25 de out. de 2009

BOLSA FAMÍLIA: O curral eleitoral federal do Coroné Lula

BOLSA FAMÍLIA
O curral eleitoral federal do Coroné Lula

”... doutô uma esmola a um homem qui é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão...” – verso da música “Vozes da Seca” – Luiz Gonzaga e Zé Dantas

Foto:Sérgio Marques/O Globo

O aposentado rural Nestor Holanda Castro, de 63 anos, ao lado da mulher, das filhas e dos netos, em frente à casa onde todos moram juntos na cidade de Presidente Vargas, no Maranhão, todos sob tutela do Bolsa Familia

Fonte: O Globo

Num passado recente, ainda com remanescentes raros, o político interiorano no nordeste, era conhecido como Coronel. Tinha propriedades, engenhos ou empreendimentos. Por isso dispunha como eleitores fiéis, o contingente de trabalhadores sob o seu tacão. Pagava mal, praticamente escravizava o agricultor, tinha mercearia, barracões de usina, que lhe vendiam fiado, por preços exorbitantes, causando uma dependência permanente entre o empregado, sempre índividado e o patrão, o senhor feudal, credor.

O poder desses Coronéis residia nem ser empregador, a maioria das vezes a única possibilidade de trabalho na cidade ou região.

Os nordestinos submetiam-se a tudo por precisar trabalhar. Politicamente, assemelhando-se a gado e eram chamados de curral eleitoral.

Próximo as eleições os coronéis perdoavam alguns trocados nos fiados dos armazéns, servia um cosido regado a aguardente, na casa grande, bebia com os “servos” e lá pelas tantas apresentavam o deputado, o senador, o governador que estava apoiando. Prometia tantos votos quantos eram os seus empregados.

No dia da eleição fazia outra festa, distribuía uns trocados, punha os caminhões da usina a carregar eleitor. Caprichava nas fraudes, entupia as urnas dos adversários com eleitores mortos, ausentes e inexistentes. Havia matutos, um pouco mais letrado, que passava o dia todo votando.

Quando se contava os votos, os candidatos do Coronel tinham mais eleitores do que ele havia prometido.

Cheio de prestígio municipal, estadual e federal o coronel dono de tantos votos sempre eram cortejados pelos governantes, e alguns deles embevecidos do com o próprio poder entraram na carreira política.

Segundo reportagem de Regina Alvarez na edição deste domingo do jornal O GLOBO nas 85 cidades do país com maior cobertura do Bolsa Família, só 1,3% da população trabalha com carteira assinada e o emprego formal é praticamente inexistente.

Em Presidente Vargas, no Maranhão, contam-se nos dedos de uma mão empregos com carteira assinada no setor privado. O município tem 10 mil habitantes e 2.292 domicílios; 1.832 famílias (80%) recebem o auxílio do governo e só quatro pessoas têm emprego com carteira, segundo o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho.

A reportagem mostra ainda que, entre os cem municípios com maior cobertura do programa, 85 têm informações disponíveis sobre emprego formal. Juntos, abrigam um milhão de habitantes e 259 mil domicílios, sendo que 184,3 mil famílias (71%) recebem o Bolsa Família.

Já os empregos com carteira assinada no setor privado somam 14,1 mil, o equivalente a 1,3% dessa população.

Ainda segundo a reportagem, os beneficiários do Bolsa Família em Presidente Vargas não estão no mercado formal nem no informal. O programa mantém as crianças na escola, mas a maioria das famílias está acomodada com o benefício, que varia de R$ 22 a R$ 200. Elas têm medo de perdê-lo ao adicionar outra fonte ao rendimento familiar. Assim, não demonstram interesse em cursos de qualificação profissional.

- Relutei em aceitar a ideia, mas é a realidade. As famílias estão acomodadas, e não tem sido fácil tirá-las da acomodação. Acreditam que podem se manter com cento e poucos reais - afirma Ivete Pereira de Almeida, secretária de Assistência Social da prefeitura de Presidente Vargas.

Foto: Sergio Marques/O Globo

Nas cidades sem agencias bancárias, o Bolsa Família é pago pela Caixa por meio de máquinas instaladas em pequenos comércios, que dão um jeito de cobrar pelo serviço, além de vender fiado tendo o cartão benefício como garantia. Na maioria dos casos, são os comerciantes que digitam a senha do cartão do beneficiário e boa parte do dinheiro já fica por ali para pagar a "compra fiado", lembrando as histórias antigas dos velhos barracões de usina. (Veja matério completa no O Globo)

Por analogia direta constata-se que o Bolsa Família transformou o presidente Lula num desses coronéis do passado, com algumas vantagens: o grande curral eleitoral federal formado pelos beneficiário do Bolsa Família, não precisa e não deve trabalhar, não deve tentar ter nenhuma outra renda, pois pode perder o auxílio, quanto mais penúria, miserabilidade e filhos famintos, melhor.

O governo está cultivando um contingente de brasileiros, que recebem pela inércia, o ócio, a imobilidade. O mesmo Bolsa família que sustenta os guerrilheiros do MST, torna dependente milhares de brasileiros, acomodados na própria miséria, com serventia apenas, para no dia da eleição ser eleitor do Coroné Lula.


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