2 de dez. de 2010

Começa a cair na real à ação policial no Rio

RIO DE JANEIRO
Começa a cair na real à ação policial no Rio
Abusos praticados por policiais contra moradores; sumiço de dinheiro do trafico apreendido na operação; evidências de facilitação de fugas de bandidos avisados com antecedência ameaçam manchar vigorosamente, sem não forem tomadas rigorosas e medidas punitivas, a participação das forças de segurança no Complexo do alemão.

Foto: Felipe Dana/Associated Press

Postado por Toinho de Passira
Fontes: Folha de São Paulo, Estadão, Ultimo Segundo, The Big Picture – The Boston Globe

Ainda se comemorava o sucesso da operação no Complexo do Alemão, quando começaram a surgir os primeiros relatos desagradáveis de abusos de poder por parte de integrantes da Forças de Segurança, contra inocentes moradores. Violência gratuita, roubos de dinheiro, destruição de eletrodomésticos, espancamentos e humilhações compõem o leque de delito cometido pelos policiais contra as famílias residentes na área.

O governo do Rio, diante dos fatos montou uma ouvidoria especial, instalada no local, para apurar as queixas dos moradores, prometendo apuração dos delitos. Sabe-se que, por temor de revide, nem todos os ofendidos terão coragem de se queixar, sobre os delitos de maus policiais, mas mesmo assim formaram-se filas de queixosos.

Alguns setores defendem que o Ministério Público tome as rédeas dessa investigação de difíceis resultados práticos, com a identificação e punição dos culpados, pela grandiosidade da operação, envolvendo milhares de policiais, com uniformes parecidos, e sem identificação. Os moradores poderão pelo menos serem indenizados como forma compensatória pelos prejuízos e humilhações.

A Folha de São Paulo de ontem, diz que o vexame, porém, é bem maior: já há uma investigação em curso apurando desvios de dinheiro e armas do tráfico de drogas, além de facilitação de fuga de traficantes, supostamente informados com antecedência por policiais sobre as operações.

As evidências são muitas: estranhamente, por exemplo, com 1.600 homens envolvidos na ação, as polícias Militar e Civil não relataram nenhuma apreensão de dinheiro nem apresentaram números e a descrição exata das armas apreendidas.

Um dos indícios de irregularidade, segundo a Folha de São Paulo, é que o Exército, com 800 militares, relatou a apreensão de "US$ 50 mil mais R$ 20 mil" no sábado.

Mas, na versão da 22ª Delegacia de Polícia, na Penha, a quantia apreendida pelo Exército foi menor: de US$ 27 mil mais R$ 29 mil (mais da metade do dinheiro sumiu).

Segundo relato do jornal, “uma autoridade que pediu para não ter o seu nome divulgado disse que está havendo no Alemão "uma verdadeira caça ao tesouro", o que está deixando vários policiais honestos indignados”.

Suspeita-se que o dinheiro que deveria ter sido apreendido tenha saído da favela em mochilas de policiais, enquanto carros de polícia eram usados para levar pertences como televisores.

Contrariados por presenciar esses furtos, integrantes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) atiravam nas telas de TVs que estavam sendo levadas, disse uma fonte à Folha.

Também a Policia Federal com um efetivo de apenas 300 homens, e com espaço menor de ação, apreendeu R$ 39.850, em dinheiro, e mais armas, de maior poderio e mais novas.

Ontem, 01, a secretaria disse que apreendeu 135 armas velhas, em sua maioria.

Só em dois carros do traficante Negão, a PF achou oito fuzis, sendo dois AK 47, um AR-15 e um FAL 762, além de oito pistolas e um revólver. Todos em bom estado.

Sabe-se que o Bope entregou 11 armas apreendidas, incluindo duas metralhadoras, à PF, ao invés de fazê-lo a Policia Civil, como era de sua obrigação. Imagina-se que eles adotaram tal prática temendo desvio do material apreendido, que possam acabar novamente nas mãos dos traficantes.

A cúpula da segurança também investiga denúncias e indícios de que policiais teriam avisado traficantes sobre o cerco, em troca de dinheiro, permitindo a fuga dos bandidos.

Isso não é nenhuma novidade, em agosto, a Folha revelou que a Secretaria de Segurança investiga a existência de uma "caixinha" do tráfico da Rocinha para pagar policiais que dão informações sobre ações contra o tráfico.

O resultado final ainda é favorável a operação, que conseguiu expulsar os bandidos encastelados no morro. Quanto mais o estado se mostrar disposto a ter uma mão pesada contra os infratores das forças de segurança, como contra os traficantes, maior brilho agregará ao feito.


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