12 de dez. de 2009

CAPITAL DA CHANTAGEM: O jogo de Arruda para ficar no governo

CAPITAL DA CHANTAGEM
O jogo de Arruda para ficar no governo
José Roberto Arruda, o governador do Distrito Federal pilhado recebendo uma bolada indecente, tenta manter-se no cargo ameaçando inimigos e até aliados

Foto: Reuters

A cavalaria de Arruda contra os manifestantes, cenas só vistas, nos longínquos idos dos governos militares

Diego Escosteguy
Fonte: Revista Veja

O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, do DEM, resolveu algemar-se ao cargo. Acossado pelas irretorquíveis evidências de que comanda um propinoduto no governo de Brasília, Arruda recusa-se a renunciar – e vai seguindo coxo no posto, à base de chantagem e de pancada.

Viu-se a tática da brutalidade na quarta-feira da semana passada, quando a polícia de Brasília espancou manifestantes que ocupavam as ruas da capital para exigir a saída dele – na maioria, aliás, integrantes do PT e adjacências que não fizeram o mesmo no caso do mensalão de Delúbio Soares. A chantagem, por sua vez, corre em silêncio. Ela começou quando os dirigentes do DEM, diante dos estragos provocados pelas imagens do governador e assessores recebendo maços de dinheiro, ordenaram que o colega deixasse o partido.

Arruda estrilou, ameaçando revelar como a propina arrecadada no governo de Brasília também estufa os bolsos de decanos do partido. Desde então, o governador mantém em sua mira os senadores do DEM e, sobretudo, o deputado Rodrigo Maia, o presidente da legenda. Para intimidar inimigos e até aliados, Arruda tem recorrido aos métodos de seu algoz, o delegado Durval Barbosa: diz ter vídeos e provas de corrupção contra todos.

Foto: Reuters

A cavalaria de Arruda caçava os manifestantes que querem cassar o governador

Até agora não apareceu nada, mas alguns democratas entraram em pânico e, já nos primeiros momentos da crise, cederam aos desejos do governador. Arruda queria tempo. O partido deu dez dias para ele apresentar sua defesa. Era o prazo necessário para o governador obter uma decisão favorável no Tribunal Superior Eleitoral que lhe garantisse a permanência no DEM – sem que isso acarretasse prejuízo político para a direção da sigla.

Arruda garantia, sabe-se lá com quais argumentos, que o advogado Marcelo Ribeiro, ministro do TSE, iria mantê-lo no partido. O governador impetrou um mandado de segurança, mas a estratégia deu errado: apesar de cair nas mãos do ministro Ribeiro, este declarou-se impedido. O caso foi, então, parar na mesa da ministra Cármen Lúcia, que indeferiu o pedido do governador. Sem saída, Arruda deixou o DEM. Por uma questão de prazo eleitoral, ele não pode mais se filiar a outro partido – e, portanto, está impossibilitado de concorrer a qualquer cargo no pleito do ano que vem.

O governador disse que pretende dedicar-se agora a cumprir o que lhe resta de mandato. Mas talvez não haja chantagem suficiente para segurá-lo no posto. Ele enfrentará um processo de impeachment na Câmara de Brasília – e os imprevisíveis desdobramentos das investigações, que poderão esbarrar na conexão nacional que Arruda tanto alardeia nos bastidores.

Foto:Site Democratas

O elo nem tão perdido entre o DEM e Arruda atende pelo nome de Paulo Roxo, lobista apontado como "achacador" de fornecedores do governo do DF. No Carnaval deste ano, Roxo levou os deputados Rodrigo Maia e ACM Neto (foto) para passear na Itália. Tomaram bons vinhos e visitaram a pista da Ferrari, em Maranello. Antes de o escândalo vir a público, Roxo, Arruda e Maia planejavam divertir-se com a família na Disney, em janeiro.


Lamentamos estar publicando este texto. Esperamos que tudo seja desmentido de forma convincente, o mais rápido possível.

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