8 de set. de 2010

Venezuela: Defendo sua terra, cidadão português faz greve de fome

Venezuela
Defendo sua terra, cidadão português faz greve de fome
O empresário português, com cidadania venezuelana, Francisco Alves, está em greve de fome exigindo que o governo de Hugo Chávez, devolva as suas terras confiscadas. Alega que o ato não encontra amparo na lei e muito menos na constituição do país. A área não é agrícola, mas industrial, e tem documentação legal, comprovando que a terra é privada há 176 anos

Foto: Angel Chacón/El Carabobeño

O empresário português Francisco Alves, acorrentado na entrada da propriedade esperando justiça

Toinho de Passira
Fontes: Bellingham Herald, Expresso , El Universal, , El Nacional, El Carabobeño

O empresário português Francisco Alves, em greve de fome desde domingo por ter sido informado do confisco de sua propriedade. Apela sem eco, que o Presidente venezuelano, Hugo Chávez, reveja o seu caso e pediu ajuda ao governo português.

O empresário português explicou que "o Governo (venezuelano) pode reconsiderar, pode revogar esta medida" e que "deveria tratar de evitar este tipo de situações que são conflituosas, que fomentam o ódio e a discórdia".

Interrogado sobre a interpretação que poderia dar-se ao seu protesto dada a proximidade das eleições legislativas de 26 de setembro, garantiu não ter qualquer intenção política.

"Eu não tenho nada que ver com a política, eu não sou um político, sou um pessoa de trabalho, eu não tenho nada que ver com a política", disse.

Francisco é natural de Vila Franca de Xira, Portugal, emigrou para Venezuela há 26 anos, onde dedica-se à atividade metalúrgica e instalações industriais.
Francisco Alves espera "solidariedade" da comunidade portuguesa radicada na Venezuela e volta a apelar a Portugal para que intervenha junto dos seus homólogos venezuelanos para que os seus direitos constitucionais sejam respeitados.

"Que o Presidente da República de Portugal (Aníbal Cavaco Silva) e o nosso primeiro ministro José Sócrates, dadas as boas relações que têm com o Governo venezuelano, considerem a possibilidade de intervir eles diretamente neste assunto", apelou.

A ingerir apenas líquidos e acorrentado a um dos ferros do portão onde funcionava a Sociedade Metalúrgica Civil Somecil, em Mozanga, San Diego, Valência, a 200 quilômetros de Caracas, recorda com amargura que há quatro meses a sua propriedade têm sido alvo de várias invasões.

Os estragos desses invasores ocasionaram prejuízos na maquinaria de sua propriedade e destruição de uma pequena floresta e de um manancial de água mineral.

Sempre que buscou apoio recebeu desconcertantes repostas do Instituto Nacional de Terras (Inti).

"Queriam fazer-me assinar a notificação de um ofício de recuperação desta terra. Isto é uma terra privada que tem 176 anos de tradição legal. Há uma cadeia de titularidade desta terra bem documentada que nós temos e, por isso, não se justifica essa medida que estão a tomar contra a minha propriedade", disse.

Face a esta posição, o empresário português lamenta a resposta que obteve do Inti: "disseram-me que podiam passar até por cima do meu cadáver".

"A partir desse momento, eu considero que estão totalmente violados os meus direitos constitucionais (...) Eu estarei aqui até que tenha alguma resposta positiva de parte do Governo venezuelano", assegurou.

Desde segunda feira que está a receber visitas diárias do novo cônsul geral de Portugal na localidade, António Chrystêllo Tavares.

Foto: Associated Press

A greve de fome do português acontece há uma semana da norte do empresário venezuelano Franklin Brito que faleceu em virtude de várias greves de fomes que realizou desde 2004 defendendo suas propriedades, contra as desapropriações de Hugo Chávez

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