12 de fev. de 2009

O LADO POLÍTICO DA LIBERTAÇÃO DOS REFÉNS DAS FARC  

Fotos: Reuters
 
Juan Manuel Santos, ministro da Defesa da Colômbia e candidato a sucessão de Uribe

Fontes: ANSA Latina

O ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, um dos presidenciáveis nas eleições do próximo ano, afirmou que a libertação unilateral de seis reféns feita pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na última semana tem a "intenção política" de influenciar nas eleições presidenciais de 2010.

As Farc, "com as ações políticas, libertando sequestrados a conta-gotas, querem se colocar em uma situação onde possam influenciar nas próximas eleições, como já fizeram em eleições passadas".

Todo mundo sabe que as FARC vão lançar como sua candidata a presidente da Republica a senadora Piedad Cordoba Ruíz, que participou dos resgates dos reféns e é a maior adversária política de Uribe.
A ação unilateral gerou pedidos ao governo do presidente Álvaro Uribe para que avancem as negociações para um intercâmbio humanitário. Uribe é atacado pela entidade "Colombianos pela Paz", que defende a solução pacífica do conflito armado interno. O governo é acusado de buscar uma "solução militar" para o conflito, em vez de negociar pacificamente.

O ministro da defesa, Juan Manuel Santos considerou hoje a intenção das Farc é influir na "psique colombiana" para gerar "ansiedade por uma negociação de paz" e assim, sugerir um possível candidato presidencial com quem estariam dispostos a negociar o acordo de paz.

O ministro afirmou que este é o caminho para o "engano", e lembrou uma frase comum de Uribe, quando se refere às Farc, apelando a um dito popular: "Não se castra um cão duas vezes. Já estamos prevenidos", afirmou.

Segundo Santos, as Farc são uma "cobra" que "continua viva, está ferida e desprezada, e as feras desprezadas são as mais perigosas".

A propósito um vídeo divulgado pela Farc, após a entrega dos reféns, mostra o líder máximo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), conhecido como "Alfonso Cano", dizendo que o resgate da franco-colombiana Ingrid Betancourt foi coordenado por Israel e só foi possível graças à traição de dois guerrilheiros.

Foto: AFP/Getty Images

A gravação, divulgada pelo site da revista "Semana" é a primeira com imagens de Cano desde que ele assumiu a chefia da guerrilha em abril passado, foi feita em agosto.

No vídeo, o guerrilheiro diz que o resgate de Betancourt, três americanos e 11 militares e policiais colombianos foi "dirigido pela inteligência de Israel e executado a partir da traição de dois comandantes" das Farc.

Cano diz que o resgate, ocorrido em 2 de julho de 2008, foi um episódio "nada excepcional" e que o Governo não faz referências ao "uso de emblemas" do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), da rede de TV "Telesur" e de ONGs de outros países na operação.

"Para parafrasear um presidente dos Estados Unidos", a "Operação Xeque" foi "um sucesso que teve muitos pais, embora a violação das normas internacionais tenha ficado órfã", acrescenta na gravação.

Comentário: Interessante como esses bandidos que matam, seqüestram, roubam e vendem industrialmente drogas para todo o mundo, exigem que ao combatê-los os governantes sigam todas as regras internacionais. Claro que um governo democrático e legal não deve partir para a ilegalidade e quebra de regras humanitárias quando combate os criminosos, mas também não se pode ser ingênuo em ficar jogando limpo o tempo todo quando o adversário dá golpes abaixo da linha da cintura.

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Postados por Toinho de Passira