18 de jul. de 2009

Homens-bombas hóspedes explodiram hotel em Jacarta

Homens-bombas hóspedes explodiram hotel em Jacarta Indonésia volta a ser alvo de terrorismo, quinze dias após a reeleição do presidente Yudhoyono que havia restaurado a confiança internacional no país

Foto: Dita Alangkara/AP

A fachada do hotel Ritz-Carlton destroçada pela violenta explosão

Fontes: The New York Times, Reuters, AFP

Nove pessoas mortas e dezenas feridas foi o resultado de um ataque com duas bombas que explodiram com pouco intervalo de diferença nos luxuosos hotéis JW Marriott e Ritz-Carlton, na área que é o centro dos negócios em Jacarta.

Pelo menos um dos homens-bomba que atacaram dois hotéis dos mais sofisticados na capital da Indonésia, nesta sexta-feira, eram hóspedes de um deles havia alguns dias, passando-se por visitantes para romper o esquema de segurança.

Depois de quatro anos sem incidentes desse tipo, que se seguiram a uma onda de atentados atribuídos ao grupo Jemaah Islamiah, ligado à rede Al-Qaeda, os atentados desta sexta-feira abalaram a confiança na eficácia da segurança nos hotéis e outros alvos em potencial.

Foto: Lydia Ruddy/Reuters

Pessoas fugiam apavoradas logo depois da explosão, no Marriott Hotel seguida de outra no Ritz-Carlton, quase simultaneamente

Levou anos para que Bali se recuperasse de um atentado devastador em 2002 em sua principal área turística, no qual morreram 202 pessoas, na maioria estrangeiros.

A polícia afirmou que os explosivos do Marriott foram plantados por pessoas que haviam se hospedado ali e provavelmente armaram a bomba em seu quarto.

"O quarto 1808 tinha se tornado o posto deles desde o dia 15", disse o chefe da Polícia Nacional, general Bambang Hendarso Danuri, em entrevista à imprensa.

Embora ele não tenha estabelecido uma conexão direta com o Jemaah Islamiah, Danuri afirmou que as bombas foram feitas da mesma maneira que um dispositivo encontrado recentemente em Java Central, e que não explodira.

Foto: Getty Images

Polícias e ambulância e curiosos misturam-se em frente do hotel JW Marriot após a explosão nos hotéis de luxo.

Uma das questões a ser investigada é como os atacantes conseguiram passar com explosivos e detonadores pelos controles de segurança que se acreditava serem os mais severos do país.


Vendo-se o interior o hotel tem-se noção do poder destrutivo dos explosivos empregados.
As forças de segurança indonésias centraram hoje as investigações dos atentados com bomba cometidos nesta sexta-feira em dois de hotéis Jacarta e que mataram nove pessoas na análise do DNA dos restos dos dois suicidas explodiram os artefatos, informou a Polícia.

Os agentes também fazem averiguações no quarto 1808 do hotel JW Marriott, no qual foi encontrado material explosivo e uma terceira bomba pronta para ser detonada, mas que foi desativada a tempo no "centro de operações" do último ataque islâmico na Indonésia.

Segundo a Polícia, tanto a bomba que não explodiu como as duas que foram detonadas tinham pregos, porcas e parafusos para aumentar o efeito, e são "idênticas" a outras utilizadas anteriormente pela Jemaah Islamiya, o braço da Al Qaeda no Sudeste Asiático.

Por enquanto, nenhum grupo terrorista assumiu a autoria do atentado, e o Governo não apontou ainda supostos culpados.

Analistas afirmam que uma facção de radicais dissidente da Jemaah Islamiya e liderada pelo malaio Noordin Mohammed Top teria cometido os ataques.

Foto: Getty Images

Funcionários do Ritz-Carlton hotel observam ação dos bombeiros e policiais após a explosão

Top, a quem as forças de segurança consideram um especialista na fabricação de bombas, é acusado de participar, entre outros, dos atentados de Bali de 2002, o pior ataque do grupo radical e que deixou 202 mortos.

Foto: Reuters

Uma das vítimas, hospede do hotel, é retirada, minutos depois da explosão

Por enquanto, entre os mortos já foram confirmados quatro estrangeiros -dois australianos, um neozelandês e um cingapuriano-, e muitos outros estão entre os feridos

Foto: Reuters


O corpo de uma das nove vítimas fatais sendo retirado do hotel

Yudhoyono, um dos melhores governantes do mundo


Yudhoyono é um General da reserva, com uma irretocável reputação de honestidade pessoal

Fonte: Coluna do Caio Blinder

Há duas semanas Caio Blinder, na sua coluna, falava da reeleição certa, do presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, o governante de um país que é a mesmo tempo uma das maiores economia emergente e uma das maiores populações do mundo.

O presidente indonésio conseguiu manter um crescimento vigoroso em 2009 (talvez de até 4%), apesar da encrenca econômica global, controlando os gastos públicos e lançando uma bem sucedida cruzada contra a corrupção, botando gente do alto escalão político e econômico na prisão.

Dizia o colunista na ocasião, que com a maior população islâmica do mundo, este arquipélago de 17 mil ilhas e 240 milhões de habitantes (quarta posição no planeta) no sudeste asiático seja promovido ao time do Bric, das maiores economias emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia e China.”

Em entrevista ao "Wall Street Journal", antes da reeleição, o presidente Yudhonoyo reconheceu que será muito difícil manter um caminho ascendente sustentável, diante da corrupção estrutural, uma burocracia intragável e uma elite empresarial íntima do poder. (Parece que estamos falando de nós)

Para o segundo mandato, ele promete inclusive um ministério de tecnocratas e não mais distribuir postos para políticos sem qualificação técnica, como aconteceu no seu primeiro mandato de cinco anos. (Não consegui, mas seu novo ministério é bem mais técnico que o anterior.)

Desde que o regime do general-ditador Suharto, um dos maiores corruptos do mundo, teria roubado US$ 35 bilhões dos cofres públicos, segundo estudo do Banco Mundial, desmoronou durante a crise econômica asiática, a instabilidade política e econômica persistiu na Indonésia, sob um regime democrático, até a arrasadora eleição de Yudhoyono em 2004.

Não se vai endeusar o presidente indonésio, embora sejam invejáveis seus pendores reformistas e de limpeza do sistema político. “A plataforma de combate à corrupção foi pedra de toque da campanha eleitoral de Yudhoyono há cinco anos, mas no começo os alvos eram seus opositores. A varredura tornou-se mais ampla e na véspera das eleições quando foi condenado por corrupção um ex-presidente do Banco Central, sogro do filho do presidente.”

“A arma do Yudhoyono é a Comissão de Erradicação da Corrupção, estabelecida em dezembro de 2003, antes de sua eleição. A reputação da comissão cresceu nos últimos anos, alcançando uma extraordinária taxa de 100% de condenação (143 casos envolvendo parlamentares, governadores, prefeitos, juízes e funcionários públicos em geral).”

“A comissão é uma agência quase independente, com mandato para investigar e processar crimes que causaram espetaculares prejuízos públicos. A jurisdição desta comissão expira em dezembro e no Parlamento da Indonésia se arrasta o debate sobre um novo mandato. O ex- diretor da agência é suspeito de envolvimento em homicídio num triângulo amoroso.”

Nenhum país é uma ilha de perfeição, muito menos o arquipélago da Indonésia, que agora voltar a ter que enfrentar o fantasma do terrorismo.


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