17 de dez. de 2010

A libertação do fundador do WikiLeaks, em Londres

WikiLeaks
A libertação do fundador do WikiLeaks, em Londres
O juiz londrino, encarregado do processo, concedeu liberdade sob fiança condicional ao australiano Julian Assange, que deverá aguardar, em liberdade, o julgamento do pedido de extradição da justiça da Suécia, onde é acusado de crimes sexuais

Foto: Getty Images

Diante do Tribunal londrino, Assange, ladeado por seus advogados, exibe o alvará de soltura

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Estadão, O Globo, Diario de Notícias, The Independent, Jornal Publico, El Pais,

O editor-chefe do WikiLeaks, Julian Assange, 39 anos, foi libertado sob fiança nesta quinta-feira, após uma semana conturbada em que apresentou-se a justiça inglesa, por estar sendo procurado devido um pedido de extradição emitido pela Suécia, onde é acusado de crimes sexuais.

Assange disse aos jornalistas, reunidos na frente do Tribunal, de onde acabará de ser libertado, que estava contente em respirar o ar fresco da liberdade, afirmando que continuará a lutar para provar sua inocência.

A decisão do juiz Duncan Ouseley, do Tribunal Superior de Londres, permite que o fundador do site WikiLeaks, possa responder, em liberdade, o processo do pedido de extradição.

Na terça-feira, o juiz londrino estipulou uma fiança de 200 mil libras, cerca de R$ 600 mil, para que Assange recebesse o beneficio da liberdade condicional.

Foto: Reuters/El Pais

Mark Stephens, o advogado do australiano (foto) veio a público declarar que ele não dispunha dessa quantia, pois as doações feitas ao WikiLeaks estavam bloqueadas, inclusive as enviadas as companhias de cartões de crédito MasterCard e por pressões do governo americano.

Imediatamente um movimento mundial pela libertação de Assange fez com que, em dois dias, toda a quantia especifica fosse arrecadada. Entre os doadores estão celebridades como o realizador norte-americano Michael Moore, a ativista dos direitos humanos Bianca Jagger (primeira mulher de Mick Jagger), a ex-namorada do ator Hugh Grant, Jemina Khan, e até o biólogo John Sulston, vencedor de um Nobel.

A audiência em que foi concedida a fiança, teve uma novidade bem ao estilo WikiLeaks: foi a primeira vez, que um juiz britânico autorizou que o público twitasse durante a sessão de julgamento, sendo acompanhada no exterior minuto a minuto, atráves de mensagens no Twitter, enviadas por dois jornalistas britânicos presentes na sala.

O advogado afirma veementemente que por trás dessas acusações está o serviço secreto americano, ansioso por lhe por as mãos. Denuncia que a extradição de Assenge para Suécia é um estratagema, que tem como objetivo final conseguir extraditá-lo para os Estados Unidos.

Segundo reportagem do jornal americano "New York Times", o Departamento de Justiça dos Estados Unidos está buscando provas para acusar Assange de conspiração. Eles tentam provar que o ex-hacker australiano estimulou ou até mesmo ajudou o soldado americano Bradley Manning a extrair dos computadores do governo os documentos vazados pelo WikiLeaks. Acusado pelo crime, o militar Manning está preso, deverá ser julgado por uma Corte Marcial, por alta traição.

As acusações, atuais, contra o australiano centram-se em relatos de duas mulheres suecas, voluntárias do WikiLeaks. A primeira diz que Assange teria continuado com uma relação sexual, antes consentida, mas depois forçada, após o preservativo ter-se rompido. Outra o acusa de ter mantido com ela relações sexuais, sem preservativo, quando estava ainda meio adormecida, apesar de adiantar que na noite anterior terem feito sexo consensual (com preservativo).

Foto: Reuters/El Pais

Vaughan Smith, o militar britânico, anfitrião de Assenge, corajoso defensor do jornalismo independente

Em liberdade condicional, Assange usará uma pulseira eletronica e não poderá deixar a casa colocada à sua disposição por um apoiante da WikiLeaks, um capitão aposentado do Exército britânico, Vaughan Smith, jornalista de guerra e fundador do Frontline Club - um clube para repórteres, que defende o jornalismo independente.

Foto: Reuters

O local da prisão domiciliar de Julian Assange, mansão rural georgiana, no condado de Suffolk

Foi na sede do clube, perto da estação de Paddington, que Assange viveu nos últimos dias antes de se entregar à polícia. Agora, ficará na residência de Smith conhecida como “Ellingham Hall”. Trata-se de uma mansão vitoriana com dez quartos incrustada numa propriedade de 160 hectares a 200 km de Londres. O fundador da WikiLeaks teria pedido, sem sucesso, por questão de segurança, que o seu endereço não fosse revelado.

Foto: Getty Images

Hoje, pela manhã, depois da primeira noite em liberdade, diante de um campo gelado tendo ao fundo a mansão que lhe serve de prisão domiciliar, Assange falou com a imprensa e disse que as divulgações continuarão a acontecer no WikiLeaks e que seu maior temor é ser extraditado para os Estados Unidos.


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