5 de jun. de 2013

Em dia de forte volatilidade, dólar sobe ante o real, apesar do esforço do Banco Central

BRASIL - Economia
Em dia de forte volatilidade, dólar sobe ante o real, apesar do esforço do Banco Central
Apesar da ação do Banco Central para conter o fortalecimento do dólar, a divisa norte-americana encerrou em alta frente ao real nesta quarta-feira, numa sessão marcada por intensa volatilidade diante da zeragem do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre aplicações de renda fixa por estrangeiros. SUB

Foto: Bruno Domingos/Reuters

Brasileiro negocia reais por dólares em corretora no centro do Rio de Janeiro. A moeda norte-americana encerrou o dia com alta de 0,10%, cotada a R$ 2,1311.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Blog de Míriam Leitão, Reuters, G1, Jornal do Brasil

Segundo Míriam Leitão, no seu comentário na CBN, o dólar alto eleva inflação, o que neste momento torna-se um complicador a mais.

O dólar está subindo em relação a várias moedas, porque há informação de que o BC americano reduzirá o ritmo de estímulo monetário no futuro. O real está com mais volatilidade. O governo diz que não está preocupando com o dólar, mas na verdade, está. A alta ou a queda forte da moeda americana produz vários efeitos na economia.

Ontem, o ministro Guido Mantega anunciou que o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado nos investimentos estrangeiros em renda fixa.

O governo, que colocou várias travas à entrada de capital, agora começa a retirá-las. Não necessariamente para derrubar o dólar. Mantega disse que hoje não faz sentido colocar barreiras, porque o contexto é diferente: há indícios de mudança na política monetária americana, o que faz com que o interesse em mandar dinheiro para os mercados emergentes seja menor.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, tinha falado que ia atuar sempre nos casos em que os movimentos parecessem especulativos (altas e quedas fortes).

O dólar em alta tem o efeito colateral de pressionar ainda mais a inflação. É um complicador. Chega num mau momento, em que o BC elevou a taxa de juros para tentar conter o IPCA, que está em torno do teto da meta.

Quando o dólar tem movimentos nervosos, acaba atrapalhando investimentos, quem tomou dívida no exterior, que tem de fazer hedge.

Ao cair muito, o dólar atrapalha a balança comercial; a moeda americana subiu, mas não ajudou a balança que, no acumulado em cinco meses, está negativa.

O BC tem muita bala na agulha. No passado, quando o dólar subia, tínhamos uma crise cambial. Agora, não é o caso, mas causa várias complicações na gestão da política macroeconômica - estamos buscando, nesse momento, crescimento puxado pelos investimentos, não pelo consumo, e inflação baixa. Por isso, complica um pouco.

Natália Cacioli e Bruno Federowski da Reuters comentaram hoje, que apesar da ação do Banco Central para conter o fortalecimento do dólar, a divisa norte-americana encerrou em alta frente ao real nesta quarta-feira, numa sessão marcada por intensa volatilidade diante da zeragem do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre aplicações de renda fixa por estrangeiros.

Ao mesmo tempo em que analistas acreditam que a medida, anunciada na noite de terça-feira pelo governo, pode reduzir a pressão de alta sobre o dólar no curto prazo, eles ressaltam que o cenário internacional e fundamentos ruins da economia brasileira devem continuar pesando sobre o câmbio no decorrer do ano.

O dólar avançou 0,10 por cento frente ao real, a 2,1311 reais na venda, depois de bater 2,1496 reais na máxima da sessão e 2,0849 reais na mínima, com queda de 2 por cento logo no início dos negócios --movimento que perdeu força após a euforia inicial com a medida.

Segundo dados da BM&F, o volume negociado estava em torno de 3,7 bilhões de dólares, acima do visto nas últimas sessões.

O dólar abriu o dia com forte queda frente ao real diante da perspectiva de intensificação das entradas de recursos estrangeiros no país, mas o movimento perdeu fôlego no final da manhã e a divida norte-americana passou a subir.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Dilma: “Nós não temos medida nenhuma para segurar o dólar...”

A própria presidente Dilma Rousseff trouxe mais gás ao mercado, levando a moeda norte-americana a subir quase 1 por cento, ao ser questionada se haveria mais ações para segurar o dólar no final desta manhã. Ela respondeu: "Nós não temos medida nenhuma para segurar o dólar, eu queria informar que esse país adota o regime de câmbio flexível".

Após isso, o Banco Central anunciou um leilão de swap cambial tradicional, equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro -a autoridade monetária vendeu US$ 1,37 bilhão - o que acabou minimizando o movimento de alta da moeda ante o real. no mercado futuro, o que desacelerou a alta durante a tarde.

Na sexta-feira passada, o BC já havia feito um leilão semelhante, quando o dólar chegou perto de 2,15 reais.

A valorização do dólar tem sido generalizada em outras países devido a sinais de recuperação da economia norte-americana, que tem alimentado expectativas de que o Federal Reserve, banco central do país, reduza seu programa de estímulo. Somente em maio, o dólar avançou 7,04 por cento ante o real.

No exterior, nesta quarta-feira, divisas com perfil ligados à exportação de commodities perdiam força ante o dólar.

Apesar da possibilidade de mais entradas de dólares no mercado brasileiro com a redução do IOF, agentes do mercado alertavam para a qualidade desses ingressos e para possível aumento da volatilidade no câmbio devido à medida.

O déficit em transações correntes do Brasil subiu 55 por cento em abril em relação ao mesmo mês do ano passado, fazendo com que o rombo em 12 meses superasse 3 por cento do PIB pela primeira vez em mais de uma década.


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