21 de mai. de 2012

Chen Guangcheng, o dissidente chines, está em Nova Iorque

CHINA - ESTADOS UNIDOS
Chen Guangcheng, o dissidente chines, está em Nova Iorque
A chegada do dissidente Chen, aos Estados Unidos, põe fim, a quase um mês de tensas, complexas e intrincadas negociações entre Pequim e Washington. Após o dissidente chinês, em fuga, ter se abrigado na Embaixada Americana na China..

Foto: Dave Sanders/The NewYork Times

O ativista Chen Guangcheng no aeroporto em Nova Iorque, acompanhado de sua esposa

Postado por Toinho de Passira
Fontes: G1, The New York Times, BBC, The Guardian, China Digital, ”thepassiranews”

O ativista chinês cego Chen Guangcheng, um dos dissidentes chineses mais conhecidos da atualidade, chegou no final da tarde deste sábado (19) aos Estados Unidos após a China permitir que deixasse o hospital em que estava, em Pequim, pondo fim a uma tensão diplomática entre os dois países.

O voo da United Airlines levando Chen, sua esposa e dois filhos posou no Aeroporto Internacional de Newark, em Nova Jersey, pouco depois das 18 horas (19h de Brasília). De lá, eles seguiram para a Universidade de Nova York no bairro de Greenwich Village, em Manhattan.

O dissidente chinês, Chen Guangcheng, agradeceu a acolhida que recebeu dos Estados Unidos:

"Estou muito agradecido", declarou o militante em suas primeiras palavras no solo americano, antes de destacar "a calma e a moderação" do governo chinês, que permitiu sua viagem aos EUA.

Apoiado em muletas, devido a um ferimento na perna causando durante a fuga, Chen concedeu uma rápida entrevista coletiva em chinês, traduzida simultaneamente, na qual agradeceu a todos que o ajudaram nas "numerosas turbulências".

O ativista foi calorosamente aplaudido pelos presentes diante do apartamento no complexo residencial universitário Washington Square Village, no sul de Manhattan, onde residirá com sua esposa e os dois filhos.

"Espero que não tenham mentido para mim, que tenham sido sinceros", disse Chen sobre o governo em Pequim, possivelmente no que se refere a permissão de voltar à China, após a conclusão dos estudos na Universidade de Nova York, onde cursará Direito, como estudante convidado.

Chen Guangcheng, advogado autodidata, é um dos mais conhecidos ativistas chineses, por ter, entre outras coisas, por ter denunciado esterilizações forçadas e abortos tardios impostos pela política de filho único na China. Por causa disso foi mantido em prisão domiciliar por um ano enquanto era julgado de um processo onde acabou sendo condenado a quatro anos de encarceramento.

Após cumprir integralmente a pena, foi libertado da prisão formal, em 8 de setembro de 2010, mas permaneceu sob prisão domiciliar em sua casa em Dongshigu Village, até que em 22 de abril de 2012, quando escapou indo abrigar-se na embaixada dos Estados Unidos em Pequim.

Foto: Dave Sanders/The NewYork Times

O ativista Chen Guangcheng falou a jornalistas em Nova York, acompanhado de do Professor Jerome A. Cohen, da Universidade de Nova Iorque, que o acolheu como aluno convidado

Uma autoridade do alto escalão da Casa Branca disse neste sábado que dá boas vindas ao ativista e elogiou os esforços diplomáticos em Washington e Pequim que aliviaram uma disputa sobre a situação do dissidente.

"O sr. Chen, sua esposa e dois filhos estão a caminho para os Estados Unidos. Nós comemoramos o rumo que as negociações tomaram e o fato de que ele será capaz de estudar no país quando chegar", disse o funcionário do Conselho de Segurança Nacional Ben Rhodes.

"Estamos satisfeitos, já que fomos capazes de alcançar uma resolução sobre o assunto", disse

Antes da viagem, Chen passou algumas horas de angústia no aeroporto à espera de passaporte e do voo. Mais cedo, o jornal 'South China Morning Post' havia divulgado uma declaração do ativista dada por telefone: 'Estou no aeroporto. Não tenho passaporte. Não sei quando sairei. Acho que vou para Nova York'.

Foto: Associated Press

O advogado ativista Chen Guangcheng é visto durante os momentos dramáticos que viveu na embaixada americana em Pequim

Chen foi visitado no último dia 16 no hospital de Chaoyang - onde estava internado - por funcionários do Escritório de Segurança Pública de sua província, Shandong, que lhe levaram os formulários para que tanto ele como seus familiares mais próximos solicitassem os passaportes.

Esse primeiro passo dado pelo regime comunista para permitir a viagem de Chen ocorreu um dia após os Estados Unidos anunciarem que já tinham prontos os vistos do ativista e de sua família.

Em comunicado divulgado neste sábado, o líder da ONG ChinaAid, Bob Fu, se mostra satisfeita com a causa: "ChinaAid e a família de Chen estão profundamente agradecidos pela ajuda incansável da comunidade internacional, incluindo os esforços da embaixada dos Estados Unidos e do Congresso americano".

Chen saiu da embaixada no início de maio, quando a secretária Estado americana, Hillary Clinton, estava em Pequim, uma coincidência incômoda para a diplomacia americana e chinesa.

Um acordo entre os dois países foi concluído após difíceis negociações.

A China aceitou conceder "o mais rápido possível" os passaportes que permitirão a viagem de Chen Guangchen e sua família, enquanto Washington prometeu conceder os vistos de entrada nos Estados Unidos.

O The New York Times comenta que “a China tem um padrão de permitir que alguns dissidentes incomodos deixem o país, a fim de minimizar o impacto de seu ativismo em casa”, uma vez que é muito dificil exercê-lo à distância.

Foto: Dave Sanders/The NewYork Times

O governo chinês aposta, que como aconteceu com outros dissidentes,Chen Guangcheng, que agora desperta tanta atenção da mídia ocidenta, longe do país e das suas causas, vá paulatinamente sendo esquecido, perdendo a importância e deixando de ser um pesadelo na história dos direitos humanos da China


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