13 de dez. de 2012

Chávez está morrendo ou blefando?

VENEZUELA
Chávez está morrendo ou blefando?
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, passou por uma quarta cirurgia, em Cuba, no histórico de tratamento de um câncer. Pela primeira vez, as autoridades da Venezuela e ele próprio admitiu que o problema é grave. As vésperas das eleições regionais, há quem acredite que Chávez, está usando seu estado de saúde, que não pode ser tão agudo como apregoa para impor nova derrota, as oposições, nas eleições regionais que acontecerão no próximo domingo em todo o país. Tudo é possível

Foto: AFP

"(Que) nosso povo esteja serenamente preparado para enfrentar esses dias duros, complexos e difíceis que teremos de viver", afirmou Maduro, visivelmente consternado, em cadeia nacional.

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Texto de Toinho de Passira
Fontes: Reuters , BBC Brasil, Terra, El Mundo, Estadão, El Nacional, Opera Mundi

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, enfrentará um processo pós-operatório "complexo e difícil", anunciou nesta quarta-feira seu vice-presidente, Nicolás Maduro, - indicado pelo presidente como seu possível sucessor se algo vier a lhe acontecer - num tom de quem está preparando a população para o pior, o que ele chamou de próximos "duros".

No último sábado, Chávez anunciara que voltaria a Cuba para realizar uma nova cirurgia para combater a reaparição do câncer na zona pélvica. A cirurgia, realizada nesta terça, foi qualificada de "bem-sucedida" pelo governo. É o quarto procedimento cirúrgico a que se submete o presidente venezuelano.

Reiterando o chamado à unidade de Chávez, Maduro utilizou nesta quarta o novo "mantra" do governo para tranquilizar a população. "Nós, aqui, em nome das forças políticas da revolução, em nome do mando político, podemos dizer que estamos mais unidos que nunca, espiritualmente, politicamente; estamos unidos na lealdade a Chávez e a nosso povo", afirmou Maduro.

Ao seu lado estavam o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e o ministro de Energia e Petróleo, Rafael Ramirez. Ambos acompanharam a cirurgia de Chávez em Havana e retornaram nesta madrugada a Caracas.

Pouco depois das declarações de Maduro, o ministro de Comunicação, Ernesto Villegas, publicou uma nota ainda mais pessimista:

"Confiemos que, com o amor de milhões, o comandante se recuperará logo e virá tomar o comando antes de 10 de janeiro. Se não for assim, nosso povo deve estar preparado para entendê-lo", afirma. "Irresponsável seria ocultar o delicado momento atual e dos dias que estão por vir."

Foto: EFE

Chávez é apresentado agora como um mártir, um lider messianico

Se Chávez ficar impossibilitado de dirigir o país, Maduro assumiria o cargo até 10 de janeiro, data marcada para a posse de Chávez. Depois disso, a Constituição venezuelana determina que o presidente da Assembleia Nacional - atualmente Cabello, um dos principais aliados de Chávez - assuma interinamente a Presidência e convoque novas eleições presidenciais em 30 dias.

A oposição também foi surpreendida com a recaída de Chávez e se preocupa caso tenha que ir a eleições presidenciais novamente. Publicamente, os dirigentes opositores desejam a recuperação do presidente e evitam falar em nomes que poderiam assumir a candidatura presidencial.

Diante desse cenário, as eleições para governadores, no próximo domingo, são consideradas cruciais, em especial no estado de Miranda, onde fica a capital Caracas. Nesse estado, a disputa é entre o ex-candidato presidencial Henrique Capriles e o ex-vice-presidente Elias Jaua.

Foto: AFP

Henrique Capriles concede entrevista coletiva em Caracas; o ex-candidato à presidência busca reeleição como governador de Miranda

Para analistas, se Capriles vencer, poderia se consolidar como líder da oposição e sairia fortalecido para competir novamente na eleição presidencial. Caso perca, haverá um novo cenário de disputa interna entre a coalizão opositora para eleger o candidato que enfrentaria Nicolás Maduro - candidato já apontado por Chávez - se novas eleições tenham de ser convocadas.

Publicamente, Capriles tenta evitar comentar a possibilidade de ir a eleições presidenciais.

Até a recaída de Chávez, não havia clima de campanha para as eleições regionais. Agora tudo mudou. Em comício, os candidatos chavistas afirmam que votar por eles "é votar por Chávez". A candidatura da oposição se vê mais uma vez ofuscada por Chávez, ainda que a disputa não seja diretamente com o presidente.

Diante da incerteza quanto à recuperação de Chávez, o clima no país é de consternação entre a maioria da população, que vê em Chávez mais que um líder político.

"Chávez é nosso líder, mas também é nosso amigo, irmão, pai, ele representa a pátria que resgatamos com essa revolução", afirmou à BBC Brasil Tommy Menezes, assistente social, que acompanhava uma vigília em solidariedade ao presidente na emblemática praça Bolívar, em Caracas.

Desde o anúncio da recaída da saúde do presidente, dezenas de missas e cultos ecumênicos foram realizados tanto na capital, como no interior do país, pedindo por sua recuperação.

O tom messiânico com que a figura de Chávez passou a ser tratada desde que foi anunciada a doença, em junho do ano passado, é alvo de críticas de seus opositores. " Em vez de Estado, temos uma religião", escreveu Alberto Barrera, um dos biógrafos do presidente, no Twitter.

Ao apontar Maduro como seu substituto na liderança da revolução, Chávez tenta garantir a "sucessão" dentro do chavismo, sem fraturas internas de disputa pelo poder. Ao mesmo tempo, de acordo com analistas, ele transfere a comoção gerada em torno a seu estado de saúde a favor da candidatura de Maduro.

Chávez deverá está mesmo enfrentado uma situação crítica, depois da quarta cirurgia, ele sabia que seria assim, quando voltou à Venezuela e apontou como seu possível sucessor, o seu vice-presidente, Nicolás Maduro.

Mas ninguém duvida, que mesmo nessa situação limite, ele seria capaz de usar seu estado de saúde, para atrapalhar a oposição na tentativa de tomar o poder, pela via eleitoral.

Mesmo a beira do túmulo, Chávez continua com apostando no controle da situação política na Venezuela.

Foto: Fernando Llano/AP



O povo auto mobilizado nas ruas, chorando, gritando e orando por Chávez


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