26 de mar. de 2013

Tunisina ameaçada com condenação a morte, por topless-protesto na internet

TUNISIA
Tunisina ameaçada com condenação a morte,
por topless-protesto na internet
A jovem tunisiana, Amina Tyler, apareceu de seios à mostra no Facebook, para protestar contra a situação da mulher em seu país`. Por causa disso, o líder religioso Adel Almi, sugeriu que a jovem fosse açoitada e apedrejada até a morte. Movimentos em defesa da jovem estão preocupados com o destino e não sabem o paradeiro atual da ativista.

Foto: Facebook

“Meu corpo me pertence, não é uma fonte de honra de ninguém”

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Diario Digital, Free Thought Blogs, Terra, Le Nouvel Observateur, Huffington Post, Facebook. Le Figaro.

Amina Tyler, 19 anos, tunisiana, no dia 11 de março, fez uma foto, supostamente de protesto pelo direito das mulheres no seu país. Na foto, ela aparece com os seios à mostra e com frases escritas no corpo: “Meu corpo me pertence, não é uma fonte de honra de ninguém” e “F…-se a moral”. Postou a foto numa página do Femen na Tunísia, criada por ela, no Facebook, dando início ao grupo feminista no país.

A publicação não só iniciou uma grande controvérsia como também gerou ameaças de morte para Amina, que desde então está incomunicável.

Foto: Captura de video

Almi Adel, clérigo islamita, líder da organização religiosa salafista Associação Moderada para a Conscientização e Reforma: chicotadas e apedrejamento para Amina Tyler

A polêmica começou quando o clérigo islamita, líder da organização religiosa salafista “Tawia Al-Li-Wassatia Al-Jamia Wal-Islah” (Associação Moderada para a Conscientização e Reforma), Almi Adel, disse ao jornal Assabah News que Amina deveria ser punida com 80 a 100 chibatadas. E foi além, argumentando que ela poderia até mesmo ser condenada à morte por apedrejamento

Para ele, “Amina, por seu ato, pode trazer infelicidade para o país, causando epidemias e desastres. Seu ato pode ser contagioso e dar ideias a outras mulheres”.

Após a entrevista do líder religioso, o grupo Femen da França – que aceitou Amina como ativista em fevereiro – disse que não conseguia mais entrar em contato com a tunisiana, e que temia que ela tivesse sido presa ou morta.

Segundo o portal Huffington Post, rumores diziam que Amina foi forçada por sua família a se internar em um hospital psiquiátrico em Tunis.

Segundo o jornal francês Le Figaro, no entanto, Amina não foi internada.

“Amina não está internada, ela está em casa”, disse a advogada Bochra Beladjamida, que defende a jovem ativista. Ela quer acabar com os rumores de que Amina estaria em um hospital psiquiátrico. Mas a advogada não sabe exatamente como ela está. “Eu não a vi, apenas conversamos por telefone. A voz dela estava cansada, sonolenta”, disse.

Segundo o Femen da França, essa advogada representa a família de Amina, e não a ativista. As ativistas só vão parar com a campanha de apoio a Amina quando conseguirem contato direto com ela.


Existe até um logotipo dos moviemtos de apoio a Amina Tyler

Na quarta-feira, o mesmo dia da condenação, um grupo de seguidoras do movimento no Facebook foi invadido por um hacker que se identifica como «Al Angur». As imagens, dela e de outra jovem, foram substituídas por versículos do Corão. A fotografia do perfil também foi trocada pelo peito nu de um homem abrindo a camisa com os dizeres «Maomé, o enviado de Alá».

O protesto invulgar da jovem na Tunísia gerou críticas dentro da própria família de Amina, que a considera uma «ofensa ao pudor da mulher e ao Islão». Os familiares apoiam a sua sentença de morte, de acordo com o site Algeria-focus.

«A nossa filha é vítima de manipulação mental, de lavagem cerebral. Devemos lutar contra este flagelo para salvar as nossas meninas», disse a mãe da jovem, depois de expressar a sua indignação e vergonha pelo seu comportamento.

Em nota difundida na Internet, pais, tios e primos da jovem apoiam a condenação.

«Somos uma família muçulmana e não podemos aceitar essas práticas, que afetaram seriamente não só a nossa imagem, mas a imagem das mulheres tunisinas e da nossa religião, o Islão», escreveram.

Foto: Captura de video

Entrevista na TV, Amina diz que não foi por motivos sexuais que exibiu os seios

Numa entrevista na televisão, Amina Tyler, antes de sair de circulação, demonstrou a sua admiração pelas ativistas do Femen e a sua luta a favor da igualdade de géneros. A tunisiana admitiu que não imaginou que a foto pudesse causar tanta comoção.

«É só uma maneira de passar uma mensagem. Não foi por motivos sexuais, mas para defender os direitos da mulher» - disse.

«Se eu postasse uma foto minha vestindo uma camiseta com o mesmo slogan, não teria qualquer impacto. Eu quero que a mensagem seja lida. O corpo de uma mulher é dela, não do seu pai, seu marido ou do seu irmão», afirmou.

Foto: Facebook

Mulheres de todo mundo repetem o gesto de Amina em apoio a tunisiana

Uma petição online pedindo que o governo tunisiano proteja a ativista já conta com mais de 80 mil assinaturas enquanto no Facebook da Femen dezena de mulheres de todo o mundo, envia fotos de apoio a tunisiana Amina Tyler.

As ativistas do Femen se tornaram famosas por suas manifestações provocadoras em defesa dos direitos das mulheres, em muitas das quais aparecem seminuas, quase sempre com os seios à mostra.


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