8 de mar. de 2010

O corajoso eleitor iraquiano

IRAQUE - ELEIÇÕES
O corajoso eleitor iraquiano
Pelo menos 35 morrem neste domingo de eleições no Iraque e outras 14 foram mortas desde quinta-feira vítimas de atentados a bombas desde quando começou o processo eleitoral, sempre acompanhado de ameaças por radicais de diversas origens, o eleitor iraquiano fez fila para exercer o seu direito de votar

Foto: Reuters

Iraquiano fuma exibindo o dedo indicador marcado pela tinta da seção eleitora, uma prova de que já havia votado

Fontes: BBC Brasil, BBC Brasil

Pelo menos 35 pessoas morreram em uma série de explosões no Iraque neste domingo, quando os iraquianos foram às urnas em massa escolher o novo Parlamento.

Dois prédios foram destruídos em Bagdá e dezenas de morteiros foram lançados na capital e outras cidades. Esta foi a segunda eleição parlamentar no Iraque desde a queda de Saddam Hussein, em 2003.

Foto: Ayman Oghanna/The New York Times

As urnas foram fechadas às 17h00, hora local, mas as pessoas que ainda estavam na fila ainda puderam votar. Apesar da violência, havia longas filas em várias zonas eleitorais

A fronteira com o Irã foi fechada, com milhares de soldados mobilizados e o tráfego de veículos proibido.

O primeiro-ministro Nouri al-Maliki pediu aos eleitores que comparecessem em massa, afirmando que a ampla participação fortaleceria a democracia.

Foto: João da Silva/The New York Times

Observadores eleitorais dos vários partidos fiscalizam numa seção em Fallujah

A violência vem diminuindo no Iraque nos últimos anos, com o número de vítimas fatais entre civis, policiais iraquianos e soldados americanos consideravelmente mais baixo.

Mas centenas de pessoas ainda são mortas todos os meses, a corrupção é alta e serviços básicos, como eletricidade, ainda não são confiáveis.

Foto: Reuters

Em um dos ataques deste domingo, 25 pessoas morreram quando uma explosão destruiu um prédio residencial no norte de Bagdá.

Insurgentes já ameaçavam sabotar as eleições. Na quarta-feira, três homens-bomba atacaram uma delegacia e um hospital na cidade de Baquba, matando pelo menos 30 pessoas.

Pelo menos 14 pessoas morreram nesta quinta-feira em ataques na capital iraquiana, Bagdá, no primeiro dia das eleições parlamentares no país.

Sete pessoas foram mortas em atentados suicidas contra seções eleitorais, e outras sete, incluindo quatro crianças, em um mercado.

A maior parte dos eleitores que votaram nesta quinta-feira era formada por integrantes das forças de segurança, pacientes de hospitais e prisioneiros.

Vários morteiros foram lançados nesta manhã de domingo, principalmente dos bairros sunitas da capital, mas não há informações de que nenhum posto de votação tenha sido atingido. Getty Images/Associated Press/Reuters

Foto: Associated Press/Getty Images/Reuters

As mulheres iranianas de todas as origens exibem o dedo marcado, com orgulho

As milícias islâmicas prometeram usar a violência para atrapalhar o processo de votação – um grupo afiliado à al-Qaeda distribuiu panfletos avisando às pessoas para não comparecer às urnas.

Mais de 500 mil integrantes das forças de segurança do Iraque foram mobilizados para tentar evitar que os atentados interrompessem as eleições.

Foto: Ayman Oghanna/The New York Times

Cidadão iraquiano é revistado antes de entrar numa seção eleitoral em Bagdá

O premiê afirmou à BBC que a violência não ia impedir que os iraquianos compareçam às urnas.

“A maioria dos ataques é perpetrada para aterrorizar os eleitores psicologicamente e evitar que eles compareçam às urnas”, disse Maliki.

“Mas é sabido que quando os iraquianos são desafiados pelo terror, eles o desafiam também.”

Em alguns bairros, os alto-falantes das mesquitas convocaram os eleitores a votar.

Cerca de 19 milhões de iraquianos estavam habilitados a votar nos candidatos de 86 facções que disputam as 325 cadeiras do novo Parlamento.

Apesar da violência deste domingo, a comissão eleitoral independente do Iraque afirmou que apenas dois dos 50 mil postos de votação foram fechados por curtos períodos em todo o país, por conta de preocupações com a segurança.

Foto: Associated Press

O primeiro ministro iraquiano Nouri al-Maliki no momento em que votava na zona verde em Bagdá

A última eleição parlamentar, de 2005, elegeu o premiê com os partidos xiitas dominando a casa, e a expectativa é de que ele mantenha o cargo.

A questão é se ele vai conseguir atrair a minoria sunita para seu governo e fazer com que eles sintam que têm voz sobre o futuro político do Iraque.

O presidente Jalal Talabani, que busca um novo mandato, foi um dos primeiros a votar neste domingo, na cidade curda de Sulamaniyah. Ele afirmou que as eleições marcam um passo e um teste para a marcha iraquiana em direção à democracia.

Foto: Reuters

Em uma rara aparição pública, o clérigo radical xiita Moqtada al-Sadr, falando no Irã, pediu aos iraquianos que comparecessem às urnas e rejeitassem a violência.

As eleições deste domingo são vistas como um teste crucial para o processo de reconciliação nacional do Iraque, antes da retirada dos militares americanos.

Foto: Reuters

O presidente americano Barack Obama, acompanhado do vice Joe Biden saúda o povo iraquiano pela participação massiva as urnas, apesar dos atentados

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, planeja retirar as forças de combate do país até meados deste ano, e a expectativa é de que todos os militares americanos deixem o Iraque até o fim de 2011.

No final da tarde desde a Casa Branca o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que as eleições parlamentares deste domingo, no Iraque, foram um "marco" na história do país.

"A votação de hoje deixa claro que o futuro do Iraque pertence ao povo iraquiano", disse ele em um pronunciamento na Casa Branca, após o fechamento das urnas.

Obama também elogiou a coragem dos eleitores iraquianos, que compareceram em massa aos locais de votação, apesar de ataques insurgentes.

"Hoje, diante da violência daqueles que apenas querem destruir, os iraquianos deram um passo à frente no grande trabalho que é a reconstrução de seu país", afirmou.


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