8 de ago. de 2010

COLÔMBIA: Santos dispensou Lula para resolver conflitos

COLÔMBIA
Santos dispensou Lula para resolver conflitos
Sem meias palavras, o novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse ontem, na solenidade de posse, que sua primeira tarefa será "reconstruir as relações com a Venezuela e o Equador". Agradeceu a mediação oferecida pelo Brasil, disse preferir “o diálogo franco e direto e tomara que seja o mais breve possível".

Foto: Reuters

Santos: “Antes de ser soldado serei diplomata” – A frase do novo presidente revela sua prioridade em negociar a normalidade diplomática com os vizinhos

Toinho de Passira
Fontes: Estadão, BBC Brasil, La Republica, El Espacio, El Espectador, El Nuevo Siglo

O colombiano Juan Manuel Santos assumiu a Presidência da Colômbia neste sábado dizendo que uma das suas prioridades à frente do governo será restabelecer relações com a Venezuela e com o Equador e disse esperar que o fim da crise diplomática com os dois países seja alcançado "o mais rápido possível".

"Um dos meus propósitos será restabelecer relações com a Venezuela e Equador e recuperar a confiança", afirmou Santos, em discurso na cerimônia de posse, pouco depois de receber a faixa presidencial de Álvaro Uribe.

Foto:

A cerimônia de posse aconteceu, ao ar livre, do lado externo do Congresso colombiano

Santos agradeceu a mediação dos países da região, como o Brasil, mas disse preferir tratar a controvérsia diretamente com os países vizinhos.

"Agradeço a mediação na situação com a Venezuela (...), mas prefiro o diálogo franco e direto e tomara que seja o mais breve possível", afirmou.

"Um diálogo de respeito mútuo, de cooperação recíproca", acrescentou.

O novo presidente colombiano disse não ver inimigos externos e que a palavra guerra não está em seu dicionário quando pensa na relação com os vizinhos.

"Quem diga que quer a guerra, se nota que nunca teve a responsabilidade de enviar soldados a uma (guerra) de verdade", disse Santos, que já foi ministro de Defesa e esteve à frente de uma operação militar no Equador.

"Agradeço a mediação na situação com a Venezuela (...), mas prefiro o diálogo franco e direto e tomara que seja o mais breve possível."

"As boas relações beneficia a todos. Quando os governos disputam, são os povos que sofrem", disse.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Haviam 5 mil convidados entre eles 20 Chefe de Estado. O presidente Manuel Santos, levou dez minutos para dar as boas vindas aos que deveriam ser mencionados, antes de iniciar seu discurso, propriamente dito, programado para durar 45 minutos

O discurso de Santos foi acompanhado por mais de cem delegações, em uma cerimônia realizada a céu aberto, na praça de Bolívar, centro de Bogotá.

Santos chamou à unidade latino-americana e ao trabalho conjunto na região, "apesar das diferenças ideológicas" entre os governos.

O clima de distensão entre Venezuela e Colômbia vinha sendo costurado com a mediação do Brasil e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

Em Caracas, o primeiro gesto de aproximação foi a presença do chanceler venezuelano Nicolas Maduro na posse de Santos. Ao chegar à Bogotá, Maduro disse ter vindo para "construir o futuro" e recuperar o diálogo com o novo governo.

Uma fonte da chancelaria venezuelana disse que Maduro e a nova chanceler colombiana Maria Angela Holguín devem se reunir neste domingo.

Na cerimônia de posse em Bogotá, neste sábado, Correa apertou a mão de Santos      Foto: Miguel Romero/PR Ecuador
A disputa diplomática entre Colômbia e Venezuela teve início há uma semana, quando o governo de Bogotá apresentou ao Conselho Permanente da Organização de Estados Americanos (OEA) supostas provas sobre a presença de 1,5 mil guerrilheiros das Farc e do ELN na Venezuela.

Em resposta, em 22 de julho, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, rompeu relações diplomáticas com a Colômbia ao qualificar as acusações de mentirosas.

Para Chávez, a crise era parte de uma "desculpa" para justificar uma intervenção armada da Colômbia em seu país, que a seu ver, conta com o apoio dos Estados Unidos.

O presidente equatoriano Rafael Correa também assistiu à posse, apesar de ter rompido relações diplomáticas com a Colômbia em 2008, quando o Exército colombiano invadiu o Equador para bombardear um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que fora instalada perto da fronteira. O líder guerrilheiro, Raúl Reyes, número dois na linha de mando das Farc foi morto na operação, junto com outras 25 pessoas.

Santos, que recebeu uma oferta de diálogo com as Farc dias antes da posse, disse que as portas para uma negociação "não estão fechadas com chave", porém, condicionou um virtual acordo à libertação incondicional de todos os reféns, o fim da extorsão e a deserção de todas as crianças que teriam sido recrutadas pela guerrilha para compor seu exército.

Caso contrário, disse Santos, "continuaremos enfrentando (os grupos irregulares) com tudo que estiver a nosso alcance e vocês que me escutam sabem que nós somos eficazes", afirmou.

Foto: Reuters

“Juan Manuel Santos llegó a la Presidencia con los votos de Álvaro Uribe. Hoy ese prestigio popular ya es de él.” – diz a Revista Semana

Santos, herdeiro político do ex-presidente Álvaro Uribe, defendeu a política de Segurança Democrática, carro-chefe da política uribista que consiste na via militar, não negociada para o conflito armado.

"É possível ter uma Colômbia em paz, sem guerrilha e vamos demonstrar isso pela razão ou pela força", afirmou.

Uribe, considerado um dos presidentes mais populares e polêmicos da história da Colômbia, esteve atrás de Santos durante todo o discurso. O ex-presidente foi homenageado pelo seu sucessor, que afirmou que Uribe "mudou" a história do país.

Santos, que disse ser o presidente da "unidade nacional", participou na manhã deste sábado de uma cerimônia de posse simbólica com comunidades indígenas e afrodescendentes em Sierra Nevada. A cerimônia oficial contou com a participação de pelo menos 5 mil convidados e 20 chefes de Estado.

Ele prometeu manter uma "porta do diálogo aberta" com todos, mas acrescentou que seu governo terá como prioridade a erradicação da violência. "Queremos o diálogo, mas combateremos o sequestro, o narcotráfico e a intimidação." Outro compromisso de Santos foi com a diminuição da pobreza e a redução do desemprego.

Foto: Associated Press

O temor de quem programa uma cerimônia ao ar livre são as surpresas do clima. Um pouco antes do início da cerimônia, nuvens negras cobriram a área do evento, como convidadas inesperados e inconvenientes.

Foto: Associated Press

Um pouco depois de iniciada a cerimônia começou a chover.

Foto: Associated Press

O que seria um desastre acabou sendo um show de eficiência: em poucos minutos foram distribuídos guarda-chuvas a cada um dos 5.000 convidados presentes.

Foto: Associated Press

De repente a praça se transformou num mar com as cores da Colômbia. Por sorte, logo após o inicio do discurso de Juan Manuel Santos, o sol voltou a brilhar. O presidente até fez uma pausa no discurso, para que os convidados desarmassem os guarda-chuvas.


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