28 de set. de 2009

HONDURAS: Americanos tiram apoio a Zelaya

HONDURAS:
Americanos tiram apoio a Zelaya
Na hora em que o governo de fato de Honduras, decretou suspensão das liberdades individuais e limitou a imprensa, na reunião para discutir crise, na Organização dos Estados Americanos, o representante dos Estados Unidos condena a ida do ex-presidente a Tegucigalpa

Foto: Getty Images

Militar hondurenho diante da emissora de TV fechada pelo governo por divulgar as propostas de Zelaya “incitando o ódio e à violência”

Fontes: G1, Estadão, El Heraldo, La Prensa, The New York Times

O embaixador dos Estados Unidos na Organização dos Estados Americanos (OEA), Lewis Amselem (foto), qualificou hoje como "irresponsável" a volta do presidente deposto, Manuel Zelaya, a Honduras. "O retorno do presidente Zelaya, sem um acordo, é irresponsável e não serve nem aos interesses do povo hondurenho nem àqueles que buscam o restabelecimento pacífico da ordem democrática em Honduras", afirmou.

Lewis Amselem exortou o governo de fato a conduzir a segurança com "moderação e cautela" e pediu que Zelaya "exerça liderança" e inste seus partidários a manifestar seus pontos de vista de forma pacífica.

Ele disse que os EUA pediram em diversas ocasiões para que Zelaya não voltasse a Honduras antes de um acordo político por causa da possibilidade de agitação.

"Tendo escolhido, sem ajuda externa, voltar sobre seus termos, o presidente Zelaya e aqueles que facilitaram a sua volta guardam responsabilidade particular pelas ações de seus apoiadores", afirmou a autoridade norte-americana.

O presidente dos EUA, Barack Obama, vem sendo criticado pelos conservadores americanos, por pressionar o governo de Micheletti e apoiar um aliado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Foto: Divulgação OEA

Reunião do Conselho Extraordinário da OEA para discutir crise em Honduras

A Organização dos Estados Americanos convocou nesta segunda-feira, 28, uma reunião urgente do Conselho Extraordinário para discutir a crise em Honduras.

No domingo, o presidente Roberto Micheletti não permitiu a entrada de uma missão diplomática da OEA no pais, disse que não era o momento oportuno para permitir a entrada dos diplomatas em Honduras.

O secretário-geral da OEA, José Miguel Inzulza, condenou a atitude de Micheletti. A missão dos diplomatas do órgão era preparar uma visita de diversos chanceleres e do próprio Inzulza ao país para discutir a crise.

"Decisões como esta dificultam seriamente os esforços para promover a tranquilidade social em Honduras e a busca para soluções desta crise", disse o secretário-geral.

Ministros do governo hondurenho, disseram que com esse governo não foi reconhecido pela OEA, e o seu embaixador foi expulso da última reunião agora não se sente obrigado a aceitar determinações e acompanhamento da Organização destinada a coordenar as atividades das nações americanas.

Foto: Getty Images

Soldados apagam as pichações feitas pelos partidários de Zelaya, nas proximidades da embaixada brasileira

O governo de Micheletti resolveu sair da defensiva diplomática e partir para o ataque e considerou corretamente que devido a situação de pré guerra civil que se encontra o país, utilizar-se de dispositivos constitucionais, pondo a nação em Estado de Sitio.

Assim ficaram suspensas as liberdades individuais e a imprensa pode ser censurada. Uma rádio oposicionista foi invadida e tirada do ar. Tropas do Exército patrulham vários pontos de Tegucigalpa. O direito de reunião e de habeas-corpus foi suspenso.

No domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou firmemente o ultimato dado pelo governo de Honduras para que o Brasil defina em dez dias o status do presidente deposto Manuel Zelaya, abrigado há oito dias na embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

"O governo brasileiro não acata o ultimato de um golpista, usurpador de poder", disse Lula, irritado, em entrevista na Ilha de Margarita, durante a reunião de cúpula de 65 países da América do Sul e da África.

Em um comunicado, a chancelaria do governo hondurenho afirmou, no sábado, que seriam tomadas "medidas adicionais conforme o direito internacional" se o ultimato não for atendido. Ontem, o chanceler Carlos López explicou, numa entrevista em Tegucigalpa, que, nesse caso, os diplomatas brasileiros serão expulsos do país.

"O prédio que hoje é a embaixada do Brasil passará a ser apenas um escritório", disse López. Ele também anunciou que as embaixadas da Espanha, da Argentina, do México e da Venezuela - que, como o Brasil, retiraram seus embaixadores de Honduras - terão de retirar imediatamente seus emblemas e escudos, das fachadas dos prédios e os documentos emitidos pelo governo que lhe dá imunidade diplomática perderam a validade.

Foto: Getty Images

Cerca de 300 soldados encapuzados cercaram o edifício Rádio Globo que apoiava Zelaya, derrubaram a porta principal, no terceiro andar e confiscaram os equipamentos da emissora. Os funcionários saltaram pelas janelas para escapar da prisão

Forças de segurança leais ao governo de facto de Honduras invadiram e fecharam nesta segunda-feira, 28, a Rádio Globo de Tegucigalpa, um dos poucos veículos de comunicação do país favoráveis ao presidente deposto, Manuel Zelaya. A TV Cholusat Sur, que também mantinha uma linha opositora está cercado por militares e saiu do ar. No domingo, o governo de Roberto Micheletti decretou um estado de sítio que proibiu liberdades individuais e limitou a imprensa.

De acordo com o decreto do estado de sítio, o governo pode suspender meios de comunicação que "atentem contra a paz e a ordem pública". A rádio Globo e a TV Cholusat Sur, únicos veículos que não apoiaram o golpe, foram tirados do ar em várias ocasiões nos últimos três meses. As duas emissoras têm divulgado declarações de Zelaya e convocam seus partidários às manifestações.

Foto: Getty Images

Isolado na embaixada do Brasil, Zelaya não tem mais como transmitir mensagens aos seus partidários, depois que a emissora de TV e o Rádio que lhes dava apoio, foram tirados do ar

O ministro do Interior do governo, Oscar Matute, disse que a liberdade de expressão pode ser restringida para preservar a segurança nacional. "Não se trata de coibir a liberdade de expressão, mas sim de que, se há um meio que está incitando ao ódio e à violência, é um dever impor-lhe um basta", disse em entrevista telefônica à Reuters.

"Há um par de meios de comunicação (...) que o que têm feito é semear a discórdia (...). Isso nos parece que deve ser regulado", disse Matute.

Há uma forte presença militar nas ruas da cidade.

Foto: Reuters

Partidários de Zelaya proibidos de fazer passeatas pela cidade, hoje a tarde, fazem manifestações, sentados no meio da rua

Muitos caminhões do Exército patrulham os principais pontos de Tegucigalpa. Partidários de Zelaya se concentram na Universidade Pedagógica Nacional Francisco Morazán, de onde deve sair uma manifestação contra o governo. A polícia ainda não interviu, mas se teme que quando a manifestação avance haja repressão. Ontem, o comissário Orlin Cerrato disse que eles iriam usar toda força de dissuasão contra qualquer ato político.


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