17 de mai. de 2009

CPI Petrobras: nem a salvação nem o fim do mundo

CPI Petrobras: nem a salvação nem o fim do mundo
A Petrobras não será investigada com profundidade pela próxima CPI, o governo não vai deixar, a oposição não está com esses ânimo todo e é uma tarefa complicada

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Lula apossou-se da Petrobras como se a estatal fosse uma empresinha familiar de fundo de quintal da família Silva

Fontes: Reuters , Blog do Alon

A caixa preta da maior empresa brasileira, quando aberta exalará um mau cheiro insuportável de desmando, corrupção, uso de dinheiro público para eleições, custos publicitários superfaturados e desnecessários, má gestão do governo nos negócios da empresa, e roubo puro e simples, como o fez o Victor Martins irmão do Ministro Franklin Martin, que não deve ser o único.

Pena que os senadores e deputados não sabem ou não querem investigar. Como nas outras CPIs acabam desperdiçando tempo com interrogatórios eleitoreiros, são sufocados pelos prazos curtos e normalmente acabam em pizzas monumentais, do jeito que o governo quer.

Com maioria esmagadora, o governo acaba instalado na presidência dos trabalhos, na relatoria e em maior número no plenário, uma tropa de choque pronta para barrar qualquer caminho desagradável, que a investigação possa vir a trilhar.

O governo preferia que a CPI não acontecesse, porque para manter essa maioria na sala de investigação, vai ter que conceder mais benefícios, verbas e vagas em estatais, ao PMDB e partidos aliados, que nessas horas, tem maior ou menor apetite investigatório, dependendo das benesses que saírem do cofre governamental.

Em resumo, o governo sabe que para manter a CPI funcionando ao seu gosto, custa caro e dá trabalho. Mas não tem motivo para temer, as falcatruas mais cabeludas, não serão mais expostas à luz do sul, do que já foram até o momento.

O Tribunal de Contas e o Ministério Público tem sido mais eficiente para fazer tais investigações, que nem sempre obtém o sucesso desejado, por entraves na justiça e as dificuldades de se processar e condenar parlamentares, devido ao foro privilegiado.

Foto: FabioRodriguesPozzebom/ABr

A saia justa da oposição, Heráclito posto na presidência no fim da tarde para constranger a oposição e como constrangeu

Desta vez, o governo conseguiu até uma vitória antecipada, antes da CPI começar: aquela cena deplorável, de um senador dos Democratas, Heráclito Fortes, num fim de tarde, posto lá pela máfia Sarney Renan, para impedir que o PSDB, conseguisse que fosse feita a leitura da instalação da CPI na quinta feira, produziu profundo efeito de dicotomia na oposição, fato altamente agradável ao governo, num ano pré-eleitoral.

Afinados e cínicos, Dilma e Lula manifestaram-se passando para a oposição, as responsabilidades futuras de dificuldades que a Petrobras venha a ter no futuro, como já está tendo, em obter recursos no mercado mundial, como efeito da CPI.

Os investidores estrangeiros de peso, que podem emprestar dinheiro, sabem mais sobre os desmandos do governo Lula e os desvios da empresa, que qualquer CPI pode vira a descobrir.

A negociações do gás e Evo Morales, a venda a preço de banana da refinaria que a Petrobras tinha na Bolívia, a politização das diretorias da empresa, o uso de verbas publicitárias para fazer propaganda de governo, as decisões mais política que técnicas, tomadas pela empresa nos últimos anos, deram bem mais prejuízos acionários a nossa empresa petrolífera que qualquer CPI possa provocar.

O colunista Alon Feuerwerker do Correio Braziliense comenta dois aspectos interessantes:

”Ora, nada como uma CPI para neutralizar, ou pelo menos constranger, os movimentos eleitorais da empresa ao longo do processo sucessório do ano que vem. Qualquer candidato gostaria de ter com ele o poder de fogo da Petrobras. Em que aspectos? Por exemplo, junto aos fornecedores da empresa. Não sendo possível tê-la com você, então que se limite a ação dela a favor do adversário.”

”É impatriótico, como disse Luiz Inácio Lula da Silva antes de embarcar rumo ao Oriente Médio e à China? Depende do ângulo de visão do observador. Você discorda? Então responda, honestamente: estivesse o PSDB no governo e o PT na oposição, e se as circunstâncias fossem as mesmas, os senadores do PT assinariam ou não a convocação da CPI da Petrobras nesta véspera de ano eleitoral?”

Na próxima semana o show vai começar, o circo da CPI vai abrir suas portas, e começar o espetáculo da maior pizza petrolífera do mundo.

Não percam.

Pernambucano frouxo? Nunca tinha ouvido falar
Quase ninguém sabe, e é melhor que continue assim, acontece que esse senador Buarque nasceu em Pernambuco, mas...

No apagar das luzes o governo ainda conseguiu outro feito: o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) retirou sua assinatura do pedido de CPI, atendendo um pedido telefônico feito por Lula.

Mesmo que o gesto não tenha conseguido barrar a CPI, destruiu a imagem do senador, que deve ter esquecido pela longa ausência, como se comporta um pernambucano, em ocasiões como essa.

Poderia não ter aderido e não ter assinado. Mas posta assinatura, deveria morrer defendendo o direito de mantê-la.

Comentam que o preço foi uma vaga na ONU, antes a gente ia dizer que era mentira, agora ....

Como professor, bastava ler a história de Pernambuco, e espelhar-se na honra das mulheres Heroínas de Tejucupapo diante do inimigo holandês.

É bom o senador lembrar que por muito menos a gente enforcou Domingos Fernandes Calabar, que tinha explicações bem melhores que as suas.


2 comentários:

Anônimo disse...

A primeira sensação para maioria dos brasileiros, incluído o presidente Lula, é não mexer com a melhor empresa do país. Se houve alguma irregularidade, não tem importância, temos que fazer a vista grossa. O mundo não tem que saber de nada.

Mas infelizmente nos bastidores desta empresa tem acontecido um fato triste que as pessoas não sabem:

Nesta época de globalização os funcionários de empresas multinacionais como a Petrobras têm que saber falar pelo menos uma segunda língua. Na cidade de Rio de Janeiro encontra-se a sede desta empresa com milhares de pessoas. Isso impulsionou, durante anos, a abertura de várias escolas de idiomas, criando muitos postos de trabalho.

Agora a direção do Sr. Sérgio Gabrielli impôs uma nova lei, decidiram trabalhar apenas com alguns poucos cursos escolhidos arbitrariamente por eles.

Num país democrático, e principalmente numa empresa do estado, os funcionários têm que ter o direito de escolher com quem gostariam de estudar.

Eu peço aos Senhores senadores da CPI que investiguem qual foi o verdadeiro motivo desta decisão, o método escolhido na seleção dos cursos e o número exato de brasileiros que vão ficar sem trabalho.

Atenciosamente,

João Pedro da Silva

Joseph Shafan disse...

Há mais: onde a empresa tem participação acionária (Quattor, Brasken, etc) a Petrobras está migrando de seu próprio plano de previdência (Petros) para outros planos (tiro no pé? desconfiança na sua própria administração? interesses excusos?).