiar os seus projetos de governo.

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