6 de fev. de 2013

Clima de desconfiança entre PT e PMDB após eleição de Henrique Alves para presidência da Câmara

BRASIL - Conchavos
Clima de desconfiança entre PT e PMDB após eleição de Henrique Alves para presidência da Câmara
Peemedebistas, na figura do deputado Henrique Eduardo Alves ganharam o cargo de presidente da Câmara, mas a vitória acabou revelando que o PT não estava de tudo unido no apoio prometido. Por outro lado, para turvar as aguas vazou que Lula sugeriu a Dilma, a substituição de Michel Temer, por Eduardo Campos, como vice, na hora da reeleição.

Foto: Jose Cruz/ABr

Vitória menor do que a esperada, recado de petistas, ameaça de socialistas

Postado por Toinho de Passira
baseado no texto de Fernanda Krakovics, para O Globo
Fontes: O Globo, G1

A baixa votação obtida pelo deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), eleito presidente da Câmara com apenas 22 votos além do necessário, azedou ainda mais o clima entre PT e PMDB rumo a 2014.

Os peemedebistas atribuem grande parte da responsabilidade pelo desempenho considerado ruim a traições de petistas, apesar do acordo entre os dois partidos para que Alves fosse o presidente da Casa, e relacionam esse comportamento à próxima disputa presidencial.

Embora a relação sempre tenha sido de desconfiança, o mal-estar entre PT e PMDB se instalou quando o ex-presidente Lula sugeriu à presidente Dilma Rousseff, no último dia 25, que ceda sua vaga de vice em 2014 para Eduardo Campos (PSB). Esse assunto dominou parte da reunião da bancada do PMDB na Câmara, nos últimos dias.

O tom predominante dos debates foi de beligerância em relação ao PT e ao governo, com reclamações sobretudo quanto ao espaço do partido na administração Dilma e à liberação de emendas parlamentares. O novo líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), reforçou o recado de que não haverá alinhamento automático. A cúpula do partido evita expor a insatisfação, mas ela é verbalizada pela base do partido.

— Nossos amigos do PT nos acham os companheiros necessários, mas indesejáveis. Lá no placar do Henrique estava escrito que o vice para a próxima eleição, se possível, não será nosso.

Parte dos votos do Júlio Delgado (PSB) é um recado para nós — disse aos colegas o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS).
Foto: José Cruz/ABr
Júlio Delgado (PSB-MG), o objeto da discordia entre PTxPMDB, abençoado ou não por Eduardo Campos
Mesmo com 271 Henrique Eduardo Alves, sentiu-se desprestigiado pela maciça votação do candidato oposicionista na campanha do socialista Júlio Delgado (PSB-MG), que teve 165 votos. Apesar de não ter o apoio explícito do presidente do partido, o Governador Eduardo Campos, todo mundo sabe que Delgado só saiu candidato com a benção tácita do pernambucano, que não deixa acontecer nada dentro do seu partido, sem a sua permissão e participação.

A grita foi geral, mesmo deputados considerados sem expressão não se furtaram a ecoar na reunião a insatisfação da cúpula do PMDB com o PT e a preocupação com o futuro da aliança em 2014.

— Quero falar da preocupação com os 271 votos de Henrique. Eu tinha certeza que seriam de 380 a 400. Temos que fazer uma reflexão se houve uma jogada por trás para desmanchar a chapa em 2014 de Dilma e Michel (Temer) — afirmou o deputado Celso Maldaner (PMDB-SC).

A articulação de Lula tem o intuito de tirar Eduardo Campos da disputa pela Presidência da República em 2014 fora do campo governista. Nos planos do ex-presidente, o PT apoiaria a candidatura do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) para o governo de São Paulo, como compensação aos peemedebistas pela perda da Vice-Presidência. Esse desenho, no entanto, encontra resistência nos dois partidos.

Quando a conversa entre Lula e Dilma vazou, a presidente apressou-se em ligar para o vice-presidente Michel Temer para dizer que isso não estava em seus planos e que pretendia repetir a aliança em 2014. Já Lula ficou calado e não procurou a cúpula do PMDB.

Temer não quer abrir mão da vaga de vice, e essa troca não é considerada vantajosa para o partido, além de encontrar resistências no PT. Os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde), além do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, desejam disputar o governo de São Paulo.

Já no PSB o clima é de desconforto com a articulação de Lula, já que tudo o que o partido não quer neste momento é ficar em segundo plano, pois sonha com voos políticos maiores. Aliados de Eduardo Campos afirmam que não foram procurados nem por Dilma nem pelo ex-presidente. Os socialistas estão cautelosos porque percebe que Lula age simplesmente para embolar o jogo, já que a articulação para tirar o PMDB da Vice-Presidência em 2014 é considerada difícil de ser implementada. E se fosse para valer, não teria vazado, pois numa conversa reservada entre Dilma e Lula, só vaza o que se quer que seja vazado.

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