29 de nov. de 2012

Morre aos 75 anos o jornalista Joelmir Beting

BRASIL - Luto
Morre aos 75 anos o jornalista Joelmir Beting
Joelmir tinha um estilo muito próprio e elaborado de comentar a economia, traduzindo o economês em poucos palavra sempre com um humor mordaz, afiado e requintado. Foi filho pai e avô do jornalismo econômico brasileiro

Foto: Divulgação/BAND

Joelmir Beting, o tradutor do economês

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, O Globo, Band, G1

O jornalista Joelmir Beting, de 75 anos, morreu à 0h55m desta quinta-feira. Ele estava em coma irreversível. No domingo, sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) no Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul da capital paulista, onde estava internado desde o dia 22 de outubro, devido a uma doença autoimune que tinha nos rins.

De boia fria aos sete anos no interior de São Paulo a um dos principais jornalistas de economia do país. Nascido em 21 de dezembro de 1936 em Tambaú, Joelmir Beting se formou em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), mas foi o jornalismo a profissão que escolheu.

Antes mesmo de concluir o curso em 1962, ele já começara na carreira em 1957, quando trabalhou em jornais como O Esporte e Diário Popular, ambos em São Paulo, fazendo matérias sobre futebol. Trabalhou também na rádio Panamericana (atual Jovem Pan), Gazeta, Bandeirantes e CBN.

Ao concluir a sua gradução em sociologia, decidiu investir no jornalismo econômico, tornando-se anos mais tarde um dos mais importantes nomes da área. Começou revisando estudos de viabilidade econômica em uma consultoria de São Paulo. Em 1966, foi para a "Folha de S. Paulo", onde começou na então lançada editoria de Automóveis. Dois anos depois, foi para a editoria de economia, onde editou a seção. Em janeiro de 1970, passou a publicar uma coluna diária.

Ficou na "Folha" até o início dos anos 90. Em 1991, levou sua coluna para o "Estado de S.Paulo", onde foi publicada até o fim de 2003. Sua coluna também foi publicada pelo jornal "O Globo", entre 1979 e 2003. Em 2003, Joelmir Beting estrelou uma polêmica campanha publicitária para os fundos de investimento do Bradesco. Pioneiro em conferir simplicidade aos textos jornalísticos, ele foi um dos primeiros nomes a fazer comentários diários sobre economia na televisão.

Na TV, passou pela Gazeta, Record e Bandeirantes. Teve passagem longa pela TV Globo, onde trabalhou de 1985 até 2003, passando ainda pelo Espaço Aberto, na Globo News. Após deixar a TV Globo, voltou para a Bandeirantes em março de 2004, onde permaneceu até ser internado.

Ele era comentarista de economia do Jornal da Band e fazia parte do grupo de apresentadores do Canal Livre, veiculado aos domingos. Fazia ainda comentários diários no canal BandNews. Na rádio, participava do programa Jornal Gente da rádio Bandeirantes. Ele tinha ainda seu próprio site, dedicado a análises econômicas.

Joelmir também dedicou parte de sua vida à literatura. Publicou os livros "Na Prática a Teoria é Outra" (Impress, 1973) e "Os Juros Subversivos" (Brasiliense, 1985). Com o cardeal Paulo Evaristo Arns e João Pedro Stédile, lançou "Igreja, Classe Trabalhadora e Democracia" (Paulinas, 1984).

Joelmir era casado com a jornalista Lucila Beting e pai de Mauro Beting, também jornalista, e de Gianfranco Beting, publicitário.

Mauro Beting, o filho, estava no ar pela Rádio Bandeirantes quando recebeu a notícia sobre a morte do pai, Joelmir Beting. Emocionado, Mauro conteve as lágrimas e leu uma carta em homenagem a um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro, o palmeirense Joelmir Beting:

Veja um trecho da carta:
"Nunca falei com meu pai a respeito depois que o Palmeiras foi rebaixado. Sei que ele soube. Ou imaginou. Só sei que no primeiro domingo depois da queda para a Segunda pela segunda vez, seu Joelmir teve um derrame antes de ver a primeira partida depois do rebaixamento. Ele passou pela tomografia logo pela manhã. Em minutos o médico (corintianíssimo) disse que outro gigante não conseguiria se reerguer mais.

No dia do retorno à segundona dos infernos meu pai começou a ir para o céu. As chances de recuperação de uma doença autoimune já não eram boas. Ficaram quase impossíveis com o que sangrou o cérebro privilegiado. Irrigado e arejado como poucos dos muitos que o conhecem e o reconhecem. Amado e querido pelos não poucos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

Meu pai.

O melhor pai que um jornalista pode ser. O melhor jornalista que um filho pode ter como pai.
Leia a carta na íntegra.

Joelmir Beting conta a história de quando
criou, sem querer, a expressão "Gol de placa"


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