25 de set. de 2010

Chávez ameaçado pelas eleições legislativas

VENEZUELA
Chávez ameaçado pelas eleições legislativas
”Apesar de Chávez não estar disputando essa eleição, o líder de 56 anos está no centro de todos os debates que antecedem a votação, que ocorrerá domingo próximo, dia 26. A oposição espera que sua popularidade em queda encerre o quase monopólio detido pelo governo na Assembleia Nacional (o Congresso venezuelano), que lhe permitiu aprovar leis sem restrição”.

Foto: Getty Images

A oposição sugerindo nos murais que não precisa ter medo de Hugo Chávez.

Postado por Toinho de Passira
Fonte: Miscelânea , Veja Abril, Yahoo Net

Amanhã dia 26, domingo, a Venezuela tem eleições para o preenchimento das 165 vagas de deputados que formarão a Assembleia Nacional, o poder legislativo federal venezuelano.

Hugo Chávez desde 2005 vem governando com uma Assembleia composta por deputados aliados, porque a oposição burramente retirou-se da eleição, prevendo uma fraude monumental.

Acostumado a governar sem o congresso atrapalhar, Hugo Chávez está empenhado nessas eleições como nunca, para manter uma situação pelo menos confortável. Dizem os analistas que esse pleito, para ele, é um plebiscito capaz de medir com precisão sua popularidade, e pode contaminar suas pretensões de se reeleger em 2012, pela quarta vez.

Ultimamente Chávez vem esbravejando que as eleições não serão fraudadas e que o Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) o seu partido terá uma vitória esmagadora.

O que se nota, porém é que o jogo eleitoral está maculado por uma manobra “legal” adotada por Chávez e o seu legislativo amigo, tendo alterado algumas regras para o pleito lhe ser favorável e “redistribuiu os distritos eleitorais em oito dos 24 estados do país para favorecer seu partido na eleição legislativa do próximo domingo”.

“A jogada foi feita em janeiro. Chávez redesenhou as áreas eleitorais de maneira a dissolver os opositores e fortalecer o seu PSUV. A matemática chavista mandou que circunscrições onde a oposição tivesse uma pequena vantagem fossem unificadas com regiões vizinhas favoráveis a Chávez, onde o PSUV era favorito.”

“Já locais onde a vantagem da oposição era muito grande foram realinhados para reduzir o número de eleitos – neles, em vez de dois candidatos elegerem-se, apenas um sairá vencedor. Por fim, algumas áreas em que Chávez liderava foram dividas, para disseminar o número de vencedores.”

O número de votos necessários para garantir a eleição de um representante também mudou. Um voto nas áreas rurais, onde ele tem maior apoio, vale por dois votos nas zonas urbanas.

“Um candidato precisa de 20.000 votos para ser eleito no estado agrário de Amazonas e de 40.000 pra vencer no estado de Zulia, por exemplo,”.

O ditador justificou as mudanças dizendo que a medida “aproxima o eleitor de seu domicílio eleitoral”. Em verdade, aproxima o eleitor do domicílio eleitoral onde há vantagem para o presidente.

Sob forte recessão econômica, a Venezuela vai às urnas neste domingo em eleições cruciais para que se crie um freio ao poder de Hugo Chávez.

Chávez é o primeiro a reconhecer a importância do controle da Assembleia. Na campanha, diz que a manutenção de ao menos dois terços dos deputados, quorum necessário para a aprovação de mudanças constitucionais, é indispensável à continuidade de seu projeto.

A oposição, por sua vez, não alimenta a ilusão de obter a maioria dos assentos na nova composição do Legislativo, já que é forte em apenas 8 dos 24 Estados venezuelanos. Trabalha, contudo para lograr dois feitos. O primeiro é garantir ao menos 56 das 165 vagas em disputa, o que em tese bastaria para barrar iniciativas antidemocráticas de Chávez.

O segundo é conquistar a maioria dos votos na contagem nacional, o que ajudaria a dissuadir o governo da tentativa de aprovar medidas que esvaziem o resultado das urnas no período de transição entre o fim da atual legislatura e o início da nova.

Apesar de ter agido individualmente contra opositores que foram presos ou tiveram cassados seus direitos eleitorais, o presidente venezuelano não proscreveu partidos oponentes nem os impediu de disputar eleições. Permanece, no entanto uma incógnita saber como lidaria com uma oposição com poder para barrar seus arroubos ditatoriais.

A opção dos oposicionistas pela disputa democrática, em contraste com a desastrosa tentativa de golpe em 2002, é uma boa notícia. Um contrapeso ao poder absoluto do presidente será, sem nenhuma dúvida, outra. O risco é que se evolua para o acirramento do confronto, num quadro de divisão nacional que o próprio Chávez tem sido o primeiro a estimular.

Ainda pouco expressivo, o movimento Pátria Para Todos, formado por ex-chavistas, tem reconhecido avanços sociais promovidos pelo atual governante, mas prega o fim da “polarização interessada” entre governistas e opositores. É esse tipo de perspectiva, mais aberta ao entendimento, que faz falta à Venezuela - e que precisa ser incentivada no país.

Foto: Getty Images

Amanhã, sob o olhar de Hugo Chávez, o destino da Venezuela estará nas mãos dos venezuelanos.


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