3 de fev. de 2010

OPINIÃO: O debochado Sarney

Opinião
O debochado Sarney
O presidente do senado tripudia e abusa do povo brasileiro, fingindo-se inocente e puritano, abrigando-se em pronunciamentos moralistas, que nada tem a ver com o que ele representa na política brasileira, uma afronta que seria até cômica se não fosse tão trágica

Fotomonagem Toinho de Passira

Talvez o poderoso Sarney esteja falando dos códigos de ética e da moralidade da máfia, dos quadrilheiros, das gangs

Fontes: Veja – Radar Online, Congresso em Foco, Prosa&Política

No instante que declarou aberto os trabalhos do Congresso neste ano, o senador José Sarney (PMDB-AP), - o patrono dos trambiqueiros, dos apadrinhadores, dos nepotistas, o senhor absoluto do uso da coisa pública em benefício próprio, o enriquecedor ilícito mor, o cara de pau supremo - sem nenhum pudor, pregou a ética, a moralidade, como exigência primeira do trabalho parlamentar.

- Nosso trabalho exige a sedimentação de uma consciência moral de nossas responsabilidades, a obstinada decisão de não cometer erros, de jamais aceitar qualquer arranhão nos procedimentos éticos que devem nortear nossa conduta: transparência, moralidade, eficiência e trabalho – disse sem pestanejar.

Na verdade Sarney está roubando, (opa!) o estilo do presidente Lula que fala da corrupção do governo federal como se não tivesse nada com isso. Quem sabe algum incauto não possa imaginar que eles são realmente sérios e éticos, arriscam.

Foi nesse espírito que na semana de natal ao fazer um balanço das atividades do Senado em 2009, o mesmo senador José Sarney (PMDB-AP) acabou cunhando a frase do ano.

“O ano de 2009 no Senado terminou brilhantemente” – disse Sarney impunemente.

Para que ninguém esqueça o senador José Sarney, que ora vos fala em ética e moralidade passou ao longo de 2009 acusados de toda a espécie sortilégios éticos e políticos. Não podemos esquecer o escândalo dos mais de 500 atos secretos do Senado, que serviram para nomear parentes e amigos, além de criar privilégios para servidores e senadores, sob a sua batuta. Familiares e afilhados políticos do próprio Sarney foram beneficiados por essas medidas, que resultaram em inquéritos na Polícia Federal e no Ministério Público.

Veio à luz também as fraudes da Fundação José Sarney, no uso de dinheiro público, desviados da fundação para os bolsos dos Sarneys e outras tramóias cabeludas, que resultaram em 11 pedidos de investigações no conselho de ética. É verdade que essas investigações acabaram em pizza, mas ainda exalam um odor nauseabundo pelos corredores da casa.

A coisa ficou tão séria que até o performático senador Eduardo Suplicy exibiu um “cartão vermelho” ao presidente Sarney.

Talvez sejamos nós que não estamos entendendo esses discursos: Sarney possivelmente fala em moral e ética da máfia, das gangs e em ano brilhante, para a corrupção e a impunidade no senado e no Brasil como um todo.

Sei não. Acho que deviam abrir outro processo de cassação contra Sarney, por falta de decoro parlamentar, por mentir presidindo o Congresso Brasileiro, ou pelo menos pelo excesso de uso de cara de pau.


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