7 de mai. de 2013

Turismo: álcool e biquíni são bem vindos no Egito do radicalismo religiosos?

EGITO
Turismo: álcool e biquíni são bem vindos
no Egito do radicalismo religiosos?
Para os radicais Salafistas e da Irmandade Muçulmana , correntes politicamente dominantes no Egito, pós Mubarak, os turistas continuam bem vindos, desde que não bebam nem usem biquínis durante a estada no país. Especialistas dizem que é impossível fazer turismo internacional sem essas duas premissas. Ministro do Turismo tenta enfrentar essa corrente, buscando fazer voltar à enxurrada de turistas e dólares, fundamentais para a economia do país.

Foto: Abdallah Dalsh/Reuters Arquivo

Banhistas no resort Sharm el-Sheikh, no Sinai.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Al Arabiya, O Globo, The Age, Barenaked Islam, The Telegraph, Daily Mail

Para o Egito, o turismo sempre foi economicamente um dos setores da maior importância: emprega 12 por cento da força de trabalho e capaz de abarrotar, de dólares, os cofres esvaziados, nestes momentos de mercados em crise, pelas dificuldades da transição da política local.

De olho apenas no aspecto religioso, a poderosa Irmandade Muçulmana e os Salafistas, politicamente dominantes no jogo de poder do Egito de hoje, têm passado uma mensagem tida como repelente para os turistas: “Sejam Bem-vindos, mas não serão servidas bebidas alcoólicas, nem será permitido biquínis ou banho misto (homens e mulheres) nas praias!” Teoricamente esses grupos, radicalmente mais fechado, procura abafar toda e qualquer modernidade procedente das influências ocidentais como algo que destrói tudo o que é islâmico.

Dentro desse clima, o atual ministro do turismo, Hisham Zaazou, mostra-se disposto a se contrapor a essa posição, pelo bem da economia e da abertura do país para investimentos estrangeiros:

Foto: Flickr

Turista diverte-se com a mítica e gigantesca Esheps, a esfinge de Gizé. Especula-se que a cabeça do leão seria a representação do faraó Quéfren ou seu irmão, o faraó Djedefré, construção da quarta dinastia (2723 a.C.–2563 a.C.)

“ O Egito está aberto a visitantes “que bebam álcool e que usem biquínis”, disse ele, sem meias palavras, neste domingo, em visita oficial aos Emirados Árabes Unidos.

Pilar da economia egípcia, o turismo está em declínio desde a insurgência popular que derrubou o ditador Hosni Mubarak em 2011, na onda da chamada Primavera Árabe, criando um clima interno de instabilidade, protestos periódicos e permanente situação de violência urbana.

O ministro Zaazou, disse que o governo tem “objetivos otimistas” para o setor, e minimizou comentários do grupo radical muçulmano Salafi, que têm reivindicado o banimento de álcool e de mulheres usando roupas de banho.

— Tivemos conversas com estes grupos Salafi e eles agora entendem a importância danosa de se dizer este tipo de coisa — acrescentou o ministro, um independente que não é membro da Irmandade Muçulmana governante.

Foto: Getty Images

Pirâmides de Gizé, Egito - Construída em 2.550 a.C., a maior das três pirâmides de Gizé, Quéops, foi feita de 2,3 milhões de blocos de pedra. Alguns desses blocos chegam a pesar até 80 toneladas, cada. Das 7 maravilhas do mundo antigo, Quéops é a única que ainda existe.

Recentemente, pressionado por religiosos, o presidente islâmico Mohamed Mursi, oriundo da Irmandade Mulçumana, chegou a aumentar os impostos sobre bebidas alcoólicas em dezembro, mas foi obrigado a voltar atrás depois que a manobra foi criticada pelo setor de turismo e por liberais.

Antes do início dos protestos contra o governo, o turismo respondia por cerca de 10% da economia egípcia. Em 2010, o país recebeu 14,7 milhões de visitantes, que trouxeram US$ 12,5 bilhões para os negócios locais, mas esse número caiu para 9,8 milhões no ano seguinte, e faturamento, para US$ 8,8 bilhões.

De acordo com Zaazou, 2012 mostrou uma recuperação, com 11,5 milhões de turistas e faturamento de cerca de US$ 10 bilhões. Já no primeiro trimestre deste ano, foi registrado um aumento de 14,6% em relação ao mesmo período do ano passado, disse ele. A meta de longo prazo é alcançar 30 milhões de turistas e receita de US$ 25 bilhões em 2022.

Zaazou disse que reconstruir o turismo é uma prioridade nacional. Para ajudar a cumprir a meta de aumentar o número de visitantes em 20% este ano, o ministério instalou câmeras nos maiores resorts, para alimentar um website com transmissão em vídeo ao vivo.

— Queremos mostrar às pessoas que o Egito é seguro, e a melhor maneira de fazer isso é através do live streaming. O próximo passo será exibir ao vivo essas imagens em praças públicas de Paris ou Nova York.

Não se sabe se os turistas vão aprovar em serem personagens desse reality-show de férias.

As coisas, porém, não são tão fáceis como quer demonstrar o ministro: buscando novos mercados, o Egito tentou, este ano, abrir as portas aos turistas iranianos, após 34 anos de relações diplomáticas congeladas.

Mas teve que recuar, pois a medida enfrentou protestos dos muçulmanos sunitas linha-dura do Cairo, que acusaram o Irã de tentar espalhar a fé xiita, em seus domínios, o que levou à suspensão dos voos comerciais a partir do Irã desde abril.

Na verdade fazer turismo no Egito de hoje, está mais barato. Mas no pacote, além da beleza, o mistério e a grandiosidade do Vale dos Reis, as Pirâmides, a Esfinge e o rio Nilo, está incluso, a incerteza, os riscos, a insegurança e a possibilidade de voltar para casa sóbrio e com o biquíni intocado no fundo da mala.

Foto: Yumiru /Flickr

Sem biquíni o turismo não tem salvação!


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