31 de mar. de 2010

Libertado o segundo refém das FARC com ajuda do Brasil

COLOMBIA
Libertado o segundo refém das FARC com ajuda do Brasil
O sargento Pablo Emilio Moncayo, libertado ontem, tem 32 anos, 13 dos quais como prisioneiro dos cruéis narcotraficantes guerrilheiros colombianos da FARC

Foto: Associated Press

Na pista aguardavam-no os pais, Gustavo e Maria Estela e as irmãs, um delas com seis anos, que Pablo não conhecia. O quase menino à data do desaparecimento surgir como um homem marcado por uma cruel experiência de prisioneiro escravo dos bandidos guerrilheiros da FARC

Toinho de Passira
Fontes: O Globo, G1, Semana, El Universal, El Nacional

Mais um refém foi libertado pelas FARC, a guerrilha colombiana, nesta terça-feira, 30. Foi o sargento colombiano Pablo Emilio Moncayo mantido refém há mais de 12 anos. Um helicóptero militar brasileiro à disposição do Comitê Internacional da Cruz Vermelha o transportou da selva ao sul da Colômbia a um aeroporto civil em Florência, a 370 quilômetros da capital, Bogotá.

Ele estava sorrindo, uniformizado e com boa aparência ao ser saudado por sua família no aeroporto.

Foto: Felipe Rincón/ Portal Terra

Em seguida, foi Pablo quem libertou seu pai, Gustavo Moncayo, que desde 2007, em campanha pela libertação do filho, havia se acorrentado, prometendo só tirar os grilhões quando seu filho fosse libertado, o que acabou acontecendo ontem, terça-feira, dia 30 de Março de 2010.

Moncayo, agora com 32 anos, era quase um adolescente quando foi sequestrado por guerrilheiros que invadiram sua base de comunicações do Exército, em 1997, e o levaram para selva. Ele foi visto apenas algumas vezes em vídeos feitos pelas Farc durante seu sequestro.

A entrega de Moncayo aconteceu depois que a guerrilha, considerada uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Européia, libertou no domingo o soldado Josué Daniel Calvo, sequestrado havia mais de 11 meses, com a participação dos mesmos helicópteros das forças armadas brasileiras.

O governo colombiano estranhou que a emissora de TV venezuelana Telesur, exibisse imagens de antes da chegada do grupo de resgate, ao secretissimo local onde estava o prisioneiro, só informado minutos antes, aos pilotos dos helicópteros, que iriam buscá-lo na selva.

"Esse meio de comunicação deve explicar ao país porque estava num ponto do território colombiano em companhia dos guerrilheiros das Farc", disse o alto comissário para a paz do governo colombiano, Frank Pearl.

Reprodução vídeo

"Faltam poucas horas para reencontrar-me com minha família", dizia o refém em plena selva olhando para a câmera da TELESUR da Venezuela, e para o relógio, pouco antes da FARC o entregar a missão humanitária

Pablo abraça Laura, 5 anos, a irmã que não conhecia 
A emissora em um comunicado, disse que não foram integrantes da Telesur que gravou as imagens, que foram recebidos por correio eletrônico e acrescentou que foi apenas o primeiro a exibi-las, pois as mesmas imagens foram destinadas também a outros meios de comunicações internacionais e até colombianos.

Por fim espinafrou o governo colombiano pelas acusações e defendeu o seu direito de informar com independência, logo eles que tem uma relação promíscua com Hugo Chávez.

A guerrilha anunciou que não vai entregar os restos mortais do policial Julián Ernesto Guevara, que morreu em cativeiro, argumentando que há intensas operações militares no local onde foi sepultado. Essa versão não é aceita pelo governo.

Após a libertação de Moncayo, que as Farc classificam como um ato unilateral de paz seguirão em poder dos guerrilheiros 22 membros do Exército e da polícia que os rebeldes querem trocar por centenas de guerrilheiros presos pelo governo por meio de um acordo humanitário.

Para o governo colombiano, as entregas unilaterais e graduais são uma estratégia da guerrilha para tentar ganhar protagonismo político antes das eleições presidenciais e para tentar limpar a imagem da guerrilha vinculada ao crime organizado e ao narcotráfico.

Pablo Emilio Moncayo, antes do sequestro
O Brasil, que no começo de 2009 participou da entrega de outros seis reféns, aceitou de novo atuar como facilitador com os helicópteros e as tripulações para receber os dois militares, depois que a guerrilha aceitou as garantias de segurança apresentadas pelo governo.

As FARC aceita a participação das Forças Armadas Brasileiras na operação, pois o “confia” no governo Lula, que não reconhece os bandidos como guerrilheiros, nem toma conhecimento das suas atividades de narcotraficantes, sequestradores, assassinos e terroristas.

Eles estariam apenas pegando nas armas, como fez a candidata guerrilheira de Lula, lutando por uma democracia ao gosto deles.

Balela, pois no momento a Colômbia é uma democracia representativa dentro de todos os padrões, com todos os poderes funcionando com independência, com o povo escolhendo seus representantes pelo voto livre, um modelo democrático bem mais representativo que outros países sul-americanos.

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