16 de jul. de 2010

Roubaram um Portinari do Museu de Olinda

PERNAMBUCO – OLINDA
Roubaram um Portinari do Museu de Olinda
A obra está avaliada em cerca de R$ 1,2 milhão; crime ocorreu na quarta-feira em Olinda. O museu não tem segurança, apesar de possuir um valioso acervo. Qualquer ladrão que quiser é só pegar o quadro e sair, como se estivesse num “self service”. No dia seguinte, ao roubo, a Fundação do Patrimônio Histórico de Pernambuco informou que irá investir R$ 2 milhões por ano na área de segurança dos museus e espaços culturais do estado. Não é uma beleza?

Foto: Acrevo do MAC

Os ladrões levaram esse quadro de Portinari, um dos seis doados ao museu por Assis Chateaubriand

Toinho de Passira
Fontes: Nação Cultural, Veja - Abril, , Jornal do Comércio, Diário de Pernambuco

O quadro Enterro, (foto) do celebrado pintor brasileiro Candido Portinari, foi furtado do MAC (Museu de Arte Contemporânea) em Olinda (PE), na quarta-feira (14). A obra está avaliada entre R$ 800 mil e R$ 1,2 milhão. Os guardas do local só notaram o crime por volta das 18h, quando é realizado o encerramento das visitações.

Não há pista dos ladrões. O museu não tem câmeras de segurança e somente dois vigilantes.

Segundo a polícia, no dia em que ocorreu o furto, 17 pessoas assinaram o livro de visitas. Mas ninguém vai imaginar que o ladrão tenha posto o seu nome verdadeiro na entrada, já que não é solicitada a identificação do visitante.

Se durante todo o dia, apenas 17pessoas visitaram o museu, os ladrões tiveram tempo suficiente para retirar a tela da moldura, sem ser importunado.

delegado Manoel Martins, responsável pelas investigações, considera o crime "complexo". "O museu não tem nenhum tipo de segurança que possa ajudar as investigações", afirmou.

O MAC não tem alarme ou câmeras de monitoramento, e a segurança é feita por dois vigilantes. O delegado disse acreditar que quem levou a obra entrou e saiu pela porta da frente do museu.

Diante das dificuldades, Martins espera contar com o apoio da população. O furto já foi informado à Polícia Federal e à Interpol, de acordo com nota divulgada pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), órgão responsável pelo MAC.

Foto: Frans Harren/Flickr

O prédio do MAC, uma edificação erigida no século 17, para ser a cadeia pública de Olinda

A tela, pintada a óleo sobre madeira, integra a chamada Série Azul do artista paulista. Desde 1966 pertencia ao acervo do MAC, em Olinda. Estava exposta em uma das paredes do primeiro andar do prédio, do século 17, tombado pelo Patrimônio Histórico. O prédio onde funciona o museu é uma antiga cadeia pública.

A obra é avaliada entre R$ 800 mil e R$ 1,2 milhão, o que se aplica aos outros quatro quadros da série, que estavam expostos ao lado da obra roubada. Os quadros de Portinari pertenciam a uma coleção doada por Assis Chateaubriand.

A diretora do MAC, Célia Labanca, orgulha-se do fato de o museu ser "o segundo da América Latina em qualidade e quantidade de obras". Tem um acervo de cerca de quatro mil obras - 400 delas em exposição. "Só perde para o MASP, de São Paulo", afirma ela.

Célia cita alguns dos artistas que assinam obras do acervo do museu, entre pinturas, esculturas, desenhos e fotografias: Cícero Dias, Djanira, Guignard, Manezinho Araújo, Mario Cravo, Visconti, Eliezer Xavier, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, e mais cinco obras de Portinari, entre outros.

A divulgação do acervo valioso, num museu sem segurança, soa como um convite aos ladrões.

Depois da porta arrombada a Fundação do Patrimônio Histórico de Pernambuco (Fundarpe) informou que irá investir R$ 2 milhões por ano na área de segurança dos museus, cineteatros, cinemas e espaços culturais nas 12 Regiões de Desenvolvimento do Estado.

Num plano fictício feito as pressas, a assessoria de imprensa da Fundarpe, disse que até o final do ano serão contratados mais 40 vigilantes armados, com posto de segurança 24h, além de instaladas 210 câmeras (pelo visto haverá mais câmeras que obras de arte).

O planejamento em segurança atingirá 23 equipamentos culturais na Região Metropolitana do Recife (RMR), Zona da Mata, Agreste e Sertão, dando-se prioridade aos 16 de maior movimento e de acervo mais relevante, localizados no Recife e em Olinda.

A idéia é que os equipamentos culturais funcionem de forma integrada num sistema integrado de vigilância.

Pena que os ladrões tenham se antecipado. Mas os larápios não devem se preocupar, esse plano virtual, depois das eleições vai sumir de circulação tal qual o quadro de Portinari.

Foto: Isabella Valle/Fundarpe

Uma das salas de exposição do museu, igual a que se encontrava a obra de Portinari roubada


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