1 de set. de 2012

"Brasil vai crescer menos do que os EUA”, diz Forbes

BRASIL - Economia
“Brasil vai crescer menos do que os EUA”, diz Forbes
Analistas internacionais destacam o mau desempenho do país, com queda do IBC-Br de maio, além de desaceleração na indústria e no comércio. O Brasil perdeu o posto de sexta maior economia do mundo, devolvendo a vaga para o Reino Unido e há quem diga que ele pode sair dos BRICs, o grupo de nações emergentes.

Foto: Luiz Maximiano/VEJA

SEGURA PEÃO - Mesmo com esforços de Dilma para estimular o consumo, economia perde lugar no ranking mundial

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Veja, Banco Central do Brasil, Financial Times, Veja

A publicação do “Índice de Atividade Econômica do Banco Central” (IBC-Br), de junho, jogou combustível ao argumento de que o modelo do Brasil, baseado no desenvolvimento impulsionado pelo estado, tem levado o crescimento a um beco sem saída”, diz Financial Times

"Existe um risco cada vez maior de o crescimento do PIB brasileiro ficar ainda mais fraco que os 2% de avanço que espero para os EUA", afirma Robert Wood, da EIU

Depois de ser um dos “queridinhos do mercado” no ano passado, o Brasil não é mais visto pelos investidores internacionais como um lugar sem crise e em pleno desenvolvimento. Matéria da revista Forbes desta quinta-feira destaca que entre os BRICs – grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China – o país é o que vai crescer menos. A reportagem ressalta que a economia doméstica terá desempenho pior que a americana, epicentro da crise financeira internacional, que até hoje luta para voltar a crescer. “A projeção é que os Estados Unidos cresçam 2% neste ano, o maior avanço entre os países desenvolvidos. Entretanto, o PIB do Brasil parou completamente, dando-lhe o pior desempenho entre os quatro maiores emergentes (BRICs)”, diz a Forbes.

A revista Forbes que pôs Dilma na Capa como a 3ª mulher mais poderosa do mundo diz agora que “o Brasil pode estar num beco sem saída”.
A Forbes lembra ainda que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia divulgado dois indicadores ruins em julho: as vendas do varejo caíram 0,8% em maio ante abril, a maior baixa desde novembro de 2008, e a produção industrial mostrou declínio mensal de 0,9%, o que significou o terceiro resultado negativo consecutivo neste tipo de comparação.

PROJEÇÕES – A expectativa de que o país passe vexame entre os emergentes e fique, inclusive, atrás de uma economia desenvolvida em dificuldade, a americana, é endossada por analistas. Robert Wood, da Economist Intelligence Unit (EIU), afirmou ao site de VEJA que, por ora, suas projeções apontam para uma expansão de 2% tanto para a economia dos EUA como para a do Brasil.

"Mas existe um risco cada vez maior de o crescimento do PIB brasileiro ficar ainda mais fraco que os 2% que espero para os EUA", destacou. Também consultado pela reportagem, Jim O'Neill, economista do Goldman Sachs e o criador do termo BRICS, procurou não endossar a projeção pessimista da Forbes. "Espero alta de 3,4% para o PIB do Brasil neste ano e 2,2% para a economia americana, mas vou revisar esses dados na semana que vem", declarou.

FRACASSO DO MODELO – Outras publicações, como o prestigiado jornal britânico Financial Times, também registraram a queda do IBC-Br nesta quinta-feira. Sob o título “Economia brasileira: indo para lugar nenhum”, o jornal inglês diz ainda que o indicador “jogou combustível ao argumento de que o modelo do Brasil, baseado no desenvolvimento impulsionado pelo estado, tem levado o crescimento a um beco sem saída”.

O jornal contesta a efetividade das medidas – monetárias e econômicas – tomadas pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda para alavancar o consumo e dar suporte à indústria. “Com o México crescendo em seu espelho retrovisor, líderes brasileiros devem pensar se não poderiam aprender com os concorrentes de crescimento mais rápido e pensar em reformas, como a do mercado de trabalho”. Na quarta-feira, o Banco Central anunciou novo corte na taxa Selic, para 8% ao ano, destacando o fato de que a desaceleração da economia e a crise internacional abrem espaço para a queda dos juros.

O The Wall Street Journal, afirma que o Brasil é, em parte, vítima de seu próprio sucesso. Com o real em alta na última década e investidores colocando bilhões de dólares no país, a indústria doméstica agora tem dificuldade de competir no mercado externo. A apreciação do câmbio descortina, na prática, as deficiências estruturais da economia brasileira. O grande problema, segundo analistas consultados pelo WSJ, é que o modelo de crescimento do Brasil – que mistura exportação de commodities, protecionismo industrial e a demanda do consumidor alimentada pelo crédito – parece ter perdido o fôlego.

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O OTIMISTA - Analistas duvidam que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, consiga evitar um 'pibinho', mesmo diante do seu otimismo exagerado

FORA DOS BRICS? – A publicação lembra também que o economista Jim O’Neill acredita que a desaceleração pode levantar questões sobre a permanência do Brasil no grupo dos BRICs. Ele tem argumentado, segundo o WSJ, que o país pode ter atingido seu limite de crescimento e agora os investidores estariam migrando para outras economias da região como México, Chile, Colômbia e Peru, que crescem mais que o Brasil.

DE VOLTA AO SÉTIMO LUGAR - Por esse fraco resultado no segundo semestre, a economia brasileira, perdeu ao posto de sexta economia mundial, - posto que havia sido atingido no início do ano com o anúncio dos resultados econômicos de 2011, desbancando o Reino Unido. Ainda que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostre um estranho otimismo em relação aos próximos trimestres, o resultado do PIB no primeiro semestre – coloca o país de volta à sétima posição, atrás de Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, China e Estados Unidos.

Segundo dados da Economist Intelligence Unit (EIU), centro de estudos econômicos ligado à tradicional revista britânica The Economist, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos últimos doze meses soma 2,391 trilhões de dólares, ante 2,415 trilhões de dólares da Grã-Bretanha. No ano passado, a economia brasileira produziu riquezas que totalizaram 2,48 trilhões de dólares, enquanto o país europeu somou 2,26 trilhões de dólares.

Segundo o analista da EIU, Robert Wood, além da desaceleração econômica, a desvalorização do real foi crucial para a queda no ranking. Em março de 2012, a moeda americana era cotada a 1,71 real, enquanto, no final de junho, estava em 2,03 reais – mesmo cotação desta sexta-feira.

Em abril deste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia alertado, em seu relatório trimestral, que o Brasil perderia o posto de sexta economia devido ao enfraquecimento do real.

O resultado frustrante ocorre mesmo após as inúmeras medidas de estímulo anunciadas pelo governo federal: o Planalto tem tentado aquecer a economia com medidas que vão do protecionismo para estimular a indústria nacional até a pressão para o corte de juros e expansão do crédito por parte dos bancos públicos e privados.

Por último, a presidente Dilma decidiu apelar para o que realmente impulsiona o crescimento sustentável do país: os investimentos em infraestrutura por meio de um agressivo plano de privatizações: o PAC das Concessões.

Contudo, o anúncio veio tarde demais para salvar o PIB de 2012.


*Este post é baseado em textos de Naiara Infante Bertão e Ana Clara Costa

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