21 de jun. de 2012

No caminho da Rio+20, os problemas ambientais do Rio

BRASIL - Rio+20
No caminho da Rio+20, problemas ambientais do Rio
A BBC Brasil mostrou que desde o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, no Rio, até o Riocentro, na Barra, onde ocorre os principais eventos da conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, esbarra-se com inúmeros problemas ambientais crônicos que enfeiam e comprometem a cidade maravilhosa.

Foto: Yann Arthus-Bertrand

Imagem do fotografo e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand, da exposição “A Terra vista do Céu” expostas na Cinelândia, Centro do Rio, durante a Rio+20.

Postado por Toinho de Passira
Fonte: BBC Brasil

culpado é o transporte e o grande agravante são os engarrafamentos. Os automóveis andam na primeira e segunda marchas e o nível de emissão de gases é muito maior", diz.

O esgoto e lixo que chegam ao Canal do Cunha (ou do Fundão), trecho da Baía de Guanabara entre a Ilha do Fundão e o continente, levaram ao assoreamento do canal pelo acúmulo de sedimentos. Nos últimos anos, uma obra de dragagem melhorou o escoamento da água, mas a água ainda é bastante poluída e emite um mau cheiro marcante na entrada da cidade. O acúmulo de lixo ainda persiste, como se vê por este ângulo abaixo da Linha Vermelha.

A Estação de Tratamento da Alegria trata o esgoto e devolve a água à Baía de Guanabara, mas opera abaixo de sua capacidade porque não foi ligado a todo o sistema de coleta da zona norte do Rio. Segundo o ambientalista Sérgio Ricardo, a estação foi construída como parte do programa de despoluição da Baía de Guanabara, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, mas o estado não a concluiu a construção do tronco coletor para fazer as ligações domiciliares até lá. "Então grande parte do esgoto ainda é lançado in natura na Baía de Guanabara", afirma.

A ocupação irregular do solo é vista nas comunidades que margeiam a Linha Vermelha. Nas favelas que formam o Complexo da Maré, não há esgotamento sanitário e o esgoto é lançado diretamente na Baía de Guanabara, diz José Araruna, da PUC-Rio. De acordo com o Censo 2010 do IBGE, 83% dos domicílios de favelas do estado do Rio não têm esgotamento sanitário. Na capital fluminense, mais de 1/5 dos moradores moram em favelas.

A ocupação de encostas e o desmatamento também são problemas gerados pela construção irregular de favelas, como se vê nas casas construídas sobre a segunda galeria do Túnel Rebouças. A construção em encostas costuma estar associada à disposição inadequada de resíduos sólidos e à falta de redes de esgoto, fatores que contribuem para problemas de saúde público na população. Além disso, o uso inadequado do solo traz o risco de deslizamentos em épocas de chuva.

A Lagoa Rodrigo de Freitas é um dos cartões postais do Rio, mas durante décadas foi degradada por efluentes. A poluição teve sua face mais visível em episódios de mortandade de peixes. Desde 2010, o assoreamento vem sendo combatidos pelo projeto Lagoa Limpa, que recebe investimentos da EBX. A qualidade da água teve melhora considerável, mas ainda há comunidades que despejam resíduos não tratados nos rios que desembocam na Lagoa, diz José Araruna.

O Censo 2010 indicou que a Rocinha, em São Conrado, é a favela mais populosa do país, com 69 mil habitantes. A favela ocupou uma área de floresta ao longo de décadas e ainda se expande verticalmente. Segundo José Araruna, da PUC-Rio, o principal problema hoje é a falta de esgotamento adequado. "Cerca de 90% da favela é atendida com água tratada, mas parte do esgoto ainda está sendo lançado no mar sem tratamento", diz. O resultado são péssimos índices de balneabilidade na praia do Pepino, onde aparecem línguas negras quando chove.

Assim que se chega à Barra, na zona oeste do Rio, vê-se a Lagoa da Tijuca, área nobre cercada de mansões. A aparência engana. A lagoa está "em estado terminal", diz o ambientalista Axel Grael. Com o acúmulo de sedimentos, parte do espelho d'água já não tem mais profundidade e não raro sofás e pneus afloram. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff anunciou recursos de R$ 300 milhões para recuperação do complexo lagunar da Barra da Tijuca e Jacarepaguá e Canal da Joatinga, compromisso assumido pelo Rio para a Olimpíada de 2016.

Ao fim do trajeto, chega-se ao Riocentro, o centro de convenções onde chefes de estado estarão reunidos entre 20 e 22 de junho para discutir "O futuro que queremos", nome dado ao documento que deverá ser aprovado ao fim da conferência. Na região no entorno dos cinco pavilhões, a poluição dos rios e da Lagoa de Jacarepaguá, a favelização e a falta de alternativas de transporte sustentáveis serão os problemas mais próximos dos visitantes.

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