4 de jun. de 2012

Ausência de Marta melou lançamento de Haddad

BRASIL – São Paulo- Eleições 2012
Ausência de Marta melou lançamento de Haddad
Preterida na escolha do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, a senadora Marta Suplicy faltou ontem à festa de lançamento da campanha de Fernando Haddad e causou forte constrangimento à cúpula do partido e irritou Lula. O motivo deflagrador da rebelião, além das antigas mágoas, foi o fato de que ela teria sido chamada indiretamente de “velharia sem entusiasmo”, por Lula, no Programa do Ratinho

Foto: Antonio Cruz/ABr

Para Lula, Marta representa a “o velho e o desmotivado” do PT paulista> Ela, a rainha do botox e da cirurgia plástica rejuvenescedora, ficou p...

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Folha de São Paulo, Blog do Reinaldo Azevedo, O Globo, Veja

A Senadora Marta Suplicy, 67 anos, embaraçou a festa de lançamento da campanha de Fernando Haddad, a Prefeitura de São Paulo, com sua espetacular ausência. Após ter confirmado a presença, não ter ido, não ter dado explicações e ter de deixado o celular desligado, assim como seus assessores, segundo a Folha de São Paulo, irritou o ex-presidente Lula e o pré-candidato, que havia preparado discurso com elogios à gestão dela no município (2001-2004).

"Fiquei chateado, né? Todos nós gostaríamos que ela estivesse aqui", disse Haddad. Questionado se Marta deu alguma justificativa, ele foi lacônico: "Não".

Apesar do desconforto, os petistas se esforçaram para não melindrar a ex-prefeita. Ela foi elogiada em quatro discursos, inclusive nos de Lula e do pré-candidato.

Derrotada nas últimas duas eleições municipais, a senadora queria disputar prévias contra Haddad. O PT a forçou a desistir e entregou a chapa ao preferido de Lula sem consulta aos filiados.

Depois disso, Marta se recusou a participar dos atos da campanha e fez críticas públicas à escolha do ex-rival.

Numa festa em homenagem a Lula no último dia 21, ela disse que "não basta o novo" para vencer a eleição paulistana.

Os petistas acreditam, devido os resultados dos últimos pleitos, que a ex-prefeita é puxadora de votos do PT na periferia, de São Paulo, exatamente onde Haddad é pouco conhecido. Por isso, a sigla acredita que o apoio explícito dela é fundamental na eleição.

Foto: Jorge Araújo/Folhapress

No lançamento da candidatura do ex-ministro Fernando Haddad (à esq.) a prefeito de São Paulo, a falta de Marta foi compensada com a presença de José Dirceu, o chefe da quadrilha dos mensaleiros, que cumprimenta Lula e sentou na mesa de honra.

O PT usou toques de superprodução no evento, que reuniu cerca de 2.000 pessoas num centro de exposições na zona norte da cidade.

Na entrada de Haddad, telões simulavam uma queima de fogos, acompanhada por sonoplastia. O publicitário João Santana, que fez campanhas de Lula e da presidente Dilma Rousseff, dirigia câmeras para a propaganda de TV.

Ele apresentou o jingle da campanha, em ritmo de rap, e o slogan "O homem novo para um tempo novo". Cartazes misturavam fotos de jovens a símbolos de redes sociais para reforçar a ideia de modernidade. Tudo para espantar a “velharia sem entusiasmo.”

Segundo o Blog do Reinaldo Azevedo, no “Programa do Ratinho”, a senadora e ex-prefeita foi humilhada, tratada como velharia, o que é obviamente injusto. Atenção! “Injusto”, deixo claro, segundo os critérios e a história do próprio PT. Lula foi notavelmente grosseiro com a “companheira”.

Respondendo a pergunta do apresentador, “Por que é que o Haddad foi escolhido para ser o candidato a prefeito?”, Lula respondeu:

— “Olhe, por uma razão muito simples: convivi com Haddad durante o tempo que eu fui presidente da República; convivi com a Marta durante 30 anos…”

— “A Marta já foi prefeita, uma belíssima prefeita em São Paulo, mas eu achava que era o momento de a gente apresentar uma coisa nova para a cidade de São Paulo. (...) Porque veja: o Fernando Haddad, com essa cara boa, bonita aí…” “Então eu acho, acho que São Paulo precisa ter alguém que tenha o entusiasmo que ele teve cuidando da educação no Brasil (…)”
Marta Suplicy filiou-se ao PT, em 1981, há 31 anos, quando o partido tinha apenas um ano de fundação. Sua entrada, como a do seu então marido Eduardo Suplicy, membros quatrocentões da elite paulistana (ela é neta do terceiro Barão de Vasconcelos e ele da tradicional família dos Matarazzo), foi saudada como um arejamento do partido, considerado até então como uma insignificante legenda de operários esquerdistas.

Lula não gostava do rei que Marta tinha na barriga, quando ele era Presidente da República e ela Prefeita de São Paulo
Apesar dessa militância histórica e importante, Lula vem tratando Marta na porrada, desde que ela não conseguiu se reeleger. Consta que quando sentada na cadeira de Prefeita de São Paulo, ela tinha um rei na barriga e tratava o então presidente num igual para igual, que o incomodava.

Eleitoralmente forte, comandando a maior cidade da americana latina, Marta tinha frequentes ataques de estrelismos imperiais, e por vezes não ouviu ou não atendia postulações do presidente Lula e pior ainda, desagradava com frequência o perigoso José Dirceu.

Naqueles tempos, Marta Suplicy, que apesar de ter se divorciado do senador Eduardo Suplicy, manteve o sobrenome do marido, imaginava-se no topo de uma onda em irreversível ascenção: após ser reeleita prefeita, disputaria o governo de São Paulo e depois, quem sabe, sucederia Lula na presidência.

Mas seu balão murchou quando em 2004, tentando a reeleição perdeu com 600 mil votos de diferença, para José Serra, no segundo turno.

Depois disso vem levando a pior, dentro do partido e nas urnas. Em 2006, perdeu para o colega de partido Aloizio Mercadante as prévias internas do PT, com quem disputou a indicação do partido para o Governo de São Paulo. Como consolação foi indicada a assumir a coordenação da campanha à reeleição do presidente Lula, no estado de São Paulo.

Lula assumiu o segundo mandato e não incluiu Marta imediatamente, na relação dos ministeriaveis. Foi uma espera penosa, desgastante e humilhante. Marta pretendia ser Ministra da Educação, uma pasta forte, que lhe daria projeção para tentar novo cargo executivo no futuro. Depois de muito esperar, Marta foi indicada por Lula, para o morno Ministério do Turismo. Dos tempos que foi ministra ficou registrado apenas que cuidando da crise dos aeroportos superlotados, ela disse que “os passageiros deviam relaxar e gosar...”

Saiu do ministério e consegiu a indicação do partido para se candidatar a prefeita de São Paulo, novamente e perde par Gilberto Kassab.

Foto: Agência Globo

Marta, mão de ferro, na vice-presidência do senado, repreendendo o ex-marido Eduardo Suplicy, por ter, na tribuna, extrapolado o tempo

Na onda da eleição de Dilma, surpreendentemente, cosegue se eleger Senadora da República por São Paulo e no Congresso se elegeu primeira vice-presidente do Senado.

Era tudo que bastava para a antiga Marta imperial retornar: sentada na bancada da presidência do senado, na ausência do presidente José Sarney, comando os trabalhos do plenário, com mão de ferro e não raro trata os companheiros senadores com um tom de superioridade a que eles não estão acostumados.

Dentro desse clima achava que seria a candidata natural, mais uma vez, a prefeita de São Paulo, e desde que começou a ouvir que Lula tinha outro candidato, insubordinou-se, exibiu sua desaprovação publicamente, e agora culminou com essa ausência vexatória, que turvou o pretenso triunfal lançamento da candidatura de Haddad. Na cobertura do lançamento da candidatura, a imprensa fala mais dela como desfalque do que do apagado e e desconhecido candidato Haddad.

Foto: José Cruz/Agência Senado

Acredita-se que Marta não vai resistir às pressões, e de uma forma ou de outra, acabará apoiando o candidato petista, pelo menos aparecendo no programa eleitoral da TV. Mas até lá, o candidato Haddad e o ex-presidente Lula vão ter que se submeter aos caprichos, rebolar e prometer mundos e fundos, para ter a velha e desmotivada Marta na campanha.

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