23 de abr. de 2009

Evo Morales não quer investigação internacional

Evo Morales não quer investigação internacional

Foto: AP

Fontes: La Prensa , Jornada Net , BBC Brasil

A história do atentado ao presidente da Bolívia tem versões conflitantes questionadas não só na Bolívia, mas em países de onde os supostos terroristas são oriundos, mas não se pode negar que algo estranho estava acontecendo na província de Santa Cruz.

O presidente boliviano Evo Morales, numa entrevista coletiva a correspondentes estrangeiros, rechaçou qualquer possibilidade de uma investigação internacional, sobre a morte e prisão dos supostos terroristas, em Santa Cruz de la Sierra, como pediu os governos da Hungria, Croácia e Irlanda, pátrias dos acusados de envolvimento pela Bolívia.

Mais que isso, Morales considerou como "muito grave" que as autoridades desses países, defendam mercenários mortos pelo exercito do seu país, que planejavam assassinar, entre outros, o próprio presidente Evo Morales, mais o vice-presidente Alvaro García Linera, o ministro Juan Ramón Quintana e o governador de Santa Cruz, o líder oposicionista Rubén Costas.

Durante a operação, na semana passada, a polícia boliviana matou, segundo informações oficiais, o boliviano Jorge Eduardo Rózsa, que morou na Hungria e na Croácia, o irlandês Michael Martin Dwyer (fotos) e romeno de origem húngara Magyarosi Árpád e prendeu ainda o boliviano, com nacionalidade croata, Mario Francisco Tadic, e o romeno-húngaro Elöd Tóásó.

Uma das supostas vítimas, o governador de Santa Cruz, Rubén Costas, acredita que seu nome está na relação para dar credibilidade à versão do governo federal, e pede também que organismos internacionais participem das investigações das mortes.

"Denunciamos diante da comunidade internacional que na Bolívia estão violentando perigosamente o Estado de Direito e pedimos a participação de organismos imparciais que participem desta investigação", disse Costas num comunicado.

Foto: AP

O embaixador da Hungria na Argentina, Matyas Jozsa, visitou na prisão de São Pedro, o cidadão húngaro Elöd Tóásó ,acusado de pertenece ao grupo terrorista que planejava assassinar o presidente Morales

>"Quero expressar minhas dúvidas. (...) por enquanto não temos informações oficiais suficientes para acreditar que as pessoas assassinadas, durante a noite, por um comando policial, preparavam um atentado", afirmou o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Balazs.

Na mesma linha o chanceler irlandês, Micheál Martin, afirmou que "a situação é muito confusa e existem versões contraditórias sobre o que ocorreu e reafirmou que solicitará à Bolívia uma "investigação internacional" para esclarecer o caso.

Foto: Reuters

Dois homens acusado de estarem por trás dos atos terroristas são levados sob forte escolta para o presídio de San Pedro, um deles está com uma garrafa de Coca-cola

Por sua vez, o vice-presidente boliviano Alvaro García afirmou que esta suposta célula extremista é só um "tentáculo" de uma organização com uma estrutura "que envolvia pessoas ligadas ao setor empresarial e político". Enquanto a agencia de notícia do governo diz que há possibilidade dos supostos extremistas terem contado com a colaboração de ex-militares argentinos.

Um dos supostos terroristas mortos na operação deixou uma entrevista, para ser divulgada caso morresse na Bolívia, onde afirma que não tinha planos de atacar o governo do presidente Evo Morales. De acordo com a conversa transmitida pelo canal húngaro MTV nesta terça-feira, Eduardo Rozsa Flores foi chamado para organizar um exército de resistência em Santa Cruz e defender a cidade contra um possível "ataque".

- Começou a se configurar uma situação no país em que há medo de não poder se defender de uma violência, depois de utilizados todos os instrumentos políticos. Se daqui alguns meses não houver autonomia do congresso, poderemos declarar a independência e fazer um novo país - disse Flores na entrevista realizada em setembro de 2008, antes de viajar à Bolívia.

- Não é sobre ir para a selva na Bolívia e brincar de Che Guevara. Primeiro porque não gostaria de morrer - ressaltou.

Boliviano de nascença, Flores possuía nacionalidades húngara e croata, era jornalista e escritor, tendo trabalhado como correspondente para a BBC, e produtor de cinema, além de ter lutado na guerra de independência da Croácia no início dos anos 1990.

Foto: Arquivo

- Nunca fui um mercenário e nunca serei - disse Eduardo Rozsa Flores.

- A relação das duas partes do país está muito ruim. O governo pode tomar conta do leste para manter o país unido. Eu não vou para lá para atacar ou ajudar a organizar um ataque a La Paz e a deposição do presidente, porque eu não tenho nada com La Paz. Repito, trata-se de organizar a defesa e a resistência - disse o suspeito morto pela polícia boliviana.

Na entrevista, Flores afirma que pretendia entrar na Bolívia pelo Brasil e negou que fosse um soldado "pago".

O suposto terrorista explicou também que não tinha medo de morrer, porque, se acontecesse alguma coisa com ele em sua terra natal, "era assim que estava escrito".

No vídeo, o jornalista que o entrevistou mostra uma foto que Flores mandou logo que chegou na Bolívia em frente de uma faixa escrito: "somos Autônomos, força Santa Cruz, sigamos fazendo história". Em outra foto, ele está em frente a uma faixa com "digamos não à violência e sim ao entendimento."


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