13 de nov. de 2009

JAPAO - ESTADOS UNIDOS: Obama enfrenta questionamento sobre bases militares

JAPÃO
Obama enfrente questionamento sobre bases militares
No primeiro dia de um giro pela Ásia, o presidente americano chega a Tóquio para conversar com o primeiro ministro japonês Hatoyama, que na campanha eleitoral prometeu reduzir a presença militar americana no país, no momento de 47 mil marines em 86 bases espalhadas em território japonês

Foto: Reuters

E.U. presidente Barack Obama (L) reúne-se com o primeiro-ministro do Japão, Yukio Hatoyama em Tóquio, Japão

Fontes: The New York Times, Diário, AFP, Estadão

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou hoje, em Tóquio, que seu país é uma potência "pacífica" e prometeu aprofundar o envolvimento norte-americano na região.

A declaração foi feita na primeira entrevista coletiva concedida por Obama durante seu giro pela Ásia, iniciado hoje pelo Japão. Ao lado do primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, Obama declarou ainda que a aliança entre Washington e Tóquio representa "as fundações" da paz e da prosperidade na Ásia.

Obama desembarcou em Tóquio, dando início a sua primeira visita oficial à Ásia pelo Japão, o principal aliado de Washington em uma região cada vez mais dominada pela China.

O objetivo do giro do presidente norte-americano por quatro países asiáticos é fazer frente a sugestões de que os EUA estariam perdendo influência na região mais populosa do mundo por estar com a atenção voltada para problemas internos e para as guerras no Iraque e no Afeganistão.

Foto: Getty Images

Visão geral Base Aérea americana de Futenma, em Ginowan, Japão

Um dos problemas a enfrentar no Japão é a controvertida questão das bases norte-americanas em território japonês, principalmente na Ilha de Okinawa, sul do país.

O Japão é o principal aliado de Washington na Ásia desde o fim da Segunda Guerra Mundial e os dois países querem celebrar no próximo ano o cinquentenário de seu tratado de segurança.

No entanto, as relações entre os países esfriaram desde a chegada ao poder, em setembro, do governo de centro-esquerda de Yukio Hatoyama, decidido a realizar uma diplomacia mais independente, depois de décadas de alinhamento de seus antecessores, conformes às posturas de Washington.

Os EUA e o Japão constituíram um grupo de trabalho ao mais alto nível que irá concentrar-se na implementação de um acordo que os nossos dois governos acordaram no que diz respeito à reestruturação das forças dos EUA em Okinawa e esperamos completar este trabalho rapidamente», disse Obama na entrevista coletiva junto ao primeiro ministro japonês.

Hatoyama não foi simpático, mais pragmático ao afirmar:

«Este é um assunto difícil. Mas, à medida que o tempo passa, pode ainda ser cada vez mais difícil alcançar uma solução».

Em consequência de um tratado EUA-Japão de 1951, quatro anos após o fim da Segunda Guerra, 47.000 soldados americanos estão baseados em território japonês, mais da metade deles na ilha de Okinawa, onde a presença dos militares é vista como uma fonte de irritação e insegurança

Foto:Associated Press

O porta-aviões nuclear americano USS Nimitz chegando a base naval de Yokosuka, ao oeste de Tóquio, Japão

As forças americanas no Japão utilizam 86 instalações, ocupando entre 100 metros quadrados e dezenas de hectares, principalmente em torno de Tóquio e na ilha de Okinawa, a principal base logística americana no Pacífico oeste.

Foto: Reuters

Uma vista aérea mostra a base americana que ocupa 10% do território da ilha japonesa de Okinawa

O Exército americano ocupa 10% desta ilha, onde mantém 22.000 homens.

A oposição da população local à presença americana chegou ao auge em 1995, depois que três marines estupraram uma adolescente japonesa de 12 anos.

A tensão voltou a aumentar no início do mês, após a morte de uma pessoa aparentemente atropelada por um marine americano que teria fugido depois do acidente, deixando a vítima agonizante na estrada.

Em troca da presença, Washington paga generosas subvenções a Okinawa, que tem como única fonte de recursos o turismo. As pessoas contrárias à presença americana acreditam que a ilha poderia desenvolver novas atividades se os Estados Unidos restituíssem os terrenos militares.

Foto: Departamento de Defesa

Em maio, desse ano, o secretário de Defesa Robert M. Gates fez sobrevôo sobre a Ilha de Guam, durante uma recente viagem a Anderson Air Force Base, vendo as condições de transferir, 8.000 Marines de Okinawa no Japão, para cá, até 2014

Em maio de 2006, Tóquio e Washington assinaram um acordo que prevê um deslocamento global dos militares americanos baseados no Japão.

Este inclui a transferência de 8.000 marines e suas famílias de Okinawa para o território americano de Guam no Pacífico, ação financiado em bilhões de dólares por Tóquio. Também prevê a transferência da base aérea de Futenma, situada em uma zona urbana de Okinawa, para uma baía protegida no norte da ilha.

As outras grandes concentrações militares americanas estão situadas na região de Tóquio (Yokosuka, Atsugi, Yokota) e em Iwakuni, oeste da ilha principal de Honshu, a 40 km de Hiroshima.

Foto: Getty Images

No fim de semana passado, milhares de manifestantes protestaram em Okinawa, contra a presença da base americana na ilha


Nenhum comentário: