14 de abr. de 2011

Márcio Alexandre Alves , o Sargento herói

BRASIL
Márcio Alexandre Alves , o Sargento herói
O sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que parou o atirador autor da chacina no colégio Tasso da Silveira, vira ícone do policial que as cidades brasileiras precisam. Sua ação dignifica o trabalho das corporações policiais, mais comumente noticiadas nos seus momentos negativos. O seu exemplo serve tanto para angariar a simpatia da população, como para servir de modelo aos integrantes das forças policiais.

Foto: Reuters

Sargento Alves, um herói brasileiro reverenciado pela mídia internacional

Postado por Toinho de Passira
Fonte: Veja - 11/04/2011, G1

O momento em que o sargento Márcio Alexandre Alves com precisão, profissionalismo, serenidade e eficiência, parou com um único disparo o atirador de Realengo, passa para a história como uma ação policial perfeita. Foi uma operação de alto risco, com muitas chances de erro e apenas uma maneira correta de ser executada.

Sem poder esperar por instruções, reforços ou receber ordens superiores, o militar assumiu a responsabilidade da ação, acompanhado de dois subordinados os cabos Denilson Francisco de Paula e Edinei Feliciano da Silva, sem titubear.

Cada minuto de vacilação, da sua parte, podia significar a vida ou a morte de crianças indefesas. Alves estava em desvantagem diante do atirador: não conhecia as instalações do colégio, nem possuía qualquer informação do inimigo que iria enfrentar.

Tinha apenas a noticia do garoto Alan, que fugira da chacina, baleado na cabeça, ombro e na mão, e o encontrou trabalhando numa blitz de transito, a cerca de dois quarteirões do colégio e lhe avisara sobre o atirador.

Ninguém estaria lhe criticando hoje, se ele tivesse cercado a escola e esperado pela chegada das unidades policiais encarregadas de agir em situações como essa.

Mas seu senso de responsabilidade como policial e cidadão não lhe permitiu apenas cumprir o dever de rotina. Sem pensar na própria segurança invadiu o prédio disposto a cumprir sua missão.

Guiado pelos sons dos disparos chegou ao segundo andar e de repente ficou cara a cara com o atirador que recarregava seu revólver ao pé da escada que o levaria ao 2º andar.

Como manda as boas regras policiais ainda deu uma chance ao bandido ordenando-lhe que “abaixasse a arma” e se entregasse. Ao invés de atendê-lo, o atirador tentou reagir, só então, cumprida as regras, Alves disparou.

Mesmo nesse instante extremo, teve a cautela de alvejar, visando apenas imobilizar o bandido, acertando-lhe a perna. Comprovando a versão do sargento Alves, a perícia constatou, mais tarde, que depois de ferido o atirador suicidou-se, com um tiro na cabeça.

A lei permitia que Alves tivesse atirado mortalmente no atirador de Realengo. O ato estaria enquadrado na mais autêntica das extinções de punibilidade, a “legítima defesa”, prevista no Código Penal Brasileiro:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato em legítima defesa. A lei define Legítima defesa como a “defesa necessária utilizada contra uma agressão injusta, atual ou iminente, contra direito próprio ou de terceiro que inclui sempre o uso moderado, proporcional e necessário.”

“Policiais com experiência em situações de conflito que visitaram o local da barbárie concluíram que o sargento Alves e os cabos Denilson Francisco de Paula e Edinei Feliciano da Silva, correram muitos riscos. Eles agiram em um ambiente propício a todo tipo de erro. "É raro, numa circunstância como aquela, o policial ter calma para atingir apenas o alvo, sem matá-lo e sem machucar mais ninguém.

O que o sargento Alves fez foi extraordinário", disse o coronel Djalma Beltrami, coordenador do salvamento e responsável pelas investigações iniciais.

Ainda no local dos acontecimentos o sargento recebeu uma ligação do filho de 12 anos, que reconheceu a voz do pai na televisão.

"Ele ficou preocupado. Ao ouvir sua voz, eu me dei conta da gravidade do que havia passado. Choramos juntos."- disse o herói sensível e família, na sua versão humana de cidadão comum.

Casado com uma enfermeira, Alves tem ainda uma menina de 4 anos. Ganha cerca de 2 500 reais por mês na PM e seu único patrimônio é uma casa em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.

Proclamado como herói, promovido pelo governador do Rio por ato de bravura, a 2º Sargento, o sargento Alves não cansa de declinar, desse merecido título, dizendo apenas que “cumpriu o seu dever”, mostrando cada vez mais que possui o caráter e a dignidade dos verdadeiros heróis.

No comovente encontro, registrado pelo Jornal Nacional, que teve com o menino Alan, que atingido três vezes consegui chegar até ele para avisar o que estava acontecendo no colégio. O sargento Alves disse ao garoto que ele era o verdadeiro herói da história.

“Está todo mundo falando que eu sou herói, mas você é mais herói do que todos nós. Se não fosse você que tivesse avisado, não teríamos chegado lá”.

Adiante, ao receber a promoção das mãos do presidente da República em exercício, Michel Temer, mostrou-se agradecido pelo reconhecimento, mas lamentou ter que receber a homenagem:

- Preferia não estar recebendo essa homenagem. Preferia que as crianças estivessem aqui hoje - disse Alves usando as palavras com a mesma precisão que fizera quando da ação que o transformou num herói inconteste.


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