23 de mai. de 2012

"On the Road", do brasileiro Walter Salles, estreia em Cannes

FRANÇA - FESTIVAL DE CANNES
"On the Road", do brasileiro Walter Salles, estreia em Cannes
O livro cult de Jack Kerouac Pé na Estrada, um hino à liberdade da juventude regado a sexo, álcool e drogas, entrou na disputa pela Palma de Ouro do Festival de Cannes nesta quarta-feira (23) pelas mãos do diretor brasileiro Walter Salles, em um filme considerado por suas estrelas um tributo às revoluções de hoje.

Foto: Getty Images

O diretor brasileiro Walter Salles e a atriz Kristen Stewart do elenco de 'On The Road' durante entrevista com a imprensa no 65º Festival de Cannes, França, nesta manhã de quarta-feira, 23.

Postado por Toinho de Passira
Fontes: R7, Reuters , Terra, The New York Times

A Bíblia da Geração do Beat, "On the Road" estreou no Festival de Cannes nesta quarta-feira, demorando mais de cinco décadas para a história frenética da libertação, masculinidade e América pós-guerra levar sua jornada do livro para a tela grande.

Furiosamente escrito numa máquina de escrever durante uma farra criativa de três semanas em 1951, "On the Road", de Jack Kerouac, é o retrato da cultura do "Beat" e sua busca espiritual para se expressar.

A versão cinematográfica do diretor brasileiro Walter Salles ("Diários de Motocicleta") se esforça para capturar a energia e o fluxo de consciência guiado por drogas do livro original.

Salles é ajudado pelo ator britânico Sam Riley no papel do protagonista Sal Paradise, uma versão do próprio Kerouac, e pelo ator norte-americano Garrett Hedlund como Dean Moriarty, que representa o verdadeiro Neal Cassidy, um símbolo da virilidade americana e garoto-propaganda sobre como viver o momento.

"As únicas pessoas que me interessam são as loucas", escreve Paradise, e Moriarty se encaixa na descrição. O golpista encantador e aventureiro se torna alter ego de Paradise, e sua amizade intimamente próxima é retratada através de uma série de viagens pela estrada.

Foto:

O ator Garret Hedlund, o diretor Walter Salles, e os outros integrantes do elenco, Tom Sturridge, Kristen Stewart, Danny Morgan, Kirsten Dunst, o produtor Roman Coppola, e os atores Sam Riley e Viggo Mortensen, diante do Palacio do Festival de Cannes, minutos antes do lançamento do filme 'On The Road', França

"É sobre a perda da inocência, é sobre a busca daquela última fronteira que eles nunca vão encontrar", disse Salles a jornalistas em Cannes. "Trata-se também de descobrir que este é o fim da estrada e o fim do sonho americano."

Kristen Stewart de "Crepúsculo" interpreta a jovem esposa de Moriarty Marylou, Kirsten Dunst interpreta a segunda esposa Camille e Viggo Mortensen aparece como Old Bull Lee, que é baseado em William Burroughs.

Salles disse que ele e a equipe tiveram "um enorme respeito por Kerouac", que ajudou a conduzir o processo a partir do momento em que Francis Ford Coppola comprou os direitos cinematográficos do livro em 1979.

A idéia de transformar "On the Road" em um filme foi se perdendo "até que Walter levantou a mão e disse eu acho que eu posso fazer este filme", contou o filho de Coppola, Roman, que é coprodutor. "Demorou 30 anos, mas combinou naturalmente com Walter."

As primeiras resenhas foram mistas. Roger Friedman, da Forbes, escreveu que o roteirista Jose Rivera conseguiu capturar "a viagem, a poesia e o olhar".

"É a vida interior dos personagens que sofrem. Salles filmou o livro fielmente. Ao fazê-lo, é como se nós estivéssemos observando ''On the Road'' ao invés de experimentar a aventura de Sal. Isso vai frustrar os críticos e estudiosos de Kerouac."

Foto: Divulgação

Sam Riley, Kristen Stewart e Garrett Hedlund, numa das cenas do filme “On the Road.” do director brasileiro Walter Salles

FILME DE ESTRADA

Drogas, sexo e jazz são fundamentais para "On the Road", à medida que a busca dos personagens por liberdade de corpo e mente os leva para clubes de jazz, casas de drogas, campos de migrantes e depósitos ferroviários.

"Acho que um filme de estrada foi o que me tornou cineasta e eu sou muito leal a isso", disse Salles à imprensa.

Ele contou que encontrou paralelos entre a busca de Kerouac por inspiração por meio do jazz e do bebop ao escrever seu romance com um estilo de improvisação, e o trabalho de diretor.

"Você sempre tem que estar atento para o que você encontra ao longo do caminho, é uma maneira de criar imagens fantásticas."

A câmera de Salles capta a vastidão da América -e a promessa de algo novo virando a esquina- desde as luzes de Nova York até as colinas de San Francisco e a longa extensão de estrada plana e céu infinito no meio.


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