8 de out. de 2012

Chávez ganhou outra vez, de novo

VENEZUELA – Eleição 2012
Hugo Chávez ganhou outra vez, de novo
Os venezuelanos decidiram manter Chávez no poder até 2019. Esse será o quarto mandato consecutivo do presidente venezuelano, que ocupa o Palácio Miraflores desde 1999. O país, porém, aparece dividido, 45% dos eleitores votaram o opositor Henrique Caprilles, o maior resultado anti-Chávez dos últimos 13 anos


Detalhe da primeira página, de hoje, de dois dos principais jornais de Caracas

Postado por Toinho de Passira

Fontes: G1, BBC Brasil, El Nacional, El Universal

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, conquistou neste domingo (7), o quarto mandato consecutivo, e deverá governar o país até 2019, completando 20 anos ininterruptos no comando.

Chávez enfrentou seu maior desafio eleitoral contra o ex-governador do estado de Miranda, Henrique Capriles Radonski, que conseguiu capitalizar o descontentamento acumulado durante os anos de chavismo.

O resultado eleitoral em números diz que Hugo Chávez venceu com 54.42% (7.444.082 votos) dos votos e Henrique Capriles Radonski, se opositor, perdeu com 44,97% (6.150.544 votos).

Aos 58 anos, Hugo Chávez Frías, que acumulou um enorme poder e popularidade em seus quase 14 anos no comando da Venezuela, tem sido o líder indiscutível do país desde que assumiu a presidência.

Tenente-coronel da reserva, que sempre cresceu nas adversidades, Chávez fez uma campanha limitada, inclusive com ausências intermitentes, mas conseguiu se manter à frente na maioria das pesquisas, embora algumas tenham apontado uma diminuição da diferença entre ele e o adversário na reta final.

Conseguiu deixar para trás as incertezas causadas por um câncer, que nunca teve a gravidade revelada. Ele declarou estar livre da doença em julho passado, um ano após o diagnóstico, após três cirurgias, mas também advertiu que não seria o presidente hiperativo e onipresente do passado.

Deixou de fazer o “Alô Presidente”, seu longo programa televiso dominical, e reduziu seu ritmo de atividades e compromissos. Aumentou o ritmo na reta final, numa campanha comandada pelo marqueteiro brasileiro João Santana, responsável pelas campanhas exitosas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff.

Foto: Tomas Bravo / Reuters

Cháves, no discurso da vitória da sacada do Palacio Miraflores, exibindo uma réplica da espada de Simón Bolivar

A aparente fraqueza não ofuscou o líder impetuoso, ousado e provocador tão bem conhecido pelos venezuelanos desde 1992, quando liderou um golpe frustrado contra um desgastado sistema bipartidarista.

A tentativa o levou para a cadeia, mas também o tornou conhecido e em 1998 conquistou pela primeira vez a eleição presidencial. Desde então, foi reeleito em 2000 e em 2006, quando derrotou Manuel Rosales com 62% dos votos contra 37%, após um golpe contra ele (2002) e uma greve do petróleo (2003).

Seis anos depois, ele mantém sua ligação com as classes populares, sua base eleitoral, e que reage com entusiasmo a seus discursos, especialmente quando ele canta e dança a música estridente de campanha "Chávez, coração do povo".

Chávez pediu a vitória para tornar "irreversível" o seu sistema socialista e acelerar o Estado comunista, algo que os críticos veem como uma nova manobra para concentrar mais poder em suas mãos. Não hesitou em falar em uma “ameaça de guerra civil” caso o rival ganhasse as eleições.

Comandante-em-chefe das Forças Armadas e presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que tem maioria na Assembleia Nacional, Chávez também controla a mídia estatal.

Como presidente, apelou aos poderes para governar por decreto por 18 meses até junho, o que permitiu aumentar sem limites a dívida pública.

Nunca, e apesar das ausências provocadas pelo tratamento do câncer em Cuba, Chávez insinuou ter um possível sucessor.

Considera-se protagonista de uma segunda independência da Venezuela, país com uma das maiores reservas mundiais de petróleo, o que lhe permitiu financiar milionários programas sociais de ajuda aos pobres.

Foto: Ariana Cubillos / AP

A comemoração nas ruas de Caracas

POPULARIDADE

Sua popularidade contrasta com a rejeição pela classe média, afetada pelas restrições econômicas impostas em nome de sua revolução e pelas políticas de desapropriação de empresas privadas.

Seu discurso beligerante tem polarizado a sociedade, ao demonizar seus oponentes e queimar todas as pontes de entendimento com a outra metade do país -politicamente, uma estratégia muito rentável, admitem fontes próximas ao governo.

Chávez trata seus homólogos no plano internacional com a mesma intensidade, respeito ou desprezo, chegando a dizer que havia sentido cheiro de "enxofre" na tribuna da Assembleia Geral da ONU, em 2007, depois de ter passado pelo então presidente americano, George W. Bush.

Ele retomou do líder cubano Fidel Castro, seu mentor, as bandeiras contra os Estados Unidos e liderou um grupo de governos regionais de esquerda hostis a Washington. Também teceu parcerias com os governos polêmicos de Irã, Belarus e Líbia.

Mas tem sido pragmático o suficiente para continuar a vender diariamente para os Estados Unidos um milhão de barris de petróleo.

Com seus petrodólares, também estabeleceu iniciativas regionais como o grupo de coordenação política Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e subsidiou o petróleo da Petrocaribe.

Filho de professores primários e criado por sua avó paterna, Chávez cresceu na localidade de Sabaneta (Barinas, oeste).

Casou e se divorciou duas vezes, e tem quatro filhos (duas mulheres e um homem do primeiro matrimônio e uma menina, do segundo), e três netos.

Se a saúde deixar e se for possível, daqui a seis anos ele será candidato de novo. Vencerá?


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