9 de jul. de 2010

EUA - RÚSSIA: Americanos e Russos trocam espiões na Áustria

EUA - RÚSSIA
Americanos e Russos trocam espiões na Áustria
Parece uma manchete dos anos 60, mas é uma notícia atualíssima. Desmascarados, os russos que estavam nos Estados Unidos, serão trocados pelos russos, que haviam sido presos trabalhando para a CIA dentro da Rússia. Como se vê essa é uma história de “sujos falando mal de mal lavados

Foto: ” Dieter Nagl/Agence France-Presse — Getty Images

Na imagem, o avião da American Airlines Vision, que conduziu os espiões russos presos nos Estados Unidos, estacionado próximo ao avião russo Yakolev Yak-42, que trouxe os espiões a serviço dos americanos presos na Rússia, a troca foi feita na pista do aeroporto de Viena

Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, The New York Times

Os Estados Unidos e a Rússia concluíram nesta sexta-feira no aeroporto de Viena, na Áustria, a maior troca de espiões já realizada após a Guerra Fria.

Um avião fretado pelo governo dos Estados Unidos pousou pela manhã no aeroporto trazendo a bordo as dez pessoas que admitiram ser espiões "de um governo estrangeiro".

Um outro avião trouxe quatro espiões condenados na Rússia e que receberam um perdão do presidente, Dimitri Medvedev.

Os aviões, um Boeing 767-200 da empresa Vision Airlines e um modelo russo Yakolev Yak-42, estacionaram lado a lado no aeroporto.

Imagens de televisão mostraram escadas de avião cobertas sendo levadas aos aviões - mas não foi possível ver os espiões sendo transferidos.

As aeronaves decolaram em seguida. Não se sabe o destino que os aviões tomaram.

Entretanto, um representante do governo russo disse à agência France-Press que os agentes deportados dos Estados Unidos eram aguardados em Moscou nesta sexta-feira.

O ministério do Exterior russo confirmou a troca, dizendo que ela representava "o retorno à Rússia de 10 cidadãos russos acusados nos Estados Unidos, juntamente com a transferência simultânea para os Estados Unidos de quatro indivíduos previamente condenados na Rússia".

Foto: Reuters

Com lentes poderosas, os fotógrafos registraram o momento em que os espiões entregues pela Rússia deixavam o avião, no momento da troca

O Kremlin informou as identidades dos quatro agentes:

• Igor Sutyagin, cientista nuclear preso em 2004 por espionar para a CIA

• Sergei Skripal, um oficial da Inteligência militar russa condenado em 2006 por espionar para o Reino Unido

• Alexander Zaporozhsky, ex-empregado dos serviços de Inteligência no exterior preso por espionagem em 2003

• Gennadiy Vasilenko, ex-agente da KGB

Um representante do governo russo disse à agência France-Press que os agentes deportados dos Estados Unidos eram aguardados em Moscou na manhã desta sexta-feira.

Após as confissões no tribunal em Nova York, o juiz responsável pelo caso descartou as outras acusações que pesavam contra os dez suspeitos – entre elas a de lavagem de dinheiro - e ordenou a sua deportação imediata do país, o que seria fruto de um acordo em troca das confissões.

Durante a audiência, na quinta-feira, sete dos suspeitos revelaram seus verdadeiros nomes e admitiram serem agentes da Rússia.

"Richard Murphy" e "Cynthia Murphy" admitiram que eram cidadãos russos chamados Vladimir Guryev e Lydia Guryev

"Donald Howard Heathfield" e "Tracey Lee Ann Foley" eram cidadãos russos chamados Andrey Bezrukov e Elena Vavilova

"Juan Lazaro" admitiu ser o cidadão russo Mikhail Vasenkov

"Michael Zottoli" e "Patricia Mills" admitiram ser os cidadãos russos Mikhail Kutsik e Natalia Pereverzeva

Outros três, que também confessaram serem agentes, operavam nos Estados Unidos com seus nomes verdadeiros: Anna Chapman, Mikhail Semenko e Vicky Pelaez. Pelaez, nascida no Peru, era a única dos dez acusados que não tinha nacionalidade russa.

Um 11º suspeito está foragido, após ter sido liberado sob fiança no Chipre, onde havia sido preso.

Foto: Associated Press

Os espiões foram entregues simultaneamente aos representantes do outro país, que esperavam na porta da aeronave

Presos em uma grande operação do FBI e outros órgãos de inteligência americanos em 27 de junho, os dez suspeitos foram acusados pela Promotoria de se passarem por cidadãos comuns para, sob as ordens dos serviços de inteligência russos, se infiltrarem em círculos políticos influentes dos EUA e coletar informações.

O Departamento de Estado americano afirmou que “a rede de agentes ilegais” foi desmantelada após “anos de investigação”, mas que “nenhum benefício significativo para a segurança nacional” dos EUA “seria trazido pelo encarceramento prolongado destes dez agentes”.

De acordo com o governo americano, a decisão de trocar os suspeitos pelos prisioneiros que estão na Rússia foi tomada com base em razões “humanitárias e de segurança nacional”.

“Os Estados Unidos tomaram vantagem da oportunidade apresentada para assegurar a libertação de quatro indivíduos que estão servindo em longas penas de prisão na Rússia, muitos dos quais estão em condições da saúde ruins”, diz um comunicado divulgado pelo Departamento de Estado.

Um dos prisioneiros libertados pela Rússia devido à troca com os EUA, o cientista nuclear Igor Sutyagin, estava em uma prisão próxima ao Círculo Polar Ártico, mas que foi recentemente transferido para Moscou.

Ele foi preso em 2004, acusado de ser um agente da CIA, o serviço de inteligência dos EUA.

Em entrevista à BBC, o irmão de Sutyagin, Dmitry, afirmou que ele teria sido avisado pelas autoridades russas de que seria trocado como parte do acordo.


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