30 de jun. de 2010

USA - RUSSIA - Não é ficção: o FBI prendeu dez espiões russos

USA - RUSSIA
Não é ficção: o FBI prendeu dez espiões russos
Não era uma propaganda de um filme de espionagem dos anos 60, a notícia de que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos havia prendido, nesta segunda-feira, dez pessoas, residente no país, acusadas de serem espiões russos, deixou o mundo perplexo, ainda mais por ser o momento em que a Casa Branca e o Kremlin fazem um esforço desmedido para melhorar as relações bilaterais

Foto: Face Book

ESPIÃ QUE VEIO DO FRIO - Anna Chapman, 28, cabelos ruivos flamejantes e olhos verdes: uma jovem russa que desembarcou recentemente em Nova York, uma das espiãs presas, pela sua beleza e sensualidade está causando furor nos tablóides. Em sua página no Facebook, Anna escreveu: "Se você puder imaginar, pode realizar. Se puder sonhar, pode se transformar".

Toinho de Passira
Fontes: The New York Times, BBC Brasil, New York Post, Publico, Portal Terra, Ultimo Segundo

Nem um roteirista ousaria imaginar, nos dias de hoje, por ser demasiadamente inverossímil, uma história que envolvesse casais de espiões russos morando há dez anos nos Estados Unidos, clandestinamente, passando-se por americanos, para eventualmente, no futuro, serem utilizados como agentes capazes de enviar informações ou atuarem em operações para o seu governo dentro do território americano.

Mas na vida real isto estava acontecendo: nesta segunda-feira o Departamento de Justiça dos Estados Unidos prendeu, dez pessoas residentes em Nova York, Massachusetts, Nova Jersey e Virgínia, mais um 11.º suspeito detido em Chipre, como espiões a serviço da Rússia. Pelo menos dois deles, são de nacionalidade peruana e canadense.

Formalmente, os detidos, foram acusados diante de um juiz pelos crimes de conspiração por agir como agentes de um governo estrangeiro, o que pode levar a uma pena máxima de cinco anos de prisão, somando-se a lavagem de dinheiro para as atividades de espionagem, cuja pena máxima de prisão chega a 20 anos.

Especificamente a acusação fala em "missões de longo prazo e infiltração profunda nos Estados Unidos em nome da Federação Russa, com provas colhidas numa investigação que durou pelo menos sete anos.

Foto:Reuters

(Da esquerda para a direita), suspeitos de espionagem russa, Anna Carvalho, Vicky Pelaez, Richard Murphy, Murphy e Cynthia Juan Lazaro, são vistos neste desenho feito no tribunal, onde é proibido fotografar, durante uma audiência no Tribunal Federal de Manhattan em Nova Iorque

Até agora os prisioneiros foram identificados com seus nomes falsos, trata-se do casal Richard Murphy e Cynthia Murphy - presos na cidade de em Montclair, no Estado de Nova Jersey; Vicky Pelaez e Juan Lazaro, em Yonkers, no Estado de Nova York; e Anna Chapman, na cidade de Nova York.

Outras três pessoas, Michael Semenko e o casal Michael Zottoli e Patricia Mills, foram presos em suas casas no condado de Arlington, no Estado da Virgínia.

Mais duas pessoas, Donald Howard Heathfield e Tracey Lee Ann Foley, foram presas em Boston, Massachusetts.

O suspeito detido em Chipre é conhecido como Christopher R. Metsos.

Segundo o “The New York Times”, eles viveram por mais de uma década em cidades norte-americanas de Seattle e subúrbios de Nova York, onde parecia ser casais comuns trabalhando em empregos comuns, convivendo com as comunidades locais, sem fazerem nada que despertassem qualquer suspeita entre os vizinhos.

Segundo as investigações do FBI os agentes foram orientados a recolher informações sobre as armas nucleares, a política americana em relação ao Irã, a CIA, liderança política do Congresso e muitos outros temas.

Os espiões russos chegaram a fazer contato com um ex-oficial de segurança de alto nível nacional americano e um investigador de armas nucleares, entre outros, mas ao que parece não chegaram a obter nenhuma informação importante que pudesse prejudicar os Estados Unidos.

Na verdade eles apenas americanizavam-se para uma possível operação futura. Um projeto de longo prazo, sem claras chances de sucesso, dispendioso e embaraçoso, que demonstra o novo estilo sofisticado, mas um tanto quanto “debilóide” estabelecido pela SVR, o Serviço de Inteligência Exterior, a agencia de espionagem sucessora da antiga KGB.

Foto: Associated Press

A operação foi lançada alguns dias depois de uma calorosa reunião entre Obama e Medvedev, que dividiram hamburgers e batatinhas, na qual ambos os lados fizeram elaborados esforços para enterrar quaisquer tensões dos tempos da Guerra Fria

Diplomaticamente inconveniente, soa estranho que depois de anos de vigilância, os investigadores do FBI tenham decidido fazer as detenções, nesta semana, exatamente nos dias seguintes da visita aos Estados Unidos, do presidente russo, Dmitri Medvedev.

A imprensa informa que o presidente Barack Obama, soube antecipadamente da ocorrência das prisões, lamentou que acontecessem logo após a visita de Dmitri, mas os investigadores, por algum motivo, acreditavam que se a operação não fosse deflagrada imediatamente, alguns dos suspeitos poderiam fugir.

À proporção que se tem conhecimento de como eles operavam, narrado nas provas públicas apresentada no Tribunal Distrital Federal em Manhattan, a história arremete a um enredo cinematográfico ultrapassado.

Há, por exemplo, relatos de troca de pacotes idênticos, espiões trocam bolsas laranja idênticas ao se cruzar em escadarias de estações ferroviárias, uma identidade sacada de um morto canadense, passaportes falsos, mensagens enviadas por transmissão de ondas curtas, textos escritos com tinta invisível e mala de dinheiro enterrado, durante anos, na zona rural de Nova York.

Mas a rede de espiões também utilizava tecnologia da era cibernética, incorporando textos codificados em imagens de aparência comum publicadas na internet, além de dois deles possuírem laptops contendo software que criptografava a comunicação secreta entre eles.

Foto: Daniel Barry/ The New York Times

Vizinhos em Montclair, Nova Jersey, onde o casal de que se chamavam Richard Murphy e Cynthia residiam ficaram boquiabertos quando uma equipe do FBI apareceu no domingo e levou o casal algemado

As acusações estão cheias de detalhes curiosos reunidos ao longo de anos de vigilância discreta - incluindo o monitoramento de telefones e emails, com a colocação de microfones secretos nas casas dos supostos agentes russos e realização de numerosas buscas clandestinas.

Há narrativa de que as autoridades também seguiram um grupo de agentes com base em Yonkers em viagens a um país sul-americano não identificado (Será o Brasil?), onde foram filmados recebendo sacos de dinheiro e passando mensagens escritas com tinta invisível para outros agentes russos, em um parque público.

Os russos a principio negaram a veracidade da existência dos espiões, mas agora, com os panos quentes posto pela Casa Branca, o ministério russo das Relações Exteriores expressou, nesta quarta-feira, seu desejo de que a prisão de supostos espiões russos nos Estados Unidos não tenha efeitos negativos nas relações entre os dois países. Como não ter?

Foto: Reuters

Reparando bem, e conferindo datas, se a operação começou há dez anos, pode se verificar que o todo poderoso da Rússia, na ocasião, era Vladímir Vladímirovitch Putin (foto), que atualmente ocupa o cargo de primeiro ministro do país, e que à época era presidente e anteriormente havia sido o chefe do Serviço Secreto da Russia, a KGB.


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