9 de nov. de 2009

VENEZUELA: Chávez distrai população inventado guerras

VENEZUELA
Chávez distrai população inventado guerras
Todos os domingos o presidente venezuelano usa a televisão estatal para fazer declarações bombásticas. Nesse domingo pediu aos militares e a povo que estejam prontos para uma guerra, como já havia feito em outras ocasiões. Não tem a menor pretensão de guerrear, quer criar tensão sobre o acordo Washington Colômbia e desviar a atenção dos venezuelanos para os problemas internos do país

Fotomontagem Toinho de Passira

Hugo Cháves, o senhor da Guerra, do apagão e do desabastecimento

Fontes: Estadão, El Tiempo, EFE, O Globo, BBC Brasil, Paraná Online, ABIN, BBC Brasil

Essa não é a primeira vez que num domingo Chávez ameaça a Colômbia com uma guerra. O seu programa "Alô, Presidente”, é um show televiso, como outro qualquer, precisa de novidades para atrair audiência e manter o telespectador ligado. Para o político, um palanque eletrônico permanente, para manter o eleitor sintonizado.

Em março do ano passado, durante a transmissão do programa, ao vivo e de supetão, determinou que o comandante das Forças Armadas que estava na platéia assistindo o programa, que deslocasse tanques de guerra e tropas para a fronteira com a Colômbia:

"Senhor ministro da Defesa, mova dez batalhões para a fronteira com a Colômbia para mim, imediatamente, com tanques, e mobilize a Força Aérea", disse Chávez, como quem ensina receita culinária.

Da Ilha, Fidel Castro, que faz parte permanente do show, disse: “... se ouve com força" na América do Sul as trombetas da guerra”.

Foto: Getty Images

Hugo Chávez com o diretor americano Oliver Stone em Sabaneta de Barinas, sudoeste da Venezuela, gravando cenas para um documentário, após o fracasso dos reféns da FARC

.Chávez havia preparado alguns meses antes, dezembro de 2007, um show televisivo quando guerrilheiros da FARC colombiana lhes entregariam reféns. Posava de grande líder negociador, e para tanto convocou representantes diplomáticos do continente, chamou a mídia internacional, a Cruz Vermelha e até contratou o diretor americano Oliver Stone, para documentar o seu momento glorioso. Tudo acabou num grande fiasco, nem os guerrilheiros e muito menos os reféns apareceram.

Disseram que Chávez havia prometido proteção, dinheiro para o resgate e até armas para a guerrilha, mas por algum motivo a negociação não funcionou. O presidente venezuelano culpou o colombiano Álvaro Uribe de ter impedido o resgate, fazendo manobras militares na região onde seriam feita a entrega dos reféns.

Em março, deste ano, numa operação militar espetacular, o governo Colombiano invadiu um quilometro do território Equatoriano e atacou o acampamento dos guerrilheiros da FARC. Morreram o importante líder Raúl Reyes, mais 25 guerrilheiros.

Raúl Reys, chefe da FARC, encontrado pelo exército colombiano, graças a um telefonema de Chávez(?)
A Colômbia pediu desculpas ao Equador, houve estremecimento entre os dois países e por fim Hugo Chávez sentiu-se ameaçado, porque se divulgou que fora um telefonema seu, por um aparelho tipo GPS, para o guerrilheiro, que permitiu a sua localização na selva e o conseqüente ataque mortífero.

Chávez não queria a guerra, queria que a Colômbia parasse de divulgar essa história, além de desacreditar perante a opinião pública, informações encontradas no Laptop do guerrilheiro, que comprovavam envolvimento de integrantes do governo Chávez com a guerrilha.

Novamente a nova falsa preparação de guerra desse domingo, tem dupla finalidade, a primeira é manter acessa a sua indignação da Colômbia ter assinado o tratado que permite a instalação de sete bases americanas em seu território.

Bem ao estilo programa do Ratinho, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse:

“Senhores oficiais, a melhor forma de evitar a guerra é preparando-se para ela”.

"Não percam tempo em cumprir com o dever de preparar-nos para a guerra e ajudar o povo a preparar-se para a guerra, porque é uma responsabilidade de todos”, disse e continuou em tom grave.

"Senhor comandante da guarnição militar, batalhões da milícia, treinemos. Estudantes revolucionários, trabalhadores, mulheres: todos prontos para defender esta terra sagrada chamada Venezuela".

E mandou um recado ao presidente Obama:

“Não se equivoque, senhor presidente Obama, e (não) vá ordenar uma agressão aberta contra a Venezuela utilizando a Colômbia", disse. "Nós estamos dispostos a tudo. A Venezuela nunca mais voltará a ser colônia ianque, nem colônia de ninguém.”

Na verdade diante do tratado Colombiano, Chávez está aproveitando alguns incidentes de fronteira, para transformar numa crise diplomática com a Colômbia:

Foto: Reuters

Os dois soldados venezuelanos mortos em posto de controle de fronteira, em Táchira, Venezuela

Dois militares venezuelanos foram assassinados no Estado fronteiriço de Táchira e os venezuelanos supõem ter sido obra de paramilitares colombianos, envolvidos com o tráfico e contrabando de minérios.

Anteriormente, 12 pessoas haviam sido encontradas mortas no estado de Táchira. Deste grupo, 9 eram colombianos.

O governo venezuelano afirma que se tratavam "paramilitares colombianos em treinamento" na Venezuela.

Para dar mais caldo na história, Chávez anunciou a prisão de dois agentes do serviço de inteligência colombiano, que teriam sido presos em território venezuelano fazendo espionagem. A Colômbia nega esta acusação.

O presidente venezuelano, depois de ter congelado relações diplomáticas com a Colômbia, por causa do acordo militar com os americanos, prega como se acreditasse, que a presença de paramilitares colombianos em seu território é "apenas o começo" de um "plano de conspiração", que envolveria os governos de Bogotá e Washington.

Durante seu discurso Chávez repetiu acusação de que os Estados Unidos podem utilizar as bases na Colômbia como plataforma para iniciar ataques contra seu país e tomar o controle de suas enormes reservas de petróleo.

Foto: Reuters

A fronteira fechada pela Guarda Nacional Venezuela, O trânsito de automóveis está interrompido e as pessoas estão cruzando a fronteira por baixo da ponte binacional ou utilizando-se de escadas já em território colombiano

Além das intenções rotineiras de se manter na mídia, e criar factóides, Chávez desta vez tem uma necessidade básica de manter os venezuelanos nessa expectativa de guerra, porque sua popularidade tem desabado nos últimos meses.

O presidente venezuelano não quer dá espaço para que a oposição cresça. Um estado de guerra desperta patriotismo e une o povo com seu governante.

Como no livro do Grande Irmão, “1984” de George Well. Chávez aciona uma espécie dos princípios do Ministério da Paz que cuidava da guerra perpetua, mas sem confronto.

Na ficção o mundo é dividido em três grandes superestados: Eurásia, Lestásia e Oceania. Esses três superestados estão em guerra permanente. O objetivo da guerra, contudo, não é vencer o inimigo nem lutar por uma causa, mas manter o poder do grupo dominante.

Foto: Reuters

A população recorrendo a fontes d’águas alternativas, riscos de contaminação

Dia desses Chávez apareceu na televisão pedindo para todo mundo tomar banho em apenas três minutos, dizendo que era antipatriótico ficar cantando no chuveiro.

Em seguida pediu que quando o cidadão fosse ao banheiro durante a madrugada, não acendesse a luz, usasse uma vela, ou uma lanterna.

Quer dizer que o problema energético está desesperador.

O governo agora está brigando com o uso do ar condicionado, (Caracas alcança no verão, temperaturas de 40°) passará a proibir a importação de eletrodomésticos que não possuam sistema de redução de consumo de energia e prometeu multar as grandes empresas que não respeitem o sistema de racionamento que será imposto pelo Executivo.

Com o novo regulamento para o uso do sistema elétrico o ministério de Energia Elétrica poderá pedir às empresas que geram sua própria energia que transfiram o excedente elétrico para o sistema de geração nacional de eletricidade. Caso contrário, o governo poderá intervir nas empresas para controlar a produção energética.

Chávez também orientou a aplicação de um programa de redução do consumo de eletricidade nas instituições públicas.

Foto: Associated Press

Problema da água nas favelas de Caracas

A partir de agora, os funcionários deverão desligar o sistema de ar-condicionado na hora do almoço e uma hora antes do final do expediente, com temperatura não inferior a 24 graus. Computadores, impressoras, copiadoras e similares deverão ser desligados se não estiverem em uso. As lâmpadas incandescentes terão de ser substituídas por lâmpadas econômicas.

Na segunda-feira, o organismo de documentação de estrangeiros (SAIME), que recebe milhares de pessoas diariamente, já estava em completa penumbra.

Desde a semana passada, depois que Chávez prometeu cortar em 50% o consumo de eletricidade da sede do governo, ao anoitecer, os arredores do Palácio de Miraflores permanecem em absoluta escuridão.

Sabe-se perfeitamente que a falta de energia elétrica prejudica a produção industrial e o conseqüente crescimento do país.

"Se alguém insiste em dar as costas para as necessidades do país, o governo está na obrigação de tomar o controle e cobrir as necessidades do nosso povo", afirmou Rafael Ramírez, em entrevista coletiva na sede do governo.

A oposição já fez manifestações nas principais cidades do país.

Além de fazer o numero dois no escuro, o venezuelano enfrenta, por exemplo, a falta de papel higiênico, que é caro e raro na Venezuela.

Nos próximos dias, deve ser anunciado um programa de racionamento de eletricidade para todo e país, regulando a quantidade máxima de consumo para residências e comércios. As empresas que não acatarem as regras poderão ser multadas.

Foto:

Reservatório de água “La Mariposa”, responsável pelo abastecimento de Caracas, praticamente sem água

Para tanto o governo culpa a crise de energia e de água, pela escassez de chuvas provocada pelo fenômeno climático El Niño, que teria reduzido a capacidade de geração das usinas hidrelétricas. De acordo com o serviço meteorológico venezuelano, o nível de chuvas no país é o mais baixo desde a década de 40. O governo acrescenta amenizando a crise do sistema elétrico, “que entrou em colapso”, pelo incremento de entre 6% e 8% da demanda.

Para a oposição, porém, a crise é conseqüência de falta de investimentos no setor, que foi nacionalizado em 2007. Chávez culpa os governos anteriores, embora esteja há dez anos no poder.

Foto:Reuters

Carro de combate venezuelano, na fronteira, apontado em direção a Colômbia

No mais a Venezuela continua, fornecendo pontualmente petróleo aos Estados Unidos, e recebendo dólares, comprando manufaturados na Colômbia.

Os riscos de anunciar guerras fictícias e o mesmo que tentar o suicídio: um dia por erro de cálculo alguém erra na dose, ou faz um disparo acidental.


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