22 de jul. de 2012

Na despedida de Diva Pacheco:
aplausos, lágrimas, cirandas, baiões e frevos

PERNAMBUCO - Luto
Na despedida de Diva Pacheco:
aplausos, lágrimas, cirandas, baiões e frevos
O funeral de Diva foi o último espetáculo produzido pela produtora teatral Diva Pacheco. Nem muito despojado, para não ser comum, nem muito pomposo para não ser besta. O cortejo fúnebre teve uma trilha sonora de marchinhas, frevos, cirandas, canções do pastoril, xotes e baiões executada pela Banda do Brejo da Madre de Deus. Cada ocorrência era identificada ao personalíssimo estilo Diva Pacheco. Acabou sendo calorosamente ovacionada, como sempre fora, ao longo da vida. Bravo! Bravo! Bravo!

Foto: Memorial Nova Jerusalem

Diva Pacheco, 20 anos, no esplendor da beleza

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Sulanca News, Diário de Pernambuco, NE 10, TV Asa Branca, Globo Nordeste

O corpo da atriz Diva Pacheco foi enterrado, ontem, sábado, no Teatro de Nova Jerusalém, em Fazenda Nova, onde brilhou de diversas maneiras ao lado do marido, Plínio Pacheco, falecido em 2002.

Foto: Captura de video/NE TV

O velório e a missa, de corpo presente, aconteceram dentro da cidade Teatro de Nova Jerusalém, no Palácio dos Asmoneus, de onde se tem uma vista privilegiada de quase todos os palcos onde acontece a encenação da Paixão de Cristo.

Era um funeral de uma amada soberana, em seu reino, cercada de súditos e admiradores. A maioria dos presentes fez um percurso de mais de 200 km, numa manhã de sábado, para render homenagem, a mútipla e singular mulher: ao mesmo tempo estrela e amiga, atriz e figurinista, produtora teatral e escritora, mãe e anfitriã, debochada e profunda, menina e mulher.

Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

A emoção tomava conta da varanda onde o corpo estava postado. Havia uma sensação de orfandade. O féretro, com Diva vestida com o figurino de Nossa Senhora, personagem que ela magistralmente incorporou por mais dez anos, dominava a cena.

O público presente era apaixonado e variado. Enfilervam-se no mesmo plano autoridades, como o vice-governador, João Lyra Neto, que representava o Governo do Estado, mas ali estava também, como cidadão, amigo e admirador. Dividia espaço com o deputado cassado Pedro Correa, vizinhos, funcionários do teatro e da Pousada da Paixão, figurantes da encenação da Paixão de Cristo, agricultores e os habitantes de Fazenda Nova, do Brejo da Madre de Deus, onde está situada geograficamente a cidade teatro, construída por Diva, e seu marido, Plínio Pacheco.

O sanfoneiro Savinho, sobrinho dela, tocou “Saudades do Sítio Jucá”, composta, por ele, para homenagear a tia Diva.

Sob uma chuva fina, o corteja funebre iniciou seu trajeto, seguindo os caminhos de Nova Jerusalém, percurso tantas vezes percorridos por Diva em vida.

Foto: Toinho de Passira/ “thepassiranews”

Como no funeral de Plínio Pacheco, à frente do cortejo, estavam três centuriões, cavaleiros de Pilatos, integrantes da encenação da Paixão de Cristo.

Na caminhada Diva passou pela última vez, pelo arruado, onde é encenado um dos momentos mais emocionantes do espetáculo, a Via Sacra, quando Nossa Senhora encontra Jesus, conduzindo a cruz. Esse era o momento em que Diva, no papel de Nossa Senhora, entrava em cena, no espetáculo.

Os amigos mais próximos e atores, dizem que depois de colocar as vestimentas do personagem de Nossa Senhora, ela sempre tão brincalhona e risonha, recolhia-se num introspecção profunda, meditando em oração, sobre a dor da mãe de Jesus, naquele instante extremo.

Não raro, os espectadores que assistiam mais de perto a cena, testemunhavam a atriz Diva dilacerada e verdadeira, debulhada em sinceras lágrimas, num instante que ultrapassava em muito, os limites de uma simpleas interpretação.

Foto: Captura de video/NE TV


Foto: Toinho de Passira/ “thepassiranews”

O toque pessoal do funeral de Diva foi o acompanhamento da pequena mais eficiente Banda do Brejo da Madre de Deus, que entoava marchinhas de carnaval, cirandas, xotes e baiões um repertório encomendado especialmente pela atriz, para “animar” os amigos presentes. Todos sabiam que ela faria de tudo para que seu funeral não fosse um evento choroso.

Surpreendeu os menos próximos, quando a banda tocou Vassourinhas, no instante em que o caixão baixou à sepultura. Foi um dos momentos mais tocantes da cerimônia. Era contrastante ver as pessoas chorando ao som de uma das mais vibrantes, entre as músicas do carnaval pernambucano. A emoção era por conta de que todos sabiam que aquele momento, como nenhum outro, naquele dia, era “a cara de Diva Pacheco”.

Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press


Foto: Toinho de Passira/ “thepassiranews”


Foto: Toinho de Passira/ “thepassiranews”

Agora Diva repousa no Campo Santo, dentro dos muros da cidade teatro, ao lado de Plinio Pacheco. Quando os amigos forem visitá-la, poderão apreciar, no Parque das Orquídeas, ao lado do Lago de Betsedá, espécimes variadas da flora regional. Cactos, suculentas, algaves e trepadeiras, simulam o éden na caatinga.

Estamos certo, que na próxima primavera do agreste, do solo fértil de Nova Jerusalem, brotará uma flor silvestre, rara e transgressora, demarcando o lugar onde Diva Pacheco foi semeada.


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