27 de dez. de 2010

BRASIL: FHC entrevistado no Manhattan Connection

BRASIL
FHC entrevistado no Manhattan Connection
“ Eu mudei o Brasil. Sem falsa modéstia. O Brasil era um antes da consolidação da economia e passou a ser outro. O Brasil foi muito melhor do que o que o presidente Lula pegou. O ano que ele pegou piorou por causa dele. Por causa do medo que o mercado tinha do que ele dizia que ia fazer e que, para a sorte de todos nós, não fez." - FHC

Foto: Julia Paquelet/Manhattan Connection

“Fiz um governo de mudanças profundas. O presidente Lula aproveitou a economia e os programas que criamos, para expandir. Mas acredito que muito foi mérito dele também”, comentou Fernando Henrique Cardoso no Manhattan Connection

Postado por Toinho de Passira
Fontes: GNT, Estadão, O Globo

O programa Manhattan Connection, da GNT, entrevistou ontem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) 79 anos. Descontraído FHC afirmou ter sérias dificuldades para entender o que fala a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT). Ironizou dizendo não ter "imaginação suficiente" para adivinhar o que Dilma quer dizer quando começa algum raciocínio e não o conclui.

"Não, não entendo não, eu confesso a você que tenho uma série dificuldade (para entendê-la)", afirmou. "É uma dificuldade minha, você sabe que eu sou curto em inteligência. Às vezes eu não consigo, ela não termina o raciocínio e eu não tenho imaginação suficiente para saber o que ela iria dizer."

Disse também, que o Brasil elegeu Dilma sem saber o que ela pensa, nem conhecê-la o suficiente.

FHC disse que Dilma assumirá um País em condições muito melhores que as que encontrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o sucedeu no cargo. Na avaliação dele, o principal problema a ser enfrentado pela presidente eleita é a questão fiscal. "A Dilma vai pegar uma economia em bom momento, mas vai pegar uma situação fiscal bastante difícil também. Os gastos públicos aumentaram muito e é difícil você aumentar mais o imposto. Vai ter que ter algum ajuste."

Porém, o ex-presidente afirmou que não prevê um cenário pessimista para Dilma e enalteceu as conquistas que o País obteve nos últimos anos, principalmente durante seu governo (1995-2002). Ao falar de si mesmo, FHC fez um autoelogio. "Eu mudei o Brasil, vamos dizer com clareza aqui, sem falsa modéstia. O Brasil era um antes da consolidação da economia e passou a ser outro", afirmou.

Vamos ser francos, o Brasil está melhorando, está melhorando muito, há muito tempo vem melhorando e vai melhorar mais. Depois que você põe em movimento uma máquina, você começa a pedalar e ela vai. Não sou pessimista nesse sentido, mas acho que ela (Dilma) vai ter que fazer alguns ajustes", afirmou.

Foto: Julia Paquelet/Manhattan Connection

Diogo Mainardi perguntou se Lula estava deixando a presidência mais rico do que entrou? Fernando Henrique retrucou: “...se eu disse isso diria que o Presidente roubou.”

FHC também aproveitou para criticar o presidente Lula. "O ano em que ele (Lula) pegou (assumiu o governo) piorou por causa dele, por causa do medo que os mercados tinham do que ele dizia que iria fazer e que, para a sorte de todos nós, não fez."

O tucano condenou a montagem de um dossiê sobre seus gastos e os de sua mulher, Ruth Cardoso (morta em 2008), durante sua gestão na Presidência. O dossiê teria sido feito em 2008 pela então secretária-executiva da Casa Civil Erenice Guerra a pedido da então ministra Dilma, quando o Congresso manifestou interesse em investigar os gastos do presidente Lula e de sua família com cartões corporativos.

"Realmente foi grave aquilo, porque ela (Dilma) telefonou pra a Ruth e disse que não estava fazendo nada", afirmou. "Era simplesmente para justificar os gastos que nunca foram explicados, até hoje, da primeira parte do governo Lula. Inventaram que nós tínhamos gastos que não tínhamos, não havia nem cartão corporativo, não havia nenhum gasto de coisa nenhuma, mas fizeram aquela onda, aquele chantagem toda, foi bastante desagradável."

FHC disse esperar que o ato não se repita durante o governo Dilma. "Mas se quiserem fazer espionagem da minha vida podem fazer à vontade, não tenho nada para esconder, mas espero que não", afirmou. "Eu digo não é o procedimento correto ficar fazendo dossiê."

Sobre as previsões que colocam a economia do Brasil em 5ª lugar, em 2016, o ex-presidente - que governou o Brasil de 1995 até 2003 - é realista. “Nós sabemos lidar com a economia. Não sabemos é lidar com as pessoas, com a segurança, com a justiça, com a saúde, com o meio ambiente... Essa preocupação se vamos ser uma das cinco maiores é desconversar o país. Nós já somos uma das 10 maiores economias do mundo. Vamos tentar ser uma das 10 melhores e não maiores”, opina FHC.

Ao final do programa, é questionado sobre o livro que sugeriria a Dilma. Ele diz “A Democracia na América”, de Alexis De Tocqueville. “Ela já deve ter lido. Eu espero”.

Foto: Julia Paquelet/Manhattan Connection

Noutro momento polêmico do programa, perguntado quem foi o maior presidentes da história do Brasil, FHC citou Getúlihttp://thepassiranews.blogspot.com/2010/12/brasil-fhc-entrevistado-no-manhattan.htmlo Vargas, “apesar de tudo que ele fez de errado com a democracia”, mas acrescentou ainda na sua lista, Campos Sales, Juscelino Kubitschek e o general Castelo Branco, o primeiro mandatário do período do regime Militar no Brasil

Fernando Henrique ainda aproveita para revelar suas preferências gastronômicas e disse ir com frequência ao restaurante de Roberta Sudbrack, a primeira chef do Palácio da Alvorada, diz que recebe um bom desconto quando faz refeição lá, dando panos para sua fama de “pão duro”.

Esse foi o último episódio do “Manhattan Connection” exibido pelo GNT. A partir de 2011, o programa será apresentado pelo canal Globo News.

Veja trechos da entrevista

COMENTÁRIO: Saudade do tempo em que, quando o presidente falava, a gente não morria de vergonha!


Nenhum comentário: