28 de ago. de 2010

Cuba liberta dissidente filho do ex-vice presidente da Ilha

CUBA
Cuba liberta dissidente filho do ex-vice presidente da Ilha
Juan Juan de Almeida, o dissidente cubano, conseguiu finalmente autorização para se juntar a sua mulher e filha em Miami. Há sete anos luta para deixar o país, para se tratar de uma doença degenerativa nos Estados Unidos. Chegou a ser preso por tentar sair ilegalmente. Ele é filho de um importante líder revolucionário cubano, o falecido ex-vice presidente de Cuba Juan Bosque

Foto: Café Fuerte

ABRAÇO DA LIBERDADE: Juan Juan Almeida recebe, em Miami, o emocionado abraço da esposa Consuelo Quesada e da sua filha, Indira

Pascal Fletcher - Reuters
Fontes: Geración Y, Reuters, Face Book de Juan , Reuters, Estadão, Noticias R7, ANSA Latina, Café Fuerte

O filho dissidente de um herói da Revolução Cubana chegou aos Estados Unidos depois de as autoridades cubanas terem autorizado sua saída do país, após sete anos durante os quais foi proibido de viajar, informou a mídia de Miami nesta sexta-feira.

Juan Juan Almeida, advogado de 43 anos é filho do comandante Juan Almeida Bosque, que morreu em setembro de 2009, teria tido sua saída da ilha comunista autorizada após greve de fome e a mediação do cardeal católico cubano Jaime Ortega.

Almeida, que foi detido brevemente em 2009 por tentar deixar Cuba ilegalmente e fez greve de fome para reivindicar a permissão de deixar o país, reencontrou sua mulher e filha no aeroporto de Miami na quinta-feira, num voo vindo do México.

Foto: Arquivo

Juan Almeida Bosque, o pai, considerado o terceiro homem da Revolução, era vice-presidente de Cuba quando faleceu ano passado, aparece ao lado de Fidel Castro nas fotos históricas da Revolução cubana dos anos 50

Juan Juan disse aos jornalistas que seu objetivo em sair de Cuba visava ficar com sua família e receber tratamento médico nos EUA da sua doença reumática degenerativa.

Na ocasião criticou duramente o presidente cubano Raúl Castro, companheiro de seu falecido pai na revolução cubana de 1959 liderada pelo ex-presidente Fidel Castro, por não ter permitido que partisse antes.

Foto: Getty Images

Quando Juan Bosque faleceu, recebeu honras militares e um pomposo sepultamento. Juan Juan Almeida, o filho, foi impedido pelas autoridades cubanas de participar dos funerais públicos

"Raúl Castro é o principal responsável - mas não o único - por eu não ter podido sair de Cuba nos últimos sete anos para receber o tratamento médico que necessito", disse ele em declarações reproduzidas pelo site cafefuerte.com, de Miami, que divulga assuntos relacionados a Cuba.

Na capa do seu livro uma foto de Juan, aos 5 anos, vestindo uniforme militar e segurando um fuzil de assalto, ao lado do atual presidente cubano Raúl Castro.
Os cubanos precisam de autorização para deixar a ilha, e pessoas que ocupam cargos relacionados à segurança ou que sejam economicamente estratégicas podem ser impedidas de viajar, especialmente se existirem suspeitas quanto a sua lealdade ao governo comunista da ilha.

O Miami Herald informou que Almeida agradeceu a igreja católica cubana por interceder em seu favor.

Almeida escreveu um livro, "Memórias de un Guerrillero Cubano Desconocido", publicado na Espanha, que lança um olhar irônico sobre sua vida como membro da elite política cubana.

Sua autorização para deixar o país acontece em um momento em que o governo cubano está no meio do processo de libertar 52 prisioneiros políticos, sob um acordo alcançado com o cardeal Ortega e a Igreja católica.

Os prisioneiros estão sendo soltos em grupos, sob a condição de que deixem a ilha e viagem para a Espanha.

A comunidade internacional aplaudiu a soltura dos presos, que se seguiu a meses de críticas intensas feitas ao governo cubano depois da morte de um dissidente em uma greve de fome e o assédio movido por partidários do governo contra mulheres familiares dos prisioneiros que realizaram passeatas de protesto pacíficas.

Foto: Getty Images

Juan Juan de Almeida, ainda em Cuba, momentos depois de ter recebido do departamento de migração cubana, a ordem de deixar o país. Mesmo doente ele estava numa greve de fome líquida desde 15 de junho

Conseguiu
O blog cubano Generación Y falando da partida de Juan Juan de Cuba. A blogueira Yoani Sánchez comentando a greve de fome, feita por ele e que motivou sua saída: “...nos restam os ossos, a pele, as paredes do estômago para reclamar no terreno frágil dos nossos corpos os direitos que nos tiraram.”

Foto: Geración Y

Juan Juan Almeida, junto a família, a filha Indira e a esposa Consuelo Quesada, em imagem exclusiva do Geración Y

Fonte: Geración Y

O dia em que Juan Juan Almeida anunciou o começo da sua greve de fome foi como reviver o pesadelo que havíamos tido com o longo jejum de Guillermo Fariñas. Os amigos, que o amam, disseram-lhe: “Essa é a pior das decisões”, certos de que ninguém iria agüentar os rigores da inanição nem as autoridades iriam ceder ante sua rebeldia de intestinos vazios. Afortunadamente, nos enganamos. Resultou que o genial JJ – como os mais próximos o chamam – não só estava disposto a jogar com o governo um jogo de resultados imprevisíveis, disposto a imolar-se por todos nós, por aqueles que em repetidas ocasiões tiveram negada a possibilidade de viajar para fora deste arquipélago.

O quarentão jovial nos deixa uma lição dolorosa, porém eficaz, pois mesmo: embora não tenhamos urnas para votar diretamente nos que nos governam, nem tribunais que aceitem uma demanda por maltrato policial, muito menos caminhos através dos quais um cidadão possa denunciar as restrições migratórias que o incomodam no território nacional, nos restam os ossos, a pele, as paredes do estômago para reclamar no terreno frágil dos nossos corpos os direitos que nos tiraram.


*Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto


*Acrescentamos subtítulo, fotos e legendas e fizemos comentários adicionais ao texto original

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