26 de jul. de 2010

Chávez ameaça cortar envio de petróleo aos EUA

VENEZUELA - COLÔMBIA - EUA
Chávez ameaça cortar envio de petróleo aos EUA
Em meio à crise com a Colômbia, o presidente da Venezuela Hugo Chávez disse neste domingo ter cancelado sua viagem a Cuba diante do que classificou de "possibilidades como nunca nos últimos anos" de uma agressão armada contra o seu país. Caso o suposto ataque se concretize, ele ameaçou cortar o envio de petróleo aos Estados Unidos, considerado por ele, "o grande culpado".

Foto: Associated Press

"Se houver qualquer agressão armada contra a Venezuela, vinda do território colombiano ou de qualquer outro lugar, causado pelo império ianque, suspenderemos os carregamentos de petróleo aos EUA, mesmo que tenhamos de comer pedra aqui", afirmou Chávez. "Não mandaremos uma gota mais para as refinarias dos EUA." – disse Chávez para uma multidão de venezuelano, com transmissão ao vivo pela TV

Toinho de Passira
Fontes: BBC Brasil, Reuters , Estadão, Portal do Governo Venezuela, 2001, El Nacional, Ultimas Noticias

Em discurso para milhares de pessoas na capital venezuelana, Caracas, Chávez disse que o governo americano seria culpado, caso soldados colombianos viessem a invadir o seu país, afirmando que a Colômbia "há muito" perdeu a soberania sobre seu próprio território.

Apesar de ter certeza que os colombianos não pretendem invadir seu território, e é muito remota e mesmo improvável, que os americanos apóiem ou integrem uma agressão armada aos venezuelanos, Chávez faz esse tipo de discurso para passar de vilão a vítima.

O presidente venezuelano, está na verdade de olho nas eleições parlamentares que ocorrerão em setembro no país, num momento em que as pesquisas demonstram que ele corre sérios riscos de perder a ampla maioria parlamentar que hoje dispõe.

Teme que a OEA, em seguida a ONU condenem seu apoio as FARC, que usam o território venezuelano, com sua autorização para se esconder do exército colombiano, e reagrupar-se para atacar alvos na Colômbia.

Em nenhum momento o presidente Alvaro Uribe, que deixa o governo em 07 de agosto, demonstrou qualquer atitude beligerante. Apenas denunciou e exibiu provas fotográficas, da presença dos guerrilheiros em acampamentos em território da Venezuela e pediu explicações a Chávez.

Esse, ao invés de defender-se diplomaticamente ou comprovando que as fotos poderiam não ser legítimas, cortou as relações diplomáticas com a Colômbia enviou tropas para a fronteira e criou esse clima de guerra para turvar as acusações.

A ameaça de não enviar petróleo aos Estados Unidos é uma bravata idiota que só pode prejudicar a Venezuela. Diz que se for atacado não enviará seu único produto de exportação, ao maior consumidor, que paga em dia e praticamente sustenta a economia da Venezuela.

Cerca de 15% do petróleo importado pelos EUA vem da Venezuela. Um corte abrupto no fornecimento, no entanto, atingiria também gravemente a economia venezuelana. Caracas vende envia 1,5 milhão de barris por dia para os americanos - cerca de 65% de sua produção.

Mas tudo não passa de falatório, como não haverá agressão não haverá corte de fornecimento. Mas suas palavras soam como uma ameaça real para os americanos, que vislumbram a possibilidade de no futuro, Chávez ou algum trapalhão, venham a cortar de verdade o fornecimento de petróleo.

Foto: Reuters

A Venezuela produz 2,3 milhões de barris de petróleo dia, dos quais 65% são vendidos para os Estados Unidos

O que vai acontecer de imediato é que o governo Obama, que já vem buscando novas formas de energia para substituir o petróleo, comece a buscar novos fornecedores, para reduzir a dependência com a Venezuela, e cortar o fornecimento de dólares para a economia, do combalido país, nas mãos desse louco aventureiro.

Seu discurso de presidente comunicando ao país que os americanos vão atacar, nem disfarça o tom eleitoral, pois, ao fim pediu unidade dos seus seguidores, em vista ao pleito de setembro, onde deveria sair mais forte para defender a Venezuela dos seus poderosos inimigos.

Chávez na realidade quer criar a imagem interna que só ele é capaz de enfrentar os Estados Unidos e a Colômbia em defesa do seu país.

Foto:Getty Images

Alvaro Uribe lamentando que as FARC tenha apoio do vizinho para atacar o seu país

Em Bogotá, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, voltou a criticar a suposta presença de guerrilheiros nos países vizinhos.

“Não entendo porque, existindo tanta clareza no direito internacional, esses terroristas ainda não foram capturados", afirmou Uribe, em entrevista ao jornal El Tiempo.

"Me vou com a tristeza de que esses terroristas continuem com capacidade de fazer mal a partir do estrangeiro", acrescentou o presidente colombiano, que entrega o poder em 7 de agosto a seu herdeiro político Juan Manuel Santos.


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